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sábado, 21 de novembro de 2009

FOCALIZANDO O TRABALHADOR ESPÍRITA DRA JACIRA JACINTO DA SILVA


Breve entrevista com Dra. Jacira Jacinto da Silva, Juíza de Direito em Bragança Paulista, SP,

por Ismael Gobbo igobi@uol.com.br



JACIRA PODERIA NOS FAZER UMA BREVE APRESENTAÇÃO DE SI?


Tenho 51 anos de idade, sou casada com o Prof. Mauro Spínola e temos 5 filhos. Embora viva hoje em Bragança Paulista, muito perto de São Paulo, considero-me sertaneja porque nasci na zona rural e gosto das tradições caipiras. Estudei ciências biológicas, matemática e direito; fiz especialização em violência doméstica contra crianças e adolescentes e mestrado em direito. Trabalho como juíza de direito.

Apesar de enfrentar problemas e dificuldades diariamente, como todas as pessoas, vivo muito bem e me considero feliz, pois na minha opinião a felicidade não consiste em não ter problemas, mas em saber administrá-los.




COMO CONHECEU O ESPIRITISMO?


Quando nasci meus pais já eram espíritas. Freqüentei o catecismo espírita (era assim que se denominava naquela época); participei da mocidade espírita e fui dirigente de grupos de estudos juvenis. Embora autodidata, meu pai é um profundo conhecedor do espiritismo e dentre as grandes lições de vida que ele transmitiu, como o valor do trabalho, da honestidade, da vida sem vícios, do repúdio ao hábito dos xingamentos, etc., agraciou-me com o maior dos presentes, que na minha opinião foi o conhecimento espírita.



PODERIA NOS FALAR SOBRE SUA LUTA PELA REABILITAÇÃO DE PRESOS?


Em verdade, Ismael, meu trabalho não se volta exclusivamente para a reabilitação dos presos. Penso que a filosofia Kardecista nos impõe uma mudança de olhar sobre os problemas do mundo. É muito fácil apontar erros, constatar o que precisa mudar, destacar o que não é bom. Difícil mesmo, e isso quase ninguém quer fazer, é pensar em alternativas que possam, efetivamente, proporcionar algum resultado. Especificamente sobre as pessoas que infringem a lei, sejam adultos ou adolescentes, o nosso sentimento primeiro é o de castigar. Claro que o desejo do castigo esconde o autoritarismo e a impotência, a incapacidade de proporcionar a reorganização da estrutura. Qual é a vantagem para a vítima (a sociedade) em castigar o infrator? O castigo pelo castigo não produz resultado algum. O que faço é convidar as pessoas a refletirem sobre a necessidade de atacar a base, a causa, o nascedouro do problema. Penso que seja fundamental conhecermos a sociedade em que vivemos, suas disparidades, suas deficiências, seus vícios, seus podres de toda ordem, antes de querermos apenas castigar. Levanto sempre a bandeira da educação, da oportunização; não, evidentemente, a bandeira da impunidade, da qual se apoderam aqueles que mais apregoam os castigos severos.



VOCÊ ACHA MESMO QUE HAJA REMÉDIO PARA OS CRIMINOSOS?


Não vejo a sociedade seguimentada assim, os bons de um lado e os maus de outro. Somos todos, em alguma medida, bons e maus. Há um bandido animalizado capaz de cortar uma pessoa viva, é verdade, que evidentemente precisa ficar recluso em segurança máxima para a proteção daqueles que cumprem razoavelmente a ordem social. Mas, vivendo normalmente na sociedade, há muitos que praticam crimes muito mais graves do que a maioria esmagadora dos que são pegos pela polícia. Por exemplo: quem é mais prejudicial à sociedade? um dependente químico que pratica reiterados furtos para alimentar o vício, ou uma autoridade que se corrompe e protege o traficante? O primeiro está atrás das grades, muito embora o problema dele seja de dependência química, doença, portanto. O segundo está livre, freqüentando os mesmos lugares que as pessoas de bem e muitas vezes ditando regras de conduta.

Acredito no ser humano e acho que há remédio para nós, criminosos de toda sorte, em maior ou menor potencialidade. Somos espíritos em evolução e dotados de inteligência, o que nos faz perfectíveis. Todos, sem distinção, poderemos alcançar um estágio evolutivo privilegiado, distante da violência, da maldade, e de todas as mazelas humanas, mas esse é um trabalho que teremos de fazer individual e coletivamente. Como disse Kardec, aqueles que já cresceram um pouco precisam ajudar os outros que estão mais atrasados.



QUAIS AS ATIVIDADES QUE DESENVOLVEU E DESENVOLVE NO MOVIMENTO ESPÍRITA?


Como disse na minha segunda resposta, vivi a minha vida toda no meio espírita. Meu último feito, que considero importante para mim, foi a publicação do livro "Criminalidade: Educar ou punir", fruto da experiência vivenciada no presídio quando atuava como Corregedora de presídios na comarca de Birigui. Atualmente sou presidenta da CEPAmigos (Associação de Delegados e Amigos da Cepa no Brasil), participo do CPDoc (Centro de Pesquisa e Documentação Espírita), escrevo artigos e faço palestras. Vivencio o espiritismo 24h por dia. Infelizmente há pessoas que são espíritas no Centro Espírita, mas não se lembram disso no seu trabalho. Não vejo como isso pode acontecer, pois somos únicos e nos manifestamos integralmente em tudo que fazemos.

A atividade mais importante para mim neste momento é a participação diária em um trabalho que ajudei a fundar em Bragança Paulista, denominado ECOA - Espaço Comunitário de Aprendizagem - Programa de Educação Integral, que se destina ao encaminhamento de crianças e adolescentes.

Penso que seja este um ótimo caminho para se fazer um trabalho efetivo de combate e prevenção à criminalidade: cuidar das crianças que vivem em situação de extrema vulnerabilidade social, evitando que sigam aquele rumo para o qual estão fadadas.



6 - ALGO MAIS QUE QUEIRA ACRESCENTAR


Apenas agradecer a oportunidade de divulgar este trabalho fincado nas bases kardequianas. Quem estuda O Livro dos Espíritos sabe que este é o caminho, embora olvidemos isso diariamente por comodismo e egoísmo também. Não é fácil praticar, vivenciando os postulados espíritas no dia-a-dia, mas sem a angústia da perfeição, da qual ainda nos vemos distantes, devemos nos esforçar.

Obrigada pela amizade e pelo seu trabalho de divulgação do espiritismo.








FOTOS ACIMA: Lançamento de livro na UNIP/Araçatuba; no CR de Birigui; concedendo entrevista na APAC, em Birigui. O Projeto CIDADANIA NO CÁRCERE foi premiado pelo BNDES e Fundação Ford (Ismael Gobbo)



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