BLOG DE NOTÍCIAS DO MOVIMENTO ESPÍRITA.....ARAÇATUBA- SP

Atenção

"AS AFIRMAÇÕES, INFORMAÇÕES E PARECERES PUBLICADOS NESTE BLOG SÃO DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DE QUEM OS ELABOROU, ASSINA E OS REMETEU PARA PUBLICAÇÃO. FICA A CRITÉRIO DO RESPONSAVEL PELO BLOG A PUBLICAÇÃO OU NÃO DAS MATÉRIAS, COMENTÁRIOS OU INFORMAÇÕES ENCAMINHADOS."

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Focalizando o Trabalhador Espírita Rubens Toledo

Rubens Toledo

rubenstol@gmail.com

Entrevista para Ismael Gobbo ao Notícias do Movimento Espírita


O entrevistado Rubens Toledo é um trabalhador espírita residente na cidade de Jaguariúna, região de Campinas, SP. Conhece a Doutrina Espírita desde a infância pelas mãos do irmão Antônio Salvador e com este começou a freqüentar reuniões na Federação Espírita do Estado de São Paulo. Na cidade de Campinas, sempre esteve muito presente nos labores espíritas, tanto nos centros espíritas que freqüentou como no trabalho de unificação fomentado pela USE-União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, regional de Campinas, da qual é o atual presidente. Hoje, além dos trabalhos na casa espírita, Rubens está se dedicando exclusivamente ao programa A Vida Continua, transmitido pelo Canal 8 NET–Campinas; Canais 9 e 96 da NET-ABC e TV Cidade, NET-Taubaté.


Ismael Gobbo – Caro amigo Rubens Toledo. Poderia nos fazer sua apresentação?

Sou nascido em Mococa, SP, filho de Antônio Emídio de Toledo, motorista de caminhão e cantador em folia do Dia de Reis, e de Angelina Mazza, filha de imigrantes italianos. Vim ao mundo num Sete de Setembro (1955), ao som da fanfarra e marchas militares que marcam essa data cívica. A parteira brincou com a família, dizendo que o bebê nascia “independente”. Vivi a infância tranquila entre mangueiras, campos verdes e a represa do Limoeiro, uma hidrelétrica no Rio Pardo. Aos 11 anos, órfão de pai e mãe, acompanhei três irmãos mais velhos – Salvador, Jair e Sidnei (nós formamos um grupo musical – Os Naturais) -- para a Capital. Uma história parecida com a de muita gente que vai à cidade grande em busca de melhor sorte. E lá cada qual encontrou um destino, sem falar aqui dos outros nove irmãos espalhados pelo mundo.

Qual a sua formação acadêmica e profissional?

Sou jornalista, formado pela Escola de Comunicações e Artes (USP). Fiz alguns cursos de extensão universitária e pós-graduação em Marketing Estratégico. Iniciei curso de Filosofia e Ciências Humanas na Unicamp. Desisti do curso, cansado das aulas saturadas de teorias marxistas e nihilistas, às quais sempre contrapunha as idéias libertadoras do Espiritismo. A meu ver, a academia precisa renovar-se.

Como você conheceu o Espiritismo e desde quando o freqüenta?

Ainda criança participava de cultos do Evangelho no Lar à margem dos riachos e à sombra de grandes árvores, aprendendo as primeiras lições espíritas com meu irmão Salvador. Em São Paulo, acompanhando o mano querido, freqüentei as sessões matinais de domingo na FEESP (antiga sede da Rua Maria Paula) e também algumas aulas do professor Rino Curti, na Coligação Espírita Cristã. Meu primeiro emprego, de office-boy, foi no Centro de Valorização da Vida, o CVV, onde Salvador era plantonista. Não posso negar que cresci num meio bem espírita! A partir de 1977, jovem universitário, conheci a atual esposa, Claudete, e as três filhas que assumi como minhas. Hoje, elas me compensam, com sobras, com a alegria de seis lindoslindos netos! Sem violentar consciências, vi que as noções cristãs foram acolhidas nesses corações que a Bondade Divina me confiou. Agradeço a Deus a esposa Claudete, paciente e devotada, que compreende a importância do trabalho de difusão doutrinária e que impõe períodos de ausência do lar.

A que casa está vinculado presentemente e quais os trabalhos que nela desenvolve?

No Dias da Cruz, em Campinas, à qual dediquei grande parte de minha vida (de 1984 a 2003), cumpri todas as tarefas que se podem atribuir a um tarefeiro. Da evangelização às lides administrativas, encapei e organizei livros nas estantes, redigi atas e presidi, por três mandatos sucessivos, a instituição fundada pelo saudoso amigo e médico psiquiatra Wilson Ferreira de Mello. Como trabalhador da USE, passei a colaborar em várias casas sem pertencer a nenhuma propriamente. Ainda sonho, um dia, retomar a rotina de trabalhador num Centro Espírita, cumprindo as tarefas mais simples. Até mesmo, quem sabe, fundar um pequeno Centro.

Poderia nos fazer uma trajetória de sua participação no movimento durante estes anos?

Desde que me fixei em Campinas, no início dos anos 80, fiz amigos no Centro Espírita Allan Kardec, que foi a primeira casa que me abriu os braços e acolheu. Ali, tive o carinho de pessoas como Therezinha Oliveira e sua mãe, dona Anita, Clayton Levy e muitos outros. Quis a Providência Divina, e não foi por acaso, que fosse ajudar na Instituição Dias da Cruz, a que me referi. Ali reencontrei o dr. Wilson, a quem levava fichas dos atendidos nos plantões do CVV para avaliação clínica.

Foi também em Campinas que conheci o grande amigo Arnaldo Divo de Camargo, diretor da Editora Mensagem de Esperança (EME), de Capivari, SP, e presidente do grupo espírita de mesmo nome. Na EME, tenho sido colaborador na revisão e preparação de originais das obras destinadas a publicação. Como jornalista, colaboro também com pequenos textos para ilustração de capas e contracapas. É uma experiência que só me tem enriquecido e colocado em contato com autores e obras admiráveis. Também colabora na Revista EME, como jornalista responsável, e também como um dos seus articulistas.

Paralelamente à atividade no Centro, abracei a causa da unificação, à qual estou vinculado desde 1989, quando passei a colaborar nas diretorias da USE-Campinas. Ainda como tarefa em prol da unificação e difusão dos postulados espíritas, assumi a responsabilidade editorial de Alavanca, periódico de larga tradição no meio espírita e que deixou de circular em 2004. À época, o jornal era editado com muita competência por Therezinha de Oliveira e Clayton Levy, também jornalistas. A partir de 2000, passamos a produzir e apresentar o programa A Vida Continua, no canal comunitário (TV a cabo), no ar há dez anos. É nossa vontade também retomar o jornal Alavanca, em formato eletrônico, no site da USE-Campinas (www.useicampinas.com.br).

E no trabalho de difusão?

O Congresso Estadual de 2003, que a USE promoveu em Campinas, com apoio dos órgãos regionais, foi um divisor de águas na minha trajetória. A partir de então, passei a dedicar-me exclusivamente à obra da Unificação e à difusão doutrinária, centrando todos os esforços na produção e apresentação do programa A Vida Continua.

Alguma novidade em andamento nesse particular?

Ah! Sim. O programa estará disponível também na página www.avidacontinua.org.br, site que se encontra em construção. Quero armazenar todos os programas já produzidos (mais de uma centena!), como também as canções que compõem o CD “Paz na Terra”, lançado durante o Congresso Estadual de 2003. Aliás, gostaria muito de colocar esse serviço à disposição deste trabalho de divulgação que você, Ismael, vem fazendo pela Internet, que merece todo o nosso reconhecimento.

Como tem enxergado a expansão da Doutrina Espírita?

Vivemos um tempo extraordinário. A mensagem espírita está acessível “a todos que têm olhos de ver”. Na televisão, no cinema, nos livros traduzidos em várias línguas e, sobretudo, na Internet. Acredito que a web cumprirá um papel primordial de propagação do Espiritismo neste século 21. Nunca imaginei que ainda veria, nesta existência, o livro Nosso Lar transformado em filme, batendo recordes de bilheteria...

Estamos preparados para receber na casa espírita aqueles que a procuram, incentivados pela maciça difusão através de jornal, radio, TV e cinema?

Não totalmente. Mas em cada cidade, sempre haverá um bom centro espírita para compensar as falhas e despreparo de outros.

Acha que vai bem o nosso Movimento de Unificação?

Lamentavelmente, acho que não. Sou de uma geração romântica, em que as criaturas renunciavam aos caprichos e o lazer para estudar e viver a Doutrina Kardequiana. Felizmente, há exceções. Admiro o trabalho realizado nas USEs de Bauru, Sorocaba e Araçatuba, claro. Admiro o zelo de instituições como o Centro Espírita Amor e Caridade, de Bauru, que visitei recentemente, e a dedicação dos seus trabalhadores. Há outras casas respeitáveis que poderia citar, mas acho que perdemos muito daquele entusiasmo de outrora.

Quais os principais momentos e pessoas que mais lhe marcaram na caminhada de espírita?

Vivi uma emoção ímpar no Congresso Espírita Brasileiro de 1999 (realizado em Goiânia), quando, numa conferência de Divaldo Franco, vi pela primeira vez o médium transfigurar-se e transmitir-nos uma mensagem de Bezerra. Outra emoção inesquecível foi poder cantar minha canção em homenagem a Chico Xavier durante o Congresso de 2003. Foi como se o sentisse próximo ao coração. Orgulho-me também de boas reportagens, como a cobertura da despedida de Chico Xavier, em Uberaba, e a entrevista com Hernani Guimarães Andrade, na sede do IBPP, em Bauru, material que foi levada a vários países.

Algo mais que queira acrescentar?

Conto abaixo, na forma de crônica, uma experiência curiosa e edificante. Aliás, espero publicá-la também no site A Vida Continua, tão logo você autorize. E deixo um abraço caloroso a todos os amigos que nos lêem aqui.

LIÇÕES DE OURO

Escândalo à porta do Centro Espírita

O que de pior poderia acontecer a um centro de espírita de boa reputação do que uma desavença à sua porta em dia de palestra? Pois era o que estava prestes a ocorrer naquela manhã de domingo.

Quando me aproximei da entrada, ouvi parte da troca de acusações entre o caseiro e um casal de andarilhos:

— Se continuar insistindo, serei obrigado a chamar a Polícia — ameaçou o zelador, tentando pôr fim à cena constrangedora.

— Demorou! Só sairei daqui depois que receber pelo meu serviço — desafiou a moça, de feio aspecto, cabelos desgrenhados e trajes pouco adequados. O companheiro postava-se a distância, dando reforço.

Percebi logo o mal-estar geral, enquanto os frequentadores entravam discretamente pelo portão lateral, evitando confrontos ou envolvimento.

— Bom dia! — exclamei, como se nada estivesse acontecendo.

A moça, por sua vez, devolveu-me o bom-dia, em alto e bom som, enquanto o caseiro me piscava um olho e cochichava ao ouvido.

— Complete os cinco reais que ela cobra, e eu te reembolsarei depois — disse ele, visivelmente embaraçado.

— Claro! — falei com naturalidade, voltando-me para a moça e já revirando um dos bolsos.

Percebi que a agitada visitante fora tocada na sua vaidade feminina, porque tentava arrumar os cabelos e falar num tom mais educado.

— Isso aí é um culto? Se eu entrar lá, eles tiram espírito da gente? — perguntou ela, já quase esquecida da rixa com o caseiro.

— Sim. Mas isso pode ser feito aqui mesmo. Aliás, um espírito perturbador está sendo afastado agora pelos benfeitores que orientam os trabalhos desta casa... — disse eu, surpreso comigo mesmo. De onde tirara tal ideia?

A moça contraiu o semblante, e os olhos me fitaram cheios de curiosidade.

Ao estender a nota de dez, o homem, que a acompanhava, interveio e cobrou vinte. Eu atendi, compadecido. Afinal, o que não faríamos para desfazer aquela situação desagradável?

Ela, interessada, retornou:

— Você não tem um livro para mim? Gosto de abrir páginas, ao acaso, e ver a mensagem.

Estranhei o pedido. Como poderia pedir um livro se mal sabia o que era um centro espírita?

Sem duvidar das suas intenções, fui até a livraria e voltei com o livro Encontro Marcado, de Emmanuel, psicografia de Chico Xavier.

— Este é um presente do Chico para você. Sabe quem é ele?

Ela mirou a capa, que trazia a figura do médium mineiro, e falou maliciosa:

— Claro. Eu cresci em Uberaba... — Um dia eu quero voltar aqui, bem vestida e arrumada, e participar do culto. Eu sabia que os espíritas não iriam agir “errado” comigo.

O casal se foi, satisfeito, ziguezagueando pelas ruas, com destino incerto, enquanto eu refletia nas responsabilidades sagradas de todos quantos estamos investidos do dever de servir.

Que atitude se espera daquele, à porta do templo erguido em nome do Cristo , senão aquela em acordo com a lei de amor que Ele ensinou?

O expositor iniciava a palestra. A platéia, com os olhos pregados nele, parecia aliviada. Sobretudo o zelador, que veio me agradecer todo embaraçado.

— Assim que puder, eu te restituirei a quantia. Obrigado!

Eu apenas sorri. E continuei meditando.










LEGENDA: Rubens Toledo com a esposa Claudete num passeio em Rondônia; idem numa viagem a Cuiabá,MT; Rubens Toledo, com amigos do C. E. Sementes de Luz, de Holambra, SP. Na seqüência, ao lado do neto, Caio Franchi, cantando ao violão; Rubens, no centro, com os irmãos Salvador e Sidney, em Ji-Parana, RO; com a amiga Leila Oliveira, do Sementes de Luz; com dona Eva Borges, do Luz no Caminho, de Jaguariúna, SP; com José Antônio L. Baliero, na USE-Campinas; Rubens numa entrevista com o ex-governador de São Paulo, Laudo Natel.

OBS: AS FOTOS Desta entrevista só PODERÃO SER UTILIZADAS EM OUTRAS PUBLICAÇÕES MEDIANTE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO entrevistadO.


0 comentários: