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sábado, 26 de dezembro de 2009

FOCALIZANDO O TRABALHADOR ESPÍRITA VANESSA ANSELONI


VANESSA ANSELONI


Entrevista com Vanessa Anseloni, residente em Baltimore, Maryland, EUA, que nos fala sobre sua vida e sua atuação no Movimento Espírita, tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Por: Ismael Gobbo igobi@uol.com.br



Vanessa, poderia nos fazer sua auto-apresentação?

Meu nome completo é Vanessa Cristina Zilli Anseloni. Nasci em 20 de abril de 1972 na cidade de São Paulo, Brasil. Sou casada com Daniel Santos. Vivemos nos EUA há 12 anos. Meus pais chamam-se Sinésio Luiz Anseloni e Ceila Márcia Zilli Anseloni. Tenho quarto irmãos.


Você nasceu em família espírita?

Nasci em lar espírita, sendo então de quinta geração de espíritas. Meu tataravô Attilio Pioltini (bisavô de minha avó Amália Pioltini Zilli), imigrante italiano no Brasil, juntamente com seu irmão Marino Pioltini e outros da família de Santis, formara uma das primeiras células espíritas no interior do estado de São Paulo há 92 anos atrás: o centro espírita Luz e Caridade na cidade de Itobi, município emancipado da cidade de Casa Branca. As bênçãos da convivência espírita na família e das aulas de evangelização foram para mim como que luz a clarear a estrada desta reencarnação. Os exemplos de meus avós, tios e pais na atividade espírita constantes ensinaram-me a preciosidade dos ensinamentos espíritas. Desde os quatorze anos de idade, tive a oportunidade de ser monitora nas aulas de evangelização oferecidas na periferia da cidade de Ribeirão Preto, promovidas pelo centro espírita Benedito Rosa de Jesus. Mais tarde, aos 17 anos, passei a coordenar os trabalhos de evangelização infanto-juvenil do Instituto Paulo de Tarso, também em Ribeirão Preto.


Como aconteceu sua trajetória acadêmica e profissional?


Desde pequena gostava de crianças e de ensinar, dar aulas. A lousinha de giz era o passatempo predileto. Os irmãos eram os aluninhos. Fazíamos trocas: eu arrumava a cama para eles, e eles eram meus alunos. Assim, estudar era sempre um prazer. Ler livros uma alegria, bem como dançar ballet clássico. Fiz Psicologia na Universidade de São Paulo e o doutorado em Neurociências na mesma universidade. Em 1997, fui convidada a vir fazer pós-doutorado nos EUA. Vim com plano de retornar após, no máximo, dois anos, mas as atividades espíritas fizeram-nos permanecer até hoje em Baltimore. Atualmente, sou professora e pesquisadora da Universidade de Maryland e Diretora do Programa de Ciências Comportamentais na Faculdade de Odontologia.


Baltimore foi uma escolha?

Sim. Mas, não diria que sou uma daquelas pessoas que sempre sonhou em vir para cá. Foi uma necessidade profissional que se tornou escolha permanente no decorrer dos anos, a partir do comprometimento com as atividades espíritas. Assim, Daniel e eu resolvemos ficar em Baltimore, apesar de convites profissionais em outros Estados americanos e no Brasil, em função do trabalho junto `a Sociedade Espírita de Baltimore e o movimento espírita nos EUA. Consideramos-lhes nossa família.


Qual tem sido sua atuação no movimento espírita?

No Brasil, comecei a trabalhar como evangelizadora infanto-juvenil aos 14 anos. Aos 17, fui coordenadora dos trabalhos da Evangelização no Instituto Paulo de Tarso em Ribeirão Preto. Aos 25, tendo mudado para os EUA para fazer pós-doutorado, iniciamos os trabalhos de Evangelização Infanto-Juvenil em 1999 junto ao Allan Kardec Spiritist Society of MD, centro espírita que Vanderlei Marques presidia. Lá comecei a dar palestras nos EUA, bem como educar mais aprofundadamente a mediunidade (escrita e psicofônica). No entremeio, prosseguimos na coordenação do núcleo espírita que se tornaria mais tarde oficialmente a Spiritist Society of Baltimore. Desde então temos compartilhado nossos estudos através de cursos, treinamentos e palestras com centros e núcleos espíritas dos EUA. Especialmente, temos viajado para compartilhar instruções como fundar ou estruturar trabalhos espíritas na língua inglesa. Também temos sido convidados a dar palestras sobre Espiritismo em locais não-espíritas como a cidade de Lily Dale, Igrejas Espiritualistas em New Jersey e Nova Iorque, associação Teosófica e igrejas Unitárias. Há dois anos, fomos convidados a programa na TV NBC de Búfalo, NY para entrevista sobre a Visão Espírita das Crianças Índigo e Cristal. Também fomos entrevistados em programa de rádio por americanos. Desde 2008, a convite do CEI, iniciamos nova tarefa como editor-chefe da Revista Espírita edição inglês intitulada The Spiritist Magazine. Em dois anos, a revista conta com mais de 300 assinantes em todo o mundo, com versão impressa e digital. Nos últimos anos, temos também visitado outros países para palestras e cursos.


Como vê o movimento espírita nos Estados Unidos?

Em processo de progresso evidente. O movimento espírita nos EUA é jovem, mas cheio de potencial, realmente promissor. Em nossa experiência, em visitas `as diversas casas espíritas nos EUA, observamos que há companheiros devotados à Causa Espírita em diversos pontos das terras norte-americanas. No entanto, das quase 80 casas espíritas, ainda são poucas as que realizam reuniões espíritas somente na língua inglesa como a Spiritist Society of Baltimore (SSB) e o Spiritist Group of New York. No entanto, desde 2007, quando iniciamos a realização dos Simpósios Espíritas do EUA (o primeiro foi em Baltimore, o Segundo em Nova Iorque e o terceiro em Boston), outros grupos começaram a se formar com reuniões somente na língua inglesa como a Spiritist Society of San Diego (CA) e o Inner Enlightenment Spiritist Society (NY). Outros grupos já existentes têm feito esforços para oferecer reuniões na língua inglesa. O formato de workshops iniciados pela SSB tem sido adotado por diversos grupos com sucesso.


Na sua região há grupos constituídos por nativos ou são por iniciativas de imigrantes?

Em todos os EUA, os grupos espíritas foram fundados por imigrantes. Brasileiros e hispânicos são indubitavelmente os semeadores da mensagem espírita em solo norte-americano. O centro espírita mais antigo, que se tem registro, é de origem hispânica, tendo mais de 50 anos de existência (Templo San Jose, em Nova Jersey). Americanos, no entanto, têm-se encorajado a abraçar o Espiritismo em diversos grupos nos EUA, apesar de ainda serem minoria.



Conte-nos sobre a trajetória Spiritist Society of Baltimore.

Iniciamo-la em meados de outubro de 1998 no meu apartamento da Charles Street em Baltimore com a intenção inicial de servir como grupo de estudos e Evangelho no Lar com a ajuda do casal Jorge Godinho Nery (assessor da presidência da FEB) e Antonia Helena Nery. Estudávamos o ESDE da FEB. Em poucos meses, mudamos para sala reservada da Universidade de Maryland. Em meados de 2001, uma Americana psicoterapeuta amiga Daryl Joyce sugerira-nos iniciar reuniões públicas em inglês. Apresentara-nos para Zohar Meyerhoof, diretora, radialista, benfeitora da cidade de Baltimore, a qual nos abrira as portas para realizar os primeiros workshops em sua clínica de medicina holística. Ali ficamos por anos, até que, em 2006, uma senhora Americana, Judith Campbell, juntamente ao seu marido Kevin Campbell, tendo vindo ao tratamento espiritual e ficando maravilhados com o trabalho espírita, quiseram ajudar a SSB (www.ssbaltimore.org). Montaram um centro para que a SSB pudesse utilizar, com todas as despesas pagas. Ficamos lá por dois anos. Em 2008, no entanto, a SSB resolveu investir em espaço independente, onde nos encontramos até o presente momento.

Neste entremeio, a SSB tem trabalhado com traduções dos livros e CDs de Divaldo Franco, Raul Teixeira e Francisco C. Xavier. Com a liderança de Daniel, nosso esposo, temos aberto espaço para a transmissão online dos trabalhos espíritas desde 2005, através do site da TVCEI. Também, em 2008, lançamos o primeiro programa de estudos espíritas em inglês intitulado Roadmap Program for the Spiritist Study and Practice, com aulas e vivências para quem queira aprender sobre o Espiritismo. Este material foi adotado neste ano pelo CEI e já conta implantado em dezenas de grupos dos EUA e em processo de implantação outros países, a partir de traduções. O sucesso do Roadmap levou-nos a lançá-lo em forma de e-learning via o website www.e-spiritism.org com a ajuda de Daniel Santos e Mackenzie Melo. Atualmente, há mais de 400 inscritos, sendo que a primeira a terminar o primeiro curso fora uma alemã residente na Inglaterra. A Sociedade Espírita de Baltimore também tem incentivado e ajudado na formação de outros grupos locais, como, por exemplo, o Spiritist Group of Virginia (ainda coordenado pela SSB) formado há 2 anos e meio, o grupo de estudos espíritas de Delaware e Pensilvânia.


Há muitos expositores espíritas?

Atualmente, na SSB, contamos com 5 expositores da casa. E, constantemente, temos treinado outros que, em futuro próximo somarão esforços. Nacionalmente, desde que implantamos as reuniões anuais, têm surgido vários expositores de excelente qualidade na língua inglesa em diversos Estados.



As palestras são proferidas em inglês?

Na Spiritist Society of Baltimore todas as reuniões são em inglês. Apesar de termos começado em português em nossa residência, quando decidimos tornar as reuniões públicas, vertemos tudo ao inglês. Achamos que seria um contra-senso e falta de caridade abrir as portas ao público numa língua que a maioria Americana (imigrantes e nativos) não compreende. Fora complexo processo, mas, com persistência e amparo do Alto, temos permanecido neste caminho. Atualmente, contamos com público significativo via internet graças ao trabalho de Daniel Santos em colaboração com a TVCEI e, mais recentemente, do site www.e-spiritism.org.


Vocês têm atividades para evangelização infantil e mocidade?

Sim, chamamo-la de SPYC (Spiritist Program for Youth and Children). São aulas de doutrina espírita com atividades dinâmicas para crianças e jovens. Desde julho de 2009, iniciamos algo Americano chamado Summer Camp com toda a programação espírita para jovens e crianças.


Como os americanos encaram temas como imortalidade, comunicabilidade, reencarnação, lei de causa e efeito?

A aceitação é grande. Estatísticas atuais remetem a 25% o número de pessoas que acreditam em reencarnação. Todas as questões mencionadas são trabalhadas com frequência nos filmes de Hollywood. Observamos que o americano já tem estas idéias, visto que elas estão expostas nos filmes, livros e pesquisas científicas, como por exemplo, a do Dr. Ian Stevenson. De fato, por estas razões, poderíamos dizer que os EUA são os grandes divulgadores das idéias espíritas (ainda que não com este nome). É o controle universal dos princípios espíritas conforme Kardec preconizara. Sendo assim, concluímos que estamos em terreno fértil para a divulgação do Espiritismo. Deste modo, concluímos que os americanos estão muito receptivos por encontrarem tantas similaridades e pontes com o que já têm ouvido ou lido em outras fontes. O terreno é fertilíssimo. Resta-nos semear.


Em 2006, vocês promoveram encontro onde estiveram Divaldo Pereira Franco e o célebre pesquisador Raymond Moody Jr. Como são encarados os estudos do dr Raymond, sobre EQM, por exemplo?

Com grande aceitação. Tais pesquisas, bem como outras envolvendo aspectos de espiritualidade têm estado em grande demanda. Ano passado, chamamos o famoso Prof. Dr. Gary Schwartz para palestra em evento da SSB com Divaldo Franco e outros americanos. Sua pesquisa científica sobre mediunidade tem sido comparada a do Prof. William James. Também, ajudamos a organizar evento com quase mil pessoas (sendo 90% de americanos) em Norwalk, CT, sob coordenação dos médicos Dr. Claudio Petrillo e Dra. Silvia Knoploch, em que Dr. Bernie Siegel fizera conferência com Divaldo Franco. Também neste ano, chamamos a conhecida Carol Bowman, autora de vários livros sobre reencarnação, para ser a palestrante principal do Terceiro Simpósio Espirita dos EUA em Boston.


A mídia americana fala em Espiritismo?

Raramente. E isto é providencial, pois que necessitamos de criar mais forte estrutura nacional, com centros espíritas comprometendo-se a fazer suas reuniões em língua inglesa, a fim de permitir que americanos possam conhecer o Espiritismo. E, aos poucos, isto já está acontecendo em todo o território nacional.


No próximo ano teremos a comemoração do centenário de nascimento de Chico Xavier. O evento vem sendo trabalhado pelos espíritas americanos? Há perspectiva de participação no Congresso de Brasília?

Sim. Haverá um tributo a Chico Xavier no 4º. Simpósio Espírita dos EUA. A SSB está preparando atividades especiais neste respeito. A Spiritist Magazine também fará especial tributo na edição de abril. No entanto, temos que lembrar que Chico Xavier não é conhecido nos EUA. Quanto a participação no Congresso de Brasília, acreditamos haver brasileiros residentes nos EUA que planejarão participar deste momento tão especial.



Uma saudação aos espíritas

Gostaríamos de lembrar que, em 1965, durante viagem espírita aos EUA, Francisco C. Xavier, juntamente a Waldo Vieira, psicografaram mensagens espíritas que hoje nos são muito caras e podem ser sinalizadores para o empreendimento espírita no mundo. Essas mensagens foram publicadas pela FEB no livro pouco falado ou conhecido “Entre Irmãos de Outras Terras”. Em seu primeiro capítulo, encontramos, nas palavras de André Luiz, os “pontos fundamentais para o espírita em viagem”. Nelas, teremos as diretrizes para seguir neste trabalho de divulgação espírita nos EUA e no mundo, em especial nas palavras de William James, no capítulo cinco, quando nos diz que “cada companheiro, cada agrupamento e todos os países terão do Espiritismo o que dele fizerem.” Que possamos fazer o nosso melhor!






FOTOS: Vanessa Anseloni com esposo Daniel Santos no evento The New generation em Baltimore em 2007 com Divaldo Franco; Primeiro Movimento Voce e a Paz no EUA, 2008: esquerda para a direita: Jorge Godinho Nery, Rev. Jeffrey Proctor, Vanessa Anseloni, Divaldo Franco, Zohara Meyerhoff, Dr. Gary Schwartz); Primeiro Final de Semana Espirita em Lily Dale, NY, 2006: (esquerda para direita: Vanessa Anseloni, ..., Divaldo Franco e Tom Cratsley (diretor de Lily Dale); evento From Grief to Hope com Divaldo Franco e Raymond Moody Jr., 2006.

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