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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Jesus, o terapeuta transpessoal

ENTREVISTA DR. ALBERTO ALMEIDA

Medinesp 2007 – 150 anos em busca da integração corpo-mente-espírito

PUBLICADA NA FOLHA ESPIRITA NOVEMBRO/2007

Ismael Gobbo igobi@uol.com.br

Médico e terapeuta transpessoal, com formação em Homeopatia, Dinâmica de Grupos, Terapia Regressiva a Vivências Passadas, Terapia Familiar Sistêmica e Programação Neurolingüística (PNL), Alberto Almeida, diretor científico da Associação Médico-Espírita do Pará, tem o dom de prender a atenção das platéias que o assistem, principalmente quando fala de Jesus. E não foi diferente no encerramento do primeiro dia do Medinesp, o congresso internacional da Associação Médico-Espírita, ocorrido em junho, em São Paulo (SP), ao falar do trabalho de Jesus como terapeuta transpessoal da humanidade. A apresentação rendeu um delicioso bate-papo, que reproduzimos abaixo:

Folha Espírita – O pedagogo e psicólogo Pierre Weil diz que Jesus foi um grande terapeuta, pois, além de cuidar dos sofrimentos físicos das pessoas, procurou realizar a terapia de toda humanidade através de um nível transpessoal, quer dizer, pela aproximação da consciência do que ele chamava “reino do Pai”. Ainda segundo Weil, Jesus ensinou o caminho para alcançar esse reino através do amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Você concorda?
Alberto Almeida – Sem sombra de dúvida, Jesus foi um grande psicoterapeuta e um pedagogo singular, cuja magnitude a humanidade não encontra precedentes. Aliás, depois dele e até hoje, não conseguimos encontrar alguém que pudesse se equiparar à sua grandiosidade. Jesus mergulhava nos fulcros da alma, sabendo abordar os conflitos com precisão e de maneira a conduzir cada pessoa com quem convivia para o encontro das soluções desejáveis, pois o pedagogo, na realidade, é aquele que conduz, e Jesus, ainda hoje, permanece como o inigualável condutor de almas. Ele se enquadra numa perspectiva de transpessoalidade porque o seu próprio nascimento e a sua morte foram mitos de finitude quebrados pela eloqüência de sua vida. Predito e depois ressurrecto, provou que a vida transcende a própria estrutura biológica. Sendo assim, ele assentaria toda sua psicoterapia e toda sua pedagogia na amorosidade e na concepção de uma vida perene, de sorte que todos os problemas, conflitos, limitações e bloqueios fossem visualizados por ele numa profundidade sem par que fazia com que, a partir de então, o atendido contasse com instrumentos que lhe permitissem viver a imanência da vida física e a transcendência ao mesmo tempo, ganhando forças para superação de seus próprios limites e resolução dos seus conflitos.

FE – A terapia transpessoal de Jesus se explica pela ciência?
Almeida – Sim, porque ela tem tudo aquilo que as abordagens transpessoais oferecem, seja no campo da administração da Psicologia, da Medicina, da Pedagogia. O jeito de abordar o ser humano, de olhar a vida indo além de uma consciência de vigília, portanto, detendo uma perspectiva de ampliação da consciência, fez e faz de Jesus um ser inigualável, que demonstra sua transpessoalidade nos fenômenos paranormais quando, abordando as questões emergentes do cotidiano, manifesta a sua grandiosidade, atendendo aquilo que hoje a Parapsicologia caracteriza como fenômenos psi-gama.

FE – Você pode citar exemplos?
Almeida – Um exemplo é a clarividência, quando Jesus diz a Pedro que lance a rede em determinado ponto, depois de terem passado a noite sem nada pescar. Ele também demonstra a telepatia, fenômeno classificado como psi-gama, pelo conhecimento do pensamento e do psiquismo das pessoas com as quais interagia, além de vivenciar a precognição e a retrocognição, quando faz uma leitura para trás e para frente na atemporalidade, demonstrando clara visão da vida, visto que não vivia apenas a consciência vígil, circunstância que lhe permitiu fazer a premonição da entrada triunfal em Jerusalém, as predições das negações de Simão Pedro e a anunciação do Consolador Prometido, dentre outras. Jesus atende também aos requisitos de paranormalidade, no que tange aos fenômenos psi-kappa, ou seja, telecinéticos ou psicocinéticos, que são aqueles em que a mente interfere objetivamente tanto nas pessoas como nas coisas, quando anda sobre as águas, se desmaterializa no templo, cura enfermos, multiplica pães e peixes. Também o vemos nos fenômenos psi-teta, que a Parapsicologia consagra como aqueles em que se relaciona com os mortos, na transfiguração sobre o Monte Tabor, onde aparece ao lado de Moisés e Elias. E na chamada expulsão dos demônios, num processo de profunda percepção do mundo espiritual, demonstrando que o seu psiquismo não estava limitado à consciência de vigília.

FE – Jesus tinha, então, a percepção do mundo como um todo?
Almeida – Ele tinha aquilo que se conhece na visão oriental como consciência desperta, ou seja, era um ser iluminado. Em síntese, Jesus tinha, sim, a percepção do mundo como um todo, tanto do mundo físico como do espiritual em suas múltiplas dimensionalidades, como o faz na revelação das “muitas moradas da casa do Pai”. E faz tudo isso com extrema beleza, porque não se apresenta como um mero demonstrador de fenômenos inteligentes revestidos da paranormalidade, mas como um legítimo terapeuta transpessoal, porque faz da consciência ampliada um espaço para a construção de uma moralidade mais ampla, possibilitando às pessoas perceberem, mesmo sem se darem conta, que elas tinham uma dimensão interna e profunda que caracterizava a divindade presente no íntimo de cada uma, enxergando o ser essencialmente bom, belo e virtuoso que dormitava no aguardo do despertar. Então, isso é o que identifica Jesus como um terapeuta transpessoal com sua capacidade de ver, enxergar a águia dentro de um ovo, a borboleta no interior da lagarta e vislumbrar o santo no interior de um homem equivocado.

FE – Em sua caminhada pela Terra, Jesus, assim como seus apóstolos, curou um grande número de pessoas. As curas de hoje são diferentes?
Almeida – As curas evangélicas obedecem fundamentalmente a dois princípios: o magnetismo humano, como propõe Allan Kardec, que é o resultado da ação do magnetizador removendo e/ou ativando a energia do paciente para promover-lhe a cura, e o magnetismo espiritual, que resulta da intervenção direta dos espíritos sobre o ser humano doente, ativando-lhe a saúde. Também podemos enxergar um terceiro princípio, que é o da mescla dos dois. Entendemos que Jesus foi o grande curador da humanidade porque intermediava o próprio criador, ensejando a Allan Kardec consagrá-lo no livro A Gênese como sendo o médium de Deus. Ele proporcionava a mediação do próprio criador, por assim dizer, em função da alta estatura espiritual que dispunha com a sua pureza de espírito, curando Ele próprio as pessoas. Os discípulos, alguns deles pela alta cota de amor, conseguiram alguns feitos. Mais tarde e ao longo do tempo, também influenciados pelos espíritos nobres, nessa associação do magnetismo humano e espiritual, muitos médiuns curadores conseguiram igualmente operar curas evocando a assistência de Deus. Na atualidade, também encontramos efetivamente curas estabelecendo-se nesse nível. Mas, se tivemos um avanço grande do ponto de vista médico, da técnica, do diagnóstico, dos exames, os resultados do ponto de vista terapêutico ainda são limitados, porque a capacidade dos médicos, dos psicoterapeutas e dos terapeutas de um modo geral, em termos de amorosidade, é igualmente limitada. Para curarmos, temos de ter muito amor, e como não temos amor, damos medicamentos. Como não temos ainda a capacidade de mobilizar as energias profundas do nosso ser para ativar as energias profundas do outro, visto que é o outro que se cura, ficamos presos às técnicas que ficam mais no campo dos efeitos, que atuam mais no corpo físico do que nas causas profundas.

FE – Qual a diferença de um terapeuta que pratica outras abordagens terapêuticas da do transpessoal?
Almeida – Há várias abordagens terapêuticas, todas elas louváveis, que têm os seus pontos de ação e o seu nível de enfoque. A terapia transpessoal se diferencia por pretender fazer uma abordagem integral do ser humano, olhando do ponto de vista físico, social, emocional, mental e espiritual, dentro de um contexto ambiental e cósmico. Logo, é uma terapia que tem uma visão holística e sistêmica, considerando, assim, o ser humano dentro de uma complexidade que é própria do ser que está na Terra. Somos espíritos fazendo uma viagem no corpo e não fazendo uma incursão em espiritualidade, o que é muito diferente. A abordagem transpessoal consegue incluir essa percepção de transcendência no ser humano, fazendo com que ele se dê conta da sua grandiosidade e da sua complexidade, indo antes do berço e além do túmulo e, assim, fazendo com que alcance uma percepção mais ampliada de si mesmo, da sua vida e do seu significado no universo. Essa abordagem, entretanto, não exclui as outras e nem necessariamente com elas conflitam. Ela apenas tem seus postulados, seus princípios próprios, que trazem uma identificação profunda com o pensamento crístico e com a Doutrina Espírita.

FE – Por que é tão importante o médico espelhar-se em Jesus?
Almeida – Porque Jesus, segundo os espíritos disseram a Allan Kardec na questão 625 de O Livro dos Espíritos, foi o espírito mais perfeito que já passou pela Terra. Sendo o mais puro, converte-se na síntese que pode nos servir de referência. O médico deve ter em Jesus o paradigma para construção dos seus pensamentos, para trabalhar as suas emoções e desenvolver as suas atividades na Terra. Aquele médico que se espelha em Jesus e tem o bisturi na mão faz com que o instrumento se movimente de uma forma absolutamente diferente de outro que o faça apenas numa perspectiva de visão médica materialista, organicista e biológica. Para nós, médicos espíritas, Jesus representa tudo aquilo que podemos aspirar como construção do nosso próprio ser, na modelação da nossa própria estrutura de personalidade, e, assim, podermos, tecnicamente, fazer uso dos recursos técnicos e terapêuticos para promover na Terra uma intervenção diferenciada. Ele é para nós o aceno para uma caminhada no campo do exercício da sabedoria, que é a expressão do amor impregnado de humildade. É um ícone, um portal, através do qual nós temos acesso a um caminho balizado pelas suas venerandas pegadas.

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