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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Focalizando o Trabalhador Espírita Regina Piccoli


Regina Piccoli



Entrevista para Ismael Gobbo ao Notícias do Movimento Espírita


A entrevistada Regina Piccoli, é uma brasileira nascida na cidade de Santo André, importante cidade do ABC paulista. É casada com o imigrante italiano Evi Alborghetti da cidade de Lecco. No Brasil trabalhou no Centro Espirita Jesus no Lar, em Santo André, onde se aprofundou nos estudos e na vivência das práticas espíritas. Em 1995 Evi recebeu proposta para trabalhar em sua terra natal e Regina o acompanhou com os filhos. Na Itália constataram muita diferença na forma de se praticar o Espiritismo em comparação ao que estavam acostumados no Brasil. Resolveram fundar um grupo familiar que posteriormente se converteu no GLAK-Gruppo de Lecco Allan Kardec. Mantendo intercâmbio com os demais grupos italianos, Regina e outros trabalhadores lutam destemidos pela expansão do movimento espírita naquele país.





Regina pode nos fazer sua apresentação?

Sou Regina Piccoli, filha de Waldemiro Piccoli, filho de pais italianos e de Azelia Prado, descendente de portugueses e índios. Nasci em Santo André, SP, cidade onde vivi atè 1995. Sou casada com Evi Alborghetti, desde 1971. Meu marido nasceu em Lecco, uma cidadezinha ao norte da Itália, à beira do Lago de Como, cercada por maravilhosas montanhas e distante 50 quilômetros de Milão, onde viveu até seus 12 anos. Em 1960 com seus pais e um irmão se transferiram para o Brasil. Temos três filhos, Leonardo, Milena e Vinicius e três maravilhosos netinhos: Camilla com 8 anos filha de Vinicius e Nicoletta, Rafael com quatro anos e Alessia com 2 anos, filhos de Milena e Julio. Todos os três nasceram aqui na Itália, exatamente na cidade do avô, Lecco, onde moramos.





Como você conheceu o Espiritismo e desde quando?

Desde muito pequena, minha mãe fazia parte de um grupo familiar e eu a acompanhava. Sempre participei de palestras nas varias casas espíritas do ABC Paulista, mas foi em 1985, já casada e com os três filhos que realmente senti a necessidade de um aprendizado mais profundo. A Casa Espirita mais próxima de onde morávamos era o “Jesus no Lar” na Rua Clélia, Vila Pires, Santo André, por onde iniciei e realizei todos os meus estudos. Na mesma época meus filhos se iniciaram espontaneamente nas aulas da Evangelização Infantil, depois freqüentaram a pré-mocidade e finalmente a mocidade, também fazendo parte da UMESA- União Municipal Espírita de Santo André..





Diga-nos como foi sua trajetória espírita pelo Brasil.

No Brasil, sempre no Centro Espirita Jesus no Lar, ao qual tenho “Stretto al cuore”, ou seja, laços de coração. Fui dirigente doutrinária de grupo de estudos e dirigente da Assistência Social. Tempos depois oradora, não só na nossa Casa mas igualmente fazendo parte do movimento Espirita do ABC através da USE(*).



O que a levou à Itália?

Chegamos à Itália por conta de uma proposta de trabalho feita ao meu marido por uma empresa da cidade onde nasceu. Consultada a familia decidimos pela transferência que, no inicio pensávamos por dois ou três anos. O tempo foi passando e já se fazem quinze anos que estamos aqui.



Como se engajou no movimento espirita italiano?

O Movimento Espirita na Itália praticamente está se iniciando. A USI- Unione Spiritica Italiana, foi fundada em 2008, depois de um percurso muito difícil. Quando ainda estávamos no Brasil ouvíamos dizer que na Itália não existia movimento espirita. Intimamente pensávamos: “pode ser que não seja um movimento espirita como no Brasil, mas deve ser impossível que não tenha alguma coisa”. Achávamos inconcebível a idéia de uma Itália sem Espiritismo, considerando seu passado rico em médiuns e afortunada em homens de ciência que acompanhavam e estudavam os fenômenos, entre eles os cientistas Ermacora, Schiaparelli, Lombroso, Ernesto Bozzano, Morselli, Chiaia e médiuns como Politi, Lucia Sordi, Linda Gazzera e a conhecida Eusápia Paladino.



Qual foi o panorama que vocês encontraram?

Quando aqui chegamos nos deparamos com uma dura realidade. Fomos visitar algumas instituições que se intitulavam Espíritas mas o que encontramos foi um movimento paralelo, onde alguns diziam conhecer Kardec, mas não praticavam Kardec. Mediunismo era sinônimo de Espiritismo. Diziam-se espíritas mas fugiam dos princípios básicos, misturavam e confundiam um pouco de tudo. Com todo respeito a todas as crenças e pela liberdade de escolha de cada um, em realidade o que víamos não correspondia com a nossa formação Espirita forjada no estudo sistemático das obras básicas da Codificação Kardequiana.



Como foi formado o Grupo que hoje você faz parte?

Em 1995 tivemos contato com Domenico Romagnolo, representante da Itália perante o CEI (**), desde a fundação daquele em 1992 e soubemos da real situação, não só da Itália mas de outros países europeus. Ficou-nos evidente que a maneira dos italianos enxergarem o Espiritismo, talvez pela sua própria cultura, muito diferia daquela a que estávamos habituados. Tanto os italianos daquela época como ainda os de hoje, possuem um forte interesse pela parte cientifica da doutrina, em particular a fenomenologia, percebendo-se uma relutância em aceitar, praticar e difundir a parte filosófica e religiosa. Isto se nos apresentou estranho porquanto aprendemos e acreditamos na doutrina espirita como um banquinho de três pés, ciência, filosofia e religião, uma tríade que proporciona o seu equilíbrio natural. Com base nesta constatação nos decidimos que se fosse para trabalhar na divulgação do Espiritismo neste país nos empenharíamos em divulgar os conceitos e os verdadeiros objetivos do Espiritismo na forma como sempre aprendemos. Tal decisão se estribou na lógica de que se tivemos a oportunidade de conhecer e entender esta Doutrina de Luz, com toda sua racionalidade e profundo amor, urgia-nos a obrigação de lutar sem descanso pela manutenção da sua pureza doutrinária. A partir daí resolvemos organizar um grupo familiar.



Quando isso aconteceu?

Isto só aconteceu em 1998, quando fundamos o “Gruppo Fraterno”, hoje denominado GLAK-Gruppo de Lecco Allan Kardec. Com familiares e amigos, formamos um grupo composto de italianos e brasileiros e dois participantes alemães, muito cépticos a principio. Daí a nossa preocupação maior de estudarmos e divulgarmos sempre fundamentados em Kardec e no tríplice aspecto, com muita cautela e respeito à cultura e ao conhecimento das pessoas que nos procuraram e procuram. Nos portamos sempre respeitosos mas nunca coniventes com deturpações que possam ocorrer e causar danos ao bom andamento da nossa Doutrina Espírita. Afinal se não agirmos assim o que será do Espiritismo daqui alguns anos?



Nessa época vocês já tinham uma sede própria?

Não, não tínhamos. Começamos a nos reunir só uma vez por mês, devido a distância que nos separava. Fazíamos um rodízio nos lares dos participantes e nomeamos estas reuniões de “Encontros Fraternos”. Com a volta de alguns dos componentes do grupo para o Brasil e outros problemas que surgiram, o grupo se desfez em 2003. Reiniciamos suas atividades em 2005, já como grupo legalmente constituído.



E hoje como estão instalados e que atividades desenvolvem?

Realizamos os estudos semanais do ESDE, Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita; temos uma atividade social que consiste no Laboratório Social, onde quem sabe, ensina, através de cursos de artesanatos. Realizamos os atendimentos fraternos e damos apoio continuo na implantação do “Evangelho no Lar”. Contamos com uma importante livraria de empréstimos por correio e realizamos os Encontros fraternos em todos os primeiros domingos do mês. E isto tudo na nossa sede sem prejuízo de apoio aos encontros que se realizam em outros grupos e em outras cidades.



Como partiu a idéia de fundação da USI?

Na ocasião soubemos da existência de outros grupos em fase de formação e de grupos já legalmente constituídos como o CISSAK, de Aosta, do Sentieri Dello Spirito, de Milão, do GRAK, de Roma, do Spartaco Ghilardi, de Monza. Daí com o apoio da CEI- Conselho Espirita internacional, em particular apoiados por Elsa Rossi da Inglaterra e Charles Kempf da França, a idéia de uma união. A continuidade dos Encontros Fraternos proporcionou a formação de novos, como o grupo de Belluno, depois o de Peschiera Del Garda, depois o de Treviso, hoje Cammino della Luce. Fomos nos reunindo e maturando a idéia de formar a união e, em 2008, finalmente pudemos fundar a USI com seis Grupos afiliados a saber: Centro Italiano Studi Spiritici Allan Kardec – CISSAK ; GLAK – Gruppo di Lecco Allan Kardec; Grupo Espirita Kardecista Spartaco Ghilardi; Associazione Sentieri dello Spirito; Gruppo Spiritico Il Cammino della Luce e Gruppo Spiritico Francesco D’Assisi. Hoje temos mais dois grupos observadores, o ASIC – Associazione Spiritica Il Consolatore di Ferrara e o Gruppo Spiritico Verità e Luce, além de outros quatro em formação.



Hoje os encontros fraternos ainda são realizados?

Com a fundação da USI da qual fazemos parte da diretoria como secretária, propusemos continuar e intensificar estes encontros. E assim foi feito, possibilitando a formação de outros grupos como o ASIC de Ferrara e o Vita e Luce de Toscana. E assim os pedidos de apoio a novos grupos tem se intensificado. Nosso objetivo é dar assistência, oferecer material, estar presente fisicamente sempre que possível, enfim, servir de apoio aos que desejam iniciar um pequeno grupo de estudos entre familiares e amigos, como também nós nos iniciamos. Estamos certos de que esta é a estrada a percorrer para a divulgação do espiritismo neste país. Tomemos por exemplo o Cammino della Luce de Treviso. Iniciaram com 4 pessoas, encontraram algumas dificuldades mas conscientes da necessidade e das responsabilidades assumidas hoje constituem um grupo sólido com varias atividades, inclusive a de Evangelização Infantil . Por isso tudo não renunciamos aos encontros, às vezes muito dificultosos devido as distâncias que temos que percorrer, entre 350 a 400Kms. Mas com muita satisfação podemos dizer que no ano passado, com a colaboração dos grupos foram organizados 15 encontros, onde tivemos a oportunidade de receber palestrantes de outros países como Elsa Rossi, Ivone e Aloisio Ghiggino, Claudia e Humberto Werdine, Carlos Campetti, Antonio Cesar Perri de Carvalho.





Vocês tem trabalho voltado para infância e mocidade?

Não, infelizmente ainda não. Reitero que a Itália em termos de Espiritismo tem um longo caminho pela frente, pois é preciso antes de tudo evangelizar os pais para que eles possam entender o verdadeiro e significativo valor da evangelização. Como a consideramos de suma importância se constitui numa meta que se Deus quiser haveremos de atingir.



Há algum trabalho de assistência e promoção?

Sim, como já disse anteriormente, temos o departamento de auxilio à implantação do Evangelho no Lar e realizamos um Laboratório Social, onde quem sabe pode ensinar artesanato, culinária, confecção de bijuterias, etc. E sempre aberto a todos.



Você poderia nos dizer quantos livros existem no idioma italiano?

Sim, com grande emoção posso dizer que em italiano existem muitos títulos, a maioria editados pela Casa del Nazareno, que em silencio trabalha de forma ativa na divulgação do Espiritismo neste país, apresentando aproximadamente 80 títulos traduzidos, sendo 42 de Chico Xavier, além das obras de Allan Kardec, algumas de Divaldo Franco, Marlene Nobre e Raul Teixeira, dentre outros.



E as perspectivas para o futuro?

As perspectivas são muitas e temos que encarar as responsabilidades assumidas, já sabendo de antemão das dificuldades que se encontra no trabalho de divulgação do Espiritismo fora do Brasil. Mas não podemos perder de vista as palavras de William James do livro “Entre irmãos de Outras Terras” quando nos diz que “cada companheiro, cada agrupamento e todos os países terão do Espiritismo o que dele fizerem”. Não menos sábias as assertivas de Bezerra de Menezes: “Recordemos, na palavra de Jesus, que “a casa dividida rui”; todavia ninguém pode arrebentar um feixe de varas que se agregam numa união de forças.” “Solidários, seremos união. Separados uns dos outros, seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos. Distanciados entre nós, continuaremos à procura do trabalho com que já nos encontramos honrados pela Divina Providência.”



Algo mais que queira acrescentar.

Gostaria de agradecer imensamente pelo carinho e a oportunidade que me foi concedida pelos companheiros do Boletim Informativo “Noticias do Movimento Espírita” e a Espiritualidade Superior pela confiança que tem depositado no nosso trabalho.




Pescarenico (Lecco), cidade histórica onde nasceu o GLAK- Gruppo de Lecco Allan Kardec













Legenda das fotos: O casamento de Regina. Na foto a partir da direita: Azélia Piccoli, sua mãe, o pai Waldemiro Piccoli, Regina, o marido Evi, a mãe de Evi, D. Carla Alborghetti e o pai Tino Alborghetti. Regina, no centro, com amigas do CEJEL- C.E. Jesus no Lar, Santo André, no ano de 1993. Regina, à esquerda com amigas do CEJEL em 1994; Participantes do 1º. Encontro de 2005; Nadir Rossetti e Ucio Gaeta, dirigentes do Spartaco Ghilardi e Regina Piccoli e Evi Alborghetti dirigentes do GLAK; 1º. Encontro de 2010; Encontro Fraterno 1996; Expositores brasileiros, Célia e César, na extrema direita e Flávio à esquerda, com o grupo de Lecco em 17/10/2010. Nicoletta, Vinicius, Evi, Regina, Canilla, Júlio, Milena e Leonardo. Maria Emilia Botaro (E) grande incentivadora de Regina (D) a se firmar nos principios Espíritas. Os avós Regina e Evi com os netos Camilla, Rafael e Alessia.



(*) USE- União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo

(**) CEI- Conselho Espírita Internacional



OBS: AS FOTOS Desta entrevista só PODERÃO SER UTILIZADAS EM OUTRAS PUBLICAÇÕES MEDIANTE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO entrevistadO.

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