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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O GRANDE CULPADO


Richard Simonetti

richardsimonetti@uol.com.br

Wilson Salustiano, em traje leve, sentiu o frio intenso ao deixar o cinema, perto de meia-noite. A brusca queda de temperatura encontrara muita gente desprevenida. Dirigia-se em passos rápidos para seu automóvel, quando deparou com um homem sentado à porta de estabelecimento comercial, tentando proteger-se do vento gelado com algumas folhas de jornal. Num impulso, falou-lhe:

– Olá, meu velho! Treinando para picolé?

Logo notou que a situação não era para brincadeira. Ele tossia muito, todo encolhido, encostado na porta fechada. Parecia febril… Se ficasse ali na madrugada não resistiria.

Perguntou-lhe onde morava. O estranho respondeu-lhe, em voz débil, que viera do sítio à procura de tratamento para um mal do peito. Chegara há pouco. Sem dinheiro, não tinha onde se abrigar.

Wilson resolveu ajudá-lo. Usando o celular, ligou para o albergue noturno. O atendente informou que não haveria problema em recebê-lo. Ofereceria até alguma medicação. No entanto, era preciso levá-lo, porquanto a instituição não dispunha de viatura à noite. Sugeriu que pedisse a colaboração da polícia ou do hospital.

O samaritano improvisado titubeou, ante a dificuldade inesperada. Ainda assim fez mais duas ligações. Resposta negativa. Aqueles entidades não podiam atender. Havia problemas naquela noite.

Wilson aborreceu-se.

– Assim não é possível! Ninguém colabora!…

Dando o assunto por encerrado foi embora rápido, que o frio estava implacável.

Pela manhã o lojista encontrou à porta um homem sem vida. O sitiante morrera de frio.

De quem foi a culpa?

Do albergue, do hospital, da polícia, que deveriam adequar-se melhor ao cumprimento de suas funções.

O culpado, maior, entretanto, foi nosso herói, Wilson Salustiano. Ele, sim, naquele exato momento em que contemplou o homem tiritando de frio, tinha condições para socorrê-lo. Estava ali, via o problema, tinha a iniciativa, sabia como resolvê-lo: bastava conduzi-lo em seu próprio automóvel.

Talvez isso lhe causasse constrangimento. Afinal era praticamente um mendigo, roupas em desalinho, encardidas… Talvez portasse doença contagiosa! Tal constrangimento seria mais criminoso que a própria omissão, por discriminatório e preconceituoso. Mas havia outra solução: pagar um taxi, ou não vale a vida humana mais do que o preço de uma corrida?

Exalta-se muito a caridade. Todas as religiões são concordes em afirmar que o esforço em favor do semelhante é roteiro infalível de uma vida melhor.

Raros, entretanto, se dispõem a levar avante seus propósitos nesse sentido. É que começam entusiasmados e cheios de boa vontade, mas em breve desistem ao constatar que não é fácil praticar o Bem, porquanto exige esforço, renúncia, sacrifício, desprendimento e, sobretudo, uma inabalável disposição de servir.


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