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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Expiação ou Regeneração?

Richard Simonetti

richardsimonetti@uol.com.br



Eram dois guichês bancários do tempo antigo, como gaiolas de fortes grades, com pequena abertura para atendimento ao público. Num deles, trabalhava Tobias, um mulato forte, atarracado, de voz grossa, conversador, de cabeça tão cerrada à compreensão dos mecanismos da Vida quanto o cubículo onde passava os dias a contar dinheiro. Do outro lado, Jesuíno, lidador espírita, que não desanimava no propósito de despertar o companheiro para as realidades da jornada humana.

– A Vida não é simples acidente biológico, meu amigo. Existe um planejamento divino. Fomos criados para atividades muito mais importantes que a mera autenticação de recebimentos e pagamentos ou a indolência dos fins de semana.

– Oh! Oh! Oh! – ria Tobias, com sua entonação tonitruante – pelo menos é mais tranquilo. Deus planejou mal o nosso mundo. Há muita bagunça, principalmente nos tempos atuais. Deixe-me no meu cantinho. Quero sossego.

– Você usa uma perspectiva materialista. É preciso ver além das aparências. Se entrarmos numa casa em reformas parecerá tudo muito confuso. No entanto, ela está sendo melhorada. É o que acontece com a Terra.

– Eta reforma demorada! Desde sempre há muito ódio, muita agressividade nas pessoas! Se Deus é a suprema bondade, como você propala, seus filhos não herdaram a mesma virtude...

– O Bem existe embrionário em nós, qual semente divina. Ocorre que entre o embrião e o fruto, entre a vocação e a realização, há o esforço que nos compete, porquanto Deus não nos fez autômatos. Somos Espíritos em evolução. Perfectíveis, mas não perfeitos.

– Se é assim, por que prevalece o mal na Terra?

– Talvez ele apenas apareça mais, como os instrumentos desafinados numa orquestra. Vivemos num planeta de expiação, habitado por Espíritos rebeldes e agressivos, que ainda não entraram em compasso com as leis divinas. Fazem barulho... Mas há, também, muita gente situada numa faixa de regeneração. São Espíritos que cumprem seus deveres, que levam a existência a sério, procurando fazer o melhor, no esforço por se sobreporem às suas limitações.

– Quimeras!... Você é muito ingênuo, Jesuíno. A bondade é um manto de hipocrisia que encobre o egoísmo humano. Todos são bons enquanto não pisam em seus calos ou surjam interesses pessoais; então, mostram o que está em seu íntimo. Digo-lhe mais: se fomos criados para o Bem, como você diz, não estamos nem em expiação nem em regeneração. Somos apenas Espíritos com defeito de fabricação! Tobias seguia assim, impermeável à conceituação espírita. Certo dia, ao final do expediente, pediu ao companheiro:

– Por favor, Jesuíno, venha ao meu guichê.

– O que houve, rapaz? Você está tão pálido que até mudou de cor. Ficou branco!

– Não brinque. É sério. Estou com uma diferença astronômica. Meu salário de seis meses! Jesuíno efetuou cuidadoso levantamento dos valores, conferiu a fita de autenticações e constatou que, efetivamente, havia numerário a menor.

– Sinto muito, Tobias. Alguém ficou com esse dinheiro.

– Estou perdido! Não tenho meios para a reposição.

– Posso emprestar-lhe uma parte. Mas há uma esperança, entre duas opções: se quem levou o dinheiro for um Espírito em regeneração ele o trará de volta. Se estiver em expiação se prepare para pagar.

Tobias passou uma noite horrível, matutando como faria para repor o numerário. Já se imaginava demitido, seus filhos passando necessidades... No dia seguinte, tão logo o Banco abriu, entrou uma simpática velhinha que se dirigiu ao seu guichê.

– Moço, creio que o senhor cometeu um engano ontem. Pagou meu cheque com um zero a mais. É um dinheirão. Só quando cheguei em casa percebi. Vim devolver a diferença.

Tobias não se conteve, fazendo ecoar pela agência bancária seu vozeirão, a proclamar eufórico:

– Jesuíno! Jesuíno! É um Espírito em regeneração! Regeneração, meu amigo! Viva a evolução!

Finalmente começara a assimilar o Espiritismo.



***



Nem sempre as pessoas se dispõem a meditar sobre as ideias espíritas, infalíveis na equação dos problemas humanos.

Só o fazem quando eles surgem em seu caminho.

Então, se deslumbram, como um cego que, repentinamente, começa a enxergar.





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