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quinta-feira, 31 de março de 2011

Unanimidade até no cinema

Publicado no jornal Folha da Região

Araçatuba, SP, 30 de março de 2011

Há cidadãos que são lembrados ainda em vida. Outros, de forma mais direta, quando já colhidos pelo fenômeno da morte. E outros tantos festejados pela vida toda e depois de mortos também.

Francisco Cândido Xavier é uma dessas unanimidades, tanto no Movimento Espírita, em que continua sendo um dos principais vultos, quanto no conceito dos brasileiros, que sempre viram em sua conduta ilibada um grande exemplo a ser seguido.

Em 2010, o Brasil inteiro e vários países festejaram o médium por conta das comemorações do centenário de nascimento. Ele nasceu na pequena e bucólica Pedro Leopoldo aos 2 de abril de 1910. Daqui a três dias (sábado) serão 101 anos.

No final de 2010, a Federação Espírita Brasileira (FEB) noticiou mais de 500 eventos e homenagens direcionados às comemorações dos 100 anos. Não por acaso, o 3º Congresso Espírita Brasileiro realizado em Brasília (16 a 18 de abril) levou o título “Chico Xavier: Mediunidade e Caridade com Jesus e Kardec”.

Nada mais apropriado, porque a vida de Chico Xavier, cujo epílogo se deu no dia 30 de junho de 2002 foi integralmente marcada pela vivência da caridade e fidelidade absoluta ao exercício digno da mediunidade, faculdade que lhe fez lograr simpatia e respeito públicos.

Ele teve a primazia de ser o primeiro grande embaixador brasileiro do Espiritismo no exterior. Em 1965, na companhia de Waldo Vieira, visitou várias cidades dos Estados Unidos e lá fundou o “Christian Spirit Center (Centro Espírita Cristão), em Washington, DC. Em 1968 debutou na televisão em notável entrevista com o repórter Saulo Gomes, da extinta TV Tupi, que também o tornou conhecido e consagrado através dos célebres programas Pinga-Fogo realizados nos meses de julho e dezembro de 1971.

Por conta do sucesso começou a receber dezenas de títulos de cidadão pelo Brasil. Em 1973 foi oficializado Cidadão Paulistano e, em Araçatuba, também foi reconhecido.

Em 1981, o diretor Augusto César Vanucci liderou um grande movimento para que Chico fosse indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Na ocasião, sem que ele suspeitasse, foi realizado pela TV Globo o programa “Um Homem Chamado Amor”, no qual desfilaram expoentes como Lima Duarte, Tony Ramos, Vanusa, Joyce, Elis Regina e o “rei” Roberto Carlos. Ao final, o Nobel que era dado como certo acabou sendo direcionado para o Escritório do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Refugiados.

Chico Xavier foi eleito “O Mineiro do Século” em pesquisa realizada pela Rede Globo Minas, no ano de 2000 e figurou nas publicações da Isto É e The Times, no ano de 1995, dentre “1000 que fizeram o século 20”, nas categorias de Filosofia, Teologia e Religião.

Vários livros foram levados para a televisão e cinema. Em 2010, o filme “Nosso Lar”, baseado em livro de mesmo nome, de André Luiz, levou mais de quatro milhões de espectadores aos cinemas e foi indicado, em pesquisa organizada pelo Ministério da Cultura, na internet, para representar o cinema nacional no Oscar, obtendo 70% dos votos. Entretanto, comissão responsável indicou o filme “Lula, o Filho do Brasil”. A biografia “Chico Xavier, o Filme”, com público recorde na estreia foi vista por cerca de 3,5 milhões de pessoas. O documentário “As Cartas Psicografadas por Chico Xavier” também entrou no circuito.

Depois de amanhã (1º de abril), um dia antes dos 101 anos, uma nova produção abordará a história de vida do médium: o filme “As Mães de Chico Xavier” vai entrar em cartaz. Inclusive em Araçatuba, com venda de ingresso já iniciada.

Por fim, diríamos que Chico Xavier, pelos seus próprios méritos, tem merecido os encômios que o mundo lhe defere. Sempre provou que o bem e o amor vencem e que vieram para ficar.

Ismael Gobbo é presidente da Aliança Espírita Varas da Videira e dirigente na USE (União das Sociedades Espíritas) Intermunicipal e Regional de Araçatuba. Descreve esta Face Espírita para publicação exclusiva na Folha.


Chico Xavier apreciando o bucólico jardim da sede da Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo, MG

Foto gentilmente cedida por John Harley Madureira Marques, Pedro Leopoldo.

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