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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Astronomia e Espiritismo: universos paralelos e evolução

FOLHA ESPÍRITA, SÃO PAULO, DEZEMBRO 2010

Ruy Gatto

Ismael Gobbo

De família espírita, Ruy Gatto, 57, nasceu em Araçatuba (SP) e na década de 70 mudou-se para a capital paulista, onde se formou jornalista e advogado, tendo trabalhado como promotor de Justiça até se aposentar, em 2005. Atualmente, tem se dedicado a estudar temas específicos relacionados com o assunto de sua tese: A Relevância do Ensino da Astronomia na Pedagogia Espírita, que pode ser acessada no site www.scribd.com

“Procuro me manter atualizado com a literatura de divulgação científica. Não deixo de lado uma boa história de ficção científica ou os livros que tratam de Ufologia e outros assuntos correlatos. Aposentado, posso me dedicar mais ao estudo do Espiritismo, que venho mantendo como minha principal atividade. Fiz parte da primeira turma de alunos do Curso de Educação e Pedagogia Espírita organizado pela professora Dora Incontri, na Faculdade Santa Cecília, em Santos, em 2005”, diz.

Folha Espírita – Fale-nos sobre sua dissertação sobre Astronomia e Pedagogia Espírita.


Ruy Gatto – Meu trabalho surgiu ao estudar a experiência pedagógica de Eurípedes Barsanulfo, no início do século XX, em Sacramento (MG). A Astronomia era uma das principais disciplinas ensinadas no Colégio Allan Kardec. Naquele tempo, Camille Flammarion destacava-se como o grande divulgador da Astronomia que, segundo ele, comprovava os princípios do Espiritismo, especialmente a sobrevivência do ser após a morte e a pluralidade de mundos habitados.

Nas aulas do Colégio Allan Kardec o livro Astronomia Popular, de Flammarion, e os binóculos que levavam o nome do astrônomo francês eram utilizados nas indispensáveis aulas ao ar livre, num método que guardava estreita relação com a pedagogia inspirada em Pestalozzi e, com certeza, também no ensino dos espíritos.

Na minha tese, parto da constatação de que nós, habitantes deste planeta, vimos evoluindo no conhecimento do mundo que nos cerca, saindo da concepção de um mundo fechado, pequeno, de interesses imediatos, para a sensação alucinante de que estamos em um universo cada vez mais amplo, mais variado e difícil de entender. Para isso, o Espiritismo tem uma contribuição enorme a dar, ao retomar a concepção de que somos, como dizia Flammarion, “cidadãos do universo”. Nossa condição de habitantes de uma esfera planetária nos coloca diante de uma perspectiva nova quanto à nossa origem e destino. As consequências morais de tal compreensão são imediatas, quando se adota tal perspectiva, como tiveram oportunidade de demonstrar na prática, cada um a seu tempo, Flammarion e Eurípedes.

FE – Por que escolheu essa temática?


Gatto – Um dos professores do curso de pós-graduação em Santos, Alessandro Bighetto, estava concluindo a sua dissertação de mestrado para a Faculdade de Educação da Unicamp sobre o educador Eurípedes Barsanulfo e o Colégio Allan Kardec, em Sacramento.

Conhecendo o trabalho de Bighetto, decidi quase que imediatamente qual seria o tema do meu trabalho de conclusão do curso de pós-graduação. O Colégio Allan Kardec foi fundado por Eurípedes logo em seguida à verdadeira crise provocada na cidade de Sacramento por causa da conversão de Eurípedes ao Espiritismo, que levou ao fechamento do Liceu Sacramentano.

Em meio à aflição de Eurípedes, ele recebeu a mensagem psicografada do Espírito de Maria, mãe de Jesus, incentivando-o a fundar e instalar em Sacramento o Colégio Allan Kardec, que seria, dizia ela, “acobertado no manto de meu amor”. E, além de pedir que fosse ensinado o Evangelho de Jesus, o elevado Espírito instruía Eurípedes, especificamente, a “instituir um curso de Astronomia”.

FE – As teorias espíritas acerca do Universo em geral e do nosso sistema em particular estão em conformidade com a ciência?


Gatto – Se soubermos compreender o Espiritismo e a própria ciência, veremos que ambos estão estreitamente relacionados e têm um caráter que passa pela nossa evolução moral, que, do ponto de vista espírita, nunca está dissociada do progresso material e tecnológico. Estando intimamente ligados (basta lembrar o tríplice aspecto da Doutrina), caminham lado a lado, e mesmo quando se vê a ciência tão restritiva no admitir o espírito, constata-se que as teorias e as descobertas científicas convergem, ainda que muitos o neguem, para o aperfeiçoamento do ser inteligente.

FE – Os observatórios radioastronômicos da Terra têm captado mensagens do espaço que poderiam ser de extraterrestres?


Gatto – Ainda não recebemos qualquer mensagem do “homenzinho verde”. Há, periodicamente, sobressaltos com a recepção de sinais que podem ser atribuídos a alguma forma inteligente de comunicação. Mas, invariavelmente, depois de algum tempo, sempre aparece alguma explicação diferente. No entanto, as pesquisas e observações nesse campo têm se tornado cada vez mais numerosas. O projeto SETI, pioneiro na tentativa de obter contato com civilizações extraterrestres por meio de radiotelescópios, continua em atividade. As sondas enviadas ao espaço têm cada vez mais instrumentos destinados a pesquisar a presença de vida e obter, ainda que indiretamente, alguma forma de “sinal inteligente”.

FE – Quais os países mais adiantados nessas pesquisas?


Gatto – Todos os países mais adiantados estão envolvidos, em maior ou menor grau. É preciso ressaltar, no entanto, que os cientistas espaciais observam extrema cautela ao tratar do assunto e, por isso, em meu modo de ver, não incluem expressamente entre os objetivos divulgados o possível contato com inteligências alienígenas. Mas esse intento está ficando cada vez mais claro. Uma evidência disso é que os esforços têm sido concentrados na descoberta de planetas situados na chamada Zona Habitável. Esse é o nome dado à região em torno de cada estrela onde podem existir planetas semelhantes ao nosso, com maior chance de haver vida como a conhecemos, inclusive vida inteligente.

Tem se desenvolvido, também, a Astrobiologia, ciência que investiga o surgimento da vida, mesmo em planetas que apresentem condições hostis, em que aparentemente a vida seria inviável. Acontece que aqui mesmo, na Terra, têm sido descobertos exemplos de organismos que sobrevivem em condições ambientais extremas.

Não é difícil imaginar que os cientistas constatarão um dia que é inteiramente verdadeira a afirmação dos espíritos – e de Kardec – de que em toda parte há “vida e movimento”, constatação que está na inteira dependência, segundo penso, do desenvolvimento tecnológico e, também e principalmente, condicionada ao aperfeiçoamento moral da humanidade.

FE – O chamado Universo Paralelo, noticiado recentemente e pesquisado pelos cientistas do CERN, equivale ao que espíritas e espiritualistas denominam de Mundo Espiritual?


Gatto – Com o avanço tecnológico aumenta o nível de conhecimento acerca da origem e do destino do nosso Universo. Há poucos anos as observações astronômicas constataram que o Universo está se expandindo num ritmo de aceleração constante. Acontece que toda a matéria e energia conhecidas – segundo as leis que regem sua interação – não são suficientes para justificar a força que impulsiona essa aceleração. Com isso e com novos trabalhos científicos sendo apresentados, têm aumentado as críticas ao modelo do chamado “Big Bang”, a explosão primordial, como a origem de tudo. Várias teorias convivem segundo modelos matemáticos muito sofisticados e, em resumo, o que se vê é algo a que os estudiosos do Espiritismo estão acostumados: quanto mais avançamos em termos de conhecimento, mais perguntas surgem e mais nos aproximamos da ideia de infinito. Com tudo isso, a questão da identificação do mundo dos espíritos com outros universos, para mim, ainda está em aberto.

FE – O que nos diz sobre os OVNIs?


Gatto – Ainda vale, até segunda ordem, o chamado “paradoxo de Fermi”, estando sem resposta a pergunta do famoso cientista italiano: “Se eles existem, onde estão?” Enquanto não houver resposta inequívoca a essa pergunta – e não há – resta a esperança de que eles estabeleçam contato efetivo conosco.

Gosto de lembrar, a respeito desse assunto, que num dos famosos programas Pinga-Fogo, Chico Xavier afirmou, com a propriedade de sempre, que nós precisaríamos evoluir para estarmos em condições de estabelecer esses contatos.

FE – Algumas mensagens recebidas mediunicamente dizem que o planeta Marte tem uma característica que parece não corresponder com as imagens recebidas do Planeta Vermelho. A que atribuir a discrepância?


Gatto – Eventuais contradições ou incoerências em relação às comprovações científicas não invalidam os princípios da Doutrina. Kardec sempre fez questão de destacar que para a Doutrina o essencial será sempre o aspecto moral advindo dos ensinamentos de Jesus. Tudo o mais é acessório. Coerente com tal princípio, ele não se privou de divulgar relatos aparentemente conflitantes sem se importar com isso em dar munição para os críticos: ora um espírito faz referência de que Marte seria um planeta menos evoluído em relação à Terra; em outra ocasião, há notícias de que os nossos irmãos do Planeta Vermelho já alcançaram estágios mais avançados na sua trajetória evolutiva. A contradição é apenas aparente e só contempla a sofreguidão dos céticos de plantão.

Dentro dos princípios da Doutrina a contradição não existe. Nem sempre estamos diante de mistificações. É preciso respeitar a condição do espírito comunicante e a do médium. Lembremo-nos, ainda, de que seres, encarnados ou não, estão em diferentes estágios evolutivos e têm diferentes possibilidades de percepção. Por isso, esses relatos devem ser vistos como testemunhos que nem sempre abrangem todos os aspectos da realidade e devem servir sempre para dar embasamento aos ensinamentos dos Espíritos que, em sua essência, têm a ênfase na questão moral, como advertiu Kardec.

Quanto a ser Marte um planeta habitado ou não, evoluído ou não, é questão que paulatinamente vai ser revelada, com o auxílio da tecnologia e na dependência da nossa maior compreensão de todos esses fenômenos.

FE – Como interpretar o “Há muitas moradas na casa do Pai” à luz da ciência?


Gatto – Na medida em que evoluiu nosso conhecimento, inclusive por meio da revelação dos Espíritos na Codificação, hoje podemos entender que todos os orbes celestes, nos mais recônditos cantos do Universo, qualquer que seja a sua forma, estão povoados de seres inteligentes, desde os mais primitivos até os mais evoluídos, todos envolvidos na sagrada tarefa de buscar a perfeição do ser.

Começamos a ver que a pluralidade de mundos se estende para além do espaço e do tempo, tudo se encadeando na grandeza da obra da Criação. Eurípedes, segundo nos informa Tomás Novelino, que foi seu aluno e seguiu sua obra, dizia que “a Astronomia nos proporciona o melhor argumento a favor da existência de Deus”. O Espiritismo, realmente, nos dá o instrumental necessário para compreendermos essa afirmação e assim praticarmos os preceitos morais do Cristo de forma mais ampla e efetiva.

“É difícil admitir que estejamos próximos de ver desvendado pela ciência o mundo dos espíritos”

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Ruy Gatto

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