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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Doenças mentais na abordagem médico-espírita

ENTREVISTA: DR. MÁRIO SÉRGIO SILVEIRA

Medinesp 2007 – 150 anos em busca da integração corpo-mente-espírito
Ismael Gobbo igobi@uol.com.br

Doenças Mentais na Abordagem Médico-Espírita foi o tema da palestra do psicólogo Mário Sérgio Silveira, assessor técnico do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, em Curitiba (PR), e psicoterapeuta de orientação transpessoal no Medinesp 2007, o congresso das Associações Médico-Espíritas do Brasil e Internacional. Abaixo, transcrevemos os principais pontos abordados em entrevista sobre o assunto à Folha Espírita:

Folha Espírita – Do ponto de vista espírita, qual o modelo de inconsciente que melhor explicaria as doenças mentais?
Mário Sérgio Silveira – Estou trabalhando na idéia de um modelo informacional da consciência, compreendendo que matéria é energia e a energia transporta informação. Assim como o Universo é informacional, da mesma maneira a consciência humana é um sistema informacional estruturado em diversos níveis. Então, na minha opinião, a melhor forma para entendermos as relações entre espírito e matéria é compreendermos de que maneira a informação circula no sistema energético humano, dos campos sutis do perispírito e do próprio Universo para o corpo físico. Esse modelo já é conhecido há milhares de anos como o sistema de chakras, da tradição oriental, e agora retomado através de conceitos mais modernos da Física Quântica.

FE – Para o profissional espírita, médico ou psicólogo, qual a importância de se ter um modelo de inconsciente? Ajudaria no diagnóstico e tratamento?
Silveira – É importante nós termos um modelo transdisciplinar, resultante do debate entre ciência, filosofia e tradições espirituais, que inclua a dimensão espiritual. Pela minha experiência em hospital psiquiátrico, onde lidamos com doenças mentais graves, embora a manifestação do desequilíbrio mental possa efetivamente ser diagnosticada e receber denominações em nossas classificações, como o CID10 ou o DSM4, é importante compreendermos que a causa do desequilíbrio está fundamentalmente no espírito e na sua história evolutiva através das diversas experiências reencarnatórias. Então, por mais que a manifestação do desequilíbrio possa receber um diagnóstico psiquiátrico, eminentemente descritivo, um modelo informacional da consciência permitiria que nós entendêssemos melhor a origem e a causa desse desequilíbrio, em que nível teve origem e, conseqüentemente, teríamos condições de tratar efetivamente as causas nos níveis adequados.

FE – Como diferenciar desequilíbrios espirituais de desordens mentais?
Silveira – Como a realidade é única, como nada no Universo é separado, as diferenças que existem no entendimento dependem do modelo de leitura da realidade que é utilizado, porque, na verdade, todo desequilíbrio é espiritual e se manifesta nos diversos níveis, emocional, mental e físico. Então, precisamos entender que o núcleo informacional da consciência é o espírito e que o desequilíbrio que está presente nesse arquivo informacional vai se refletir nos demais níveis.

FE – O senhor acha que o tratamento espiritual ajuda ou complementa o tratamento médico?
Silveira – Cada vez mais o tratamento espiritual é fundamental e em todas as especialidades da Medicina. Por mais que tenhamos de fazer intervenções freqüentemente no nível do corpo, no nível biológico, inclusive através de medicação alopática e cirurgias, buscando corrigir aquele desequilíbrio que já se consolidou no plano físico da energia, que chamamos de matéria, quanto mais conseguirmos trabalhar no nível das causas iniciais, estaremos fazendo não apenas tratamento, mas também prevenção primária. Com o tratamento espiritual, podemos evitar que doenças mais graves se manifestem no plano da matéria, porque não podemos esquecer que nós todos somos herdeiros fundamentalmente de nós mesmos, em nossa caminhada evolutiva.

FE – Em função disso, o senhor acha que o hospital psiquiátrico espírita tem melhores resultados no tratamento das doenças mentais?
Silveira – Não basta apenas ter o nome de hospital espírita obviamente. Mas, sem dúvida, no Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, em Curitiba, trabalhamos com uma visão inter e transdisciplinar, e isso significa que o espiritual é parte do tratamento recebido pelo paciente. Nós, todavia, queremos mais, trabalhando para conseguir que o espiritual seja o elemento que transcenda e integre todas as demais especialidades que tenham ação no tratamento do paciente. Então, mesmo que os resultados não sejam visíveis imediatamente, porque freqüentemente são patologias crônicas de longo curso e de difícil solução, ainda assim estaremos contribuindo no processo evolutivo do espírito que já terá resolvido mais alguns dos seus problemas ainda nesta existência e, quem sabe, poderá avançar em seu processo evolutivo com mais tranqüilidade. Entendemos também que a doença de hoje é parte da cura da alma. Por outro lado, temos tido excelentes resultados através do grupo de desobsessão, às vezes “da noite para o dia”. Os casos mais críticos são os de pacientes com risco, ideação e vozes de comando para o suicídio. Normalmente, grandes levas de suicidas são encaminhados para atendimento na dimensão que chamamos espiritual, pois eles são recrutados para ficar junto de pacientes depressivos para induzi-los ao ato.

FE – Como o psicólogo espírita utiliza no seu consultório essa ferramenta importante que é o conhecimento da espiritualidade?
Silveira – Fiz um longo percurso nos meus 30 anos de profissão, passando pela psicanálise e pelo psicodrama, mas sempre com essa busca no sentido de integrar o conhecimento espírita e da espiritualidade. Felizmente, o caminho que encontrei foi o da Psicologia Transpessoal, que estuda a espiritualidade através dos diversos estados de consciência. Então, minha sugestão para os psicólogos jovens que desejam incluir a espiritualidade nas suas clínicas é que sigam o caminho da Psicologia Transpessoal e da Psicoterapia Regressiva, por mais que existam algumas críticas de que não devamos mexer com aquilo que deve ser esquecido. Concordamos em um primeiro momento, porém sabemos que o que não lembramos de modo consciente permanece inconsciente e gerando efeitos, os sintomas como retorno do recalcado. Com a técnica adequada, o trauma vem à tona e pode ser trabalhado e, aí sim, ser de fato esquecido. A minha sugestão é para que os jovens psicólogos, psicoterapeutas e médicos entendam que hoje é esse o caminho que a ciência ocidental nos oferece, ou seja, o da Psicologia Transpessoal, a psicologia da transcendência.

FE – Alguns hospitais espíritas que conhecemos nos informam que os órgãos da Saúde não fazem nenhuma proibição à terapêutica complementar espiritual, apenas esta não pode figurar no prontuário do paciente. No hospital em que o senhor trabalha também é assim?
Silveira – No Hospital Bom Retiro temos uma espécie de formulário onde o paciente, ou sua família, consente ou não o atendimento espiritual que oferecemos. Desta forma, o tratamento espiritual é uma escolha voluntária que, para nossa alegria, é aceito pela maioria dos pacientes, inclusive pelos não espíritas. Esse tratamento consiste em palestras e momentos de reflexão sem qualquer proselitismo religioso, passes e distribuição da água fluidificada, além das reuniões de desobsessão para os pacientes que as equipes terapêuticas indicam.

FE – Como abordar essas questões para os não espíritas?
Silveira – A espiritualidade não é domínio exclusivo do Espiritismo, mas uma realidade que se encontra na essência do ser humano. No paradigma ocidental, nós, infelizmente, tendemos a negar a dimensão da espiritualidade, que é um domínio essencial do ser humano. Então, o que tenho observado, mesmo no consultório particular, é que as pessoas procuram a espiritualidade porque sentem a necessidade de uma reconexão com sua própria essência. E nós temos a oportunidade de entender que a origem de muitos desequilíbrios que sofremos em nossas vidas está na falta de conexão com essa dimensão tão essencial, nuclear mesmo, que é a dimensão espiritual. Portanto, não vejo problema quanto a isso; nós podemos abordar, evidentemente respeitando a crença do paciente, as questões espirituais que dizem respeito a todos nós. Com relação a esse tema, vale a pena ler o livro do dr. Harold Koenig, Espiritualidade no Cuidado com o Paciente, editado pela Associação Médico-Espírita.

Medinesp 2007 – 150 anos em busca da integração corpo-mente-espírito
PUBLICADA NA FOLHA ESPIRITA, AGOSTO, 2008

Ismael Gobbo igobi@uol.com.br

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