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sábado, 28 de novembro de 2009

A autoridade de Nísia Floresta Brasileira Augusta


Wellington Balbo



Extraído do livro Lições da História Humana



Sim, as mulheres são gente! Têm medo, alegria, dor, sentem...

Amam, desgostam ,perdem, ganham... são gente!

Sim, não à escravidão!

Sim à liberdade e à vida!

Por uma sociedade mais justa lutou Dionísia Gonçalves Pinto, que anos mais tarde tornaria-se conhecida como: Nísia Floresta Brasileira Augusta, talentosa escritora, poetisa, educadora... mulher.

Nascida em Papari, Rio Grande do Norte em 12 de Outubro de 1810.

Como muitas meninas daquela época casou-se nova, aos 13 anos, contudo, aos 14 separou-se.

Após alguns anos apaixonou-se por Manuel Augusto de Ferreira Rocha, um estudante de Direito, e foi com ele viver. Tiveram dois filhos, eram felizes, contudo, repentinamente, Manuel desencarna deixando Nísia com duas crianças para criar.

No entanto, precisava prosseguir. Rompeu paradigmas e naquela distante e preconceituosa época publicou seus escritos na grande imprensa.

Nísia combateu a escravidão, lutou pelo direito das mulheres, foi voluntária por meses em um hospital onde cuidava de pessoas que tiveram febre amarela, fundou uma instituição de ensino homenageando seu grande amor e batizou com o nome: Colégio Augusto.

Publicou livros e artigos em vários idiomas, fez história pelo mundo mostrando a todos seus dotes de cultura e de nobreza moral.

Com sua postura de valentia frente aos desafios provocou ira em muitos, porém, admiração em tantos outros.

Morou muitos anos na Europa onde gozou da amizade de grandes figuras como: Auguste Comte e Victor Hugo, sendo inclusive uma das quatro mulheres que acompanhou o cortejo fúnebre de Auguste Comte ao Père Lachaise por conta do falecimento do pai do positivismo.

Almas como Nísia vem a esse mundo para iluminar caminhos.

E sua vida nos convida a reflexão sobre o poder e a autoridade:

Poder e autoridade são duas coisas distintas.

Exercer o poder significa fazer valer suas vontades a qualquer preço, muitas vezes coagindo, humilhando, impondo...

Os homens daquela época tinham o poder sob sua guante, ditavam regras e comandavam com mão de ferro a maneira que as mulheres deveriam se comportar; consideravam-nas seres inferiores, com pouca capacidade. Eram imposições de todas as formas. O homem considerava-se o único ser pensante da criação, idéia esta que apenas uma mentalidade intoxicada pelo poder poderia conceber.

Ah, esses homens!

Já a autoridade é bem diferente. Para exercer a autoridade precisa-se ter capacidade, saber lidar com gente, saber ouvir, compreender, dialogar...

A autoridade é uma conquista do Espírito que ao longo de suas reencarnações vai aprimorando suas faculdades morais e intelectuais de maneira que acaba por exercer influência sobre aqueles que o rodeiam.

Nísia não tinha o poder, porém, tinha autoridade.

O poder obriga, a autoridade arrasta.

O poder causa insatisfação, a autoridade admiração.

Em “O Livro dos Espíritos”, Cap VI - Vida espírita - na questão de nº 274 e 274 a, encontramos importantes considerações sobre o assunto referente a autoridade. Vejamos então o questionamento de Kardec aos Espíritos amigos que lhe assistiam a época da codificação:

P - 274. Da existência de diferentes ordens de Espíritos, resulta para estes alguma hierarquia de poderes? Há entre eles subordinação e autoridade?

R - "Muito grande. Os Espíritos têm uns sobre os outros a autoridade correspondente ao grau de superioridade que hajam alcançado, autoridade que eles exercem por um ascendente moral irresistível."

P – 274 a) - Podem os Espíritos inferiores subtrair-se à autoridade dos que lhes são superiores?

R - "Eu disse: irresistível."

Belíssima resposta!

Como vemos, a autoridade que provém de alguém que possui uma estatura moral e espiritual maior que a nossa é irresistível.

Não há argumentos diante de uma postura integra, honesta, sincera.

O aluno se cala ante os argumentos concisos e superiores provindos da autoridade de seu professor.

O filho respeita a palavra provinda dos pais com autoridade moral.

Os amigos admiram e seguem as atitudes daqueles que exalam a autoridade baseada nos exemplos de amor ao próximo.

Assim era Nísia, sincera, integra, valorosa, mesmo perseguida pela intransigência, seguiu em frente levando sua mensagem de alento e conforto à muitos corações sufocados pelo medo e desesperança. O argumento usado por seus detratores de que era ela mulher profana não foi suficiente para abalar sua reputação ,porquanto, Nísia tinha autoridade moral sedimentada pela legitimidade de seus exemplos.

A autoridade é uma conquista do Espírito, e conquistas jamais se perdem. Onde quer que fosse, Nísia Floresta Brasileira Augusta, teria autoridade, exerceria influência de alma nobre que era.

Já o poder podemos perder porque ele é efêmero, transitório. Posso ocupar hoje por exemplo, um cargo político, ter o poder em minhas mãos, ditar regras e obrigar pessoas a fazer o que não querem , contudo, amanhã a vontade do povo poderá me destituir.

As imposições geram olhares desconfiados, pessoas amedrontadas, inibidas...

Revoltas não raro começam motivadas pelo cansaço que às pessoas estão da imposição do poder.

O poder pode ser comprado, negociado. A autoridade não!

Reflitamos pois, no que ofertamos àqueles que caminham conosco.

Que a vida de Nísia e a resposta dos Espíritos amigos nos inspirem a buscar a autoridade em vez do poder, o amor em vez do ódio, a libertação em vez da imposição.

Pensemos nisso!



Fonte de pesquisa

DUARTE, Constância. Nísia floresta. http://www.editoramulheres.com.br/autor_20.html. Acesso em: 15/12/2006.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 50.ed. Trad. Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira, 1980. 179 p.

SEPULTURA DE AUGUSTE COMTE NO CEMITÉRIO PERE LACHAISE, PARIS
FOTO ISMAEL GOBBO

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