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domingo, 31 de outubro de 2010

ENVELHECIMENTO ATIVO X DEPRESSÃO


Entrevista: Dr. Fábio Nasri fnasri@uol.com.br


Segundo dados divulgados, em novembro, pelo Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, em 2025, teremos, em território nacional, 40% do total de idosos da América Latina. O número é, sem dúvida, expressivo. Na entrevista abaixo, falamos com Fábio Nasri, 45, sobre o processo de envelhecimento e um dos grandes vilões desse processo: a depressão. Formado em Medicina pela Unifesp, em 1986, ele já foi coordenador do ambulatório de Endocrinologia do Setor de Geriatria como especialidade. Atualmente é o coordenador do programa de Geriatria e Gerontologia do Hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP), um dos melhores do País. No Medinesp 2007, o congresso da Associação Médico-Espírita do Brasil, ele
Também falou sobre o tema.




Folha Espírita: O que significa envelhecimento Ativo?

Fábio Nasri “Enxergamos o envelhecimento ativo na pessoa que o alcança em boas condições, do ponto de vista cognitivo, que goze de independência, tenha boa capacidade visual, cultiva a auto-estima e consiga viver em clima harmônico na família e em sociedade”.



FE. Envelhecer de forma saudável pode evitar a depressão?

Nasri “Podemos dizer que um envelhecimento é saudável quando ocorre sem depressão. E para que a pessoa não venha a experimentar esse desagradável estado há que se cercar de cuidados no dia-a-dia, envolvendo aspectos físicos, psicológicos e espirituais”.



FE Qual a receita para viver sem o quadro depressivo e outros transtornos?

Nasri “Conhecer e cuidar das suas emoções, trabalhar o seu autoconhecimento. Além disso, ter cuidados sobre como cuidar da sua alimentação e atividade física, submeter-se aos exames preventivos, manter os relacionamentos familiares e ter uma prática religiosa saudável, qualquer que seja ela”.



FE. Em que sentido a religião pode ajudar? Funcionaria como um consolo?

Nasri “Não, mas como uma filosofia de vida e uma oportunidade de se conectar com o sagrado ou divino. Em última análise, com Deus. A maior parte das religiões prega valores dignos e edificantes a serem seguidos”.




FE. E a família? De que forma pode ajudar para que o envelhecimento de seus entes ocorra de forma saudável?

Nasri “Creio que dando o indispensável suporte. A presença da família é importantíssima porque é ela que, pela convivência cotidiana, vai assimilando as fases e as necessidades daquele que caminha para a velhice. Devemos lembrar que muitas vezes é dentro do processo familiar que encontramos os nossos maiores desafios. Quando os enfrentamos, estabelecendo um relacionamento franco e baseado na vontade mútua de evolução, podemos, então, desatar os nós de nossa existência e prosseguir a nossa jornada”.



FE. O senhor acha que a prática da família colocar pai, mãe ou outro familiar em algum asilo piora a qualidade de vida de quem vai para lá?

Nasri. “Sem dúvida e bastante! Na maioria das vezes o idoso acaba alcançando de forma mais rápida, e quiçá mais penosa, o seu declínio funcional e cognitivo. Essa prática de asilar as pessoas deve ser evitada o quanto possível devido aos resultados negativos que quase sempre acarreta”



FE. O que acontece com o organismo do idoso na ocorrência de depressão? Qual a química envolvida nesse processo?

Nasri “O organismo se ressente desses quadros depressivos. A depressão, no ponto de vista bioquímico, pode ser ocasionada pela diminuição de alguns neurotransmissores, principalmente da.serotonina e da dopamina. A falta destes pode desencadear o quadro depressivo, que se caracteriza pelo cultivo da tristeza, menor vontade de se expor, de sair de casa. Frequentemente, acompanham os quadros depressivos a ocorrência de doenças cardiovasculares e câncer, por exemplo”.



FE. Você acha que a perda da atividade sexual é fator relevante a ser considerado na velhice?

Nasri: “A prática sexual nada mais é que uma forma de trocar carinho, amor e afetividade. Assim, mais preocupante que a perda da atividade sexual é a ausência das trocas a que nos referimos”.



FE. Muitas pessoas, estando em atividade laboral dizem: quando me aposentar vou fazer isso, fazer aquilo. Ai chega a aposentadoria e a nova situação acaba levando-as a experimentar a depressão. O que as pessoas poderiam fazer de útil, ao se aposentarem, para se sentirem felizes?.

Nasri “Podem fazer muita coisa. Serem reeducadas, fazer cursos, entrar em universidades, podem desenvolver atividades de voluntariado nas quais colocam à disposição da sociedade toda aquela experiência que acumularam ao longo da vida.



FE Muitas vezes valoriza-se o trabalho remunerado como se fosse essencial um pagamento pela prestação de algum serviço. Isso não é meio equivocado?

Nasri ”Todo trabalho executado com amor, mormente aquele em que se busca atender às necessidades do próximo, é capaz de propiciar muito mais alegrias que a retribuição pecuniária que se aufere por um serviço qualquer. É uma moeda diferente que tem o condão de fazer crescer o nosso patrimônio espiritual. Então, aqueles que já alcançaram a independência financeira ou a aposentadoria podem pensar nessa forma diferente de acumular riquezas”.


Ismael Gobbo igobi@uol.com.br
Entrevista publicada na Folha Espírita, São Paulo, janeiro de 2009

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