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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Helen Keller – a vitória do Espírito sobre a matéria

Helen Keller nasceu saudável em 1880 no Alabama (EUA), mas aos 18 meses ficou subitamente cega e surda-muda, devido a uma congestão cerebral. Passou os primeiros anos da sua infância fechada numa prisão sensorial que a impedia de se comunicar. Aos 6 anos era uma criança muito nervosa com a sua infinita solidão, tida como agressiva, difícil e retardada mental. Para libertar a filha da escuridão e do silêncio, os seus pais escreveram uma carta a Alexander Graham Bell (inventor do telefone) que dava aulas a surdos e que indicou Anne Sullivan, uma professora irlandesa de 21 anos. Annie (tratamento familiar de Anne que ficou a morar em casa de Helen) estudou na Escola Perkins para Cegos porque em criança tinha sido cega, mas recuperou a visão após 9 operações. “O dia mais importante da minha vida foi o da chegada da minha professora Sullivan. Fico profundamente emocionada, quando penso no contraste imensurável das duas vidas que se juntaram. Ela chegou no dia 3 de Março do 1887, três meses antes de eu completar 7 anos.” relata Hellen Keller.

Quando Anne tocou a 1ª vez na menina, ela teve um ataque de fúria. A professora conteve-a com força e depois de acalmá-la, abraçou-a carinhosamente e disse aos pais preocupados: “Criança precisa de limites.” Anne assumiu a tarefa de ensinar a Helen as técnicas mecânicas necessárias para falar. Colocava 2 dedos (higienizando-os sempre) da aluna na boca da professora. Dizia uma palavra, fazendo-a sentir o movimento da língua entre os dedos; depois colocava os dedos da menina na sua própria boca, que se recordava dos movimentos na boca de Anne e reproduzia-os. Outra técnica: ela colocava um objecto na mão da aluna, no braço dela colocava os seus lábios e pronunciava o nome do objecto; pelas vibrações a menina era capaz de repetir.

Helen Keller e Anne Sullivan

Helen Keller e Alexander Bell

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Num depoimento de 1927, Helen narra o ponto culminante das suas experiências, a partir do qual mudou, para ela, o sentido da vida. Anne, a sua incansável e devotada professora, estava com ela há apenas um mês e já lhe ensinara o nome de vários objectos. Ela colocava-os nas mãos da menina e soletrava, nos dedos, a palavra correspondente. Helen confessa, contudo, não ter a mínima ideia do que fazia. Em Abril de 1887, Anne colocou a mão de Helen na água fria e sobre a outra mão soletrou a palavra “água”. “De repente – escreve ela – senti estranha agitação dentro de mim, uma nebulosa consciência, sensação de algo de que eu me lembrava. Foi como se eu voltasse à vida depois de ter estado morta! Compreendi que aquilo que minha professora estava fazendo com meus dedos significava aquela fria coisa que escorria pela minha mão, e que era possível comunicar-me com outras pessoas através daqueles sinais.”

Estas palavras (a grifo) parecem indicar vagas sensações de remota vivência, antes da existência actual, ou seja, de outra vida. A experiência assumiu as proporções de uma revelação. “Saí dali ávida por aprender. Tudo tinha um nome e cada nome fazia nascer um novo pensamento. No caminho de casa, cada objecto que eu tocava parecia pulsar. Era porque eu via a tudo com uma visão estranha, nova, que se me revelara. Naquele dia aprendi muitas palavras novas, que fariam o mundo desabrochar para mim. Teria sido difícil achar uma criança mais feliz do que eu quando deitei na minha cama no final daquele memorável dia..."

Numa sequência rápida aprendeu os alfabetos braille e manual, facilitando assim, a sua aprendizagem da escrita e leitura. Em 1890 ela pediu à “Professora” para aprender a falar: “Eu tinha dez anos quando Annie levou-me à 1ª lição de linguagem falada na Escola de Surdos. Os poucos sons que eu então produzia, eram ruídos inexpressivos, quase sempre roucos, pelo esforço que empregava para obtê-los. Ao final da 11ª lição, fiz uma surpresa para Annie, puxei-a pelo braço, coloquei a posição da língua e disse claramente: “Já não sou muda!”. Neste raro vídeo, podemos ver e ouvir as duas heroínas a falar-nos da sua história: http://www.youtube.com/watch?v=XdTUSignq7Y

Sob a orientação de Anne, Helen matriculou-se no Instituto para Surdos de Boston e depois na Escola Oral de Nova Yorque onde, durante 2 anos, recebeu lições de linguagem falada e de leitura pelos lábios. Helen além de aprender a ler, escrever e falar demonstrou, também, uma eficiência excepcional no estudo de diversas áreas do conhecimento.

No livro Minha Vida de Mulher, Helen fala da sua religiosidade: "Ninguém pode saber melhor do que eu o que são as amarguras dos defeitos físicos. Não é verdade que eu nunca esteja triste, mas há muito resolvi não me queixar. Eis para que serve a religião: inspirar-nos à luta até ao fim, de ânimo forte e sorriso nos lábios". "Mas, uma ambição eu tenho: a de não me deixar abater. Para tanto conto com a benção do trabalho, o conforto da amizade e a fé inabalável nos altos desígnios de Deus".

Como conciliar “Carma” e Misericórdia? O deficiente visual Chico Xavier responde: "Quando temos dívida na retaguarda, mas continuamos trabalhando a serviço do próximo, a Misericórdia Divina manda adiar a execução da sentença de resgate, até que os méritos do devedor possam ser computados em seu benefício." Mas nem todo o sofrimento é somente por débitos próprios. Grandes missionários como Francisco de Assis e Francisco Cândido Xavier trazem “sofrimento-crédito”, ensinando-nos a sofrer com resignação activa e dando exemplos de determinação, perseverança, coragem e paciência. Lições que Helen Keller também nos ensinou. Assim sendo, não devemos rotular as pessoas nem fazer juízos sobre suas eventuais provas ou expiações. Poder-se-ão tratar de missões de espíritos bem mais evoluídos do que nós.

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Um dia, ao examinar uma estátua, Helen tacteou as dobras do manto, o cordão que lhe rodeava a cintura, as sandálias dos pés. “Um monge!” exclamou ela. Sempre pelo tacto, notou que um lobo tinha a cabeça encostada ao homem, que um coelho lhe descansava nos braços e que um passarinho estava aninhado no seu capuz. Deslizou os dedos pelo rosto do homem. Estava erguido para o Céu. «Ele ama a Deus e é amigo dos animais», disse ela. “Já sei! É Francisco de Assis!” Como ele, Helen Keller estava convencida de que o fim da estrada para o qual se dirigia tão pacientemente às apalpadelas era apenas o começo de uma estrada mais bela.

Quais são as suas convicções religiosas? - “Eu sou cega no corpo mas um dia sairei dele e voltarei a ver. Sou surda no corpo mas um dia voltarei a ouvir. Porque eu creio na vida após a morte! Eu sou swedenborguiana!” Helen tomou conhecimento das ideias de Emanuel Swedenborg, através do seu pai de criação, Mr. John Hitz. Ela lia-os em braille, tanto que os seus dedos sangravam. O livro My Religion (1953) é um tributo aos escritos teológicos de Swedenborg, em que ela testemunha, de forma tocante, como a mensagem da obra do “génio” sueco modificou a sua vida, tirando-a de uma outra espécie de treva e trazendo-a à luz da realidade espiritual. Para ela, Swedenborg foi "um olho entre os cegos, um ouvido entre os surdos" e "um dos mais nobres que o mundo cristão jamais conheceu." No livro, ela não mergulha fundo nas complexidades da doutrina do sábio sueco; limita-se a relatar sua experiência pessoal com ela. Sempre tivera dificuldades com os conceitos tradicionais acerca de Deus e dos mistérios da vida. Achava tocante a história pessoal do Cristo, sempre dedicado a curar os enfermos, confortar os aflitos, restituir a luz a olhos cegos (como os seus...), mas “como poderia eu adorar três pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo? Não era isto aquela espécie de falso culto tão severamente punido nos dias do Antigo Testamento?”

Emmanuel Swedenborg e Helen Keller

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Swedenborg oferecia-lhe a imagem de um céu que não era “simples colecção de ideias radiantes, mas um mundo prático, onde se podia viver.” A grande mensagem encontrada por Helen Keller nos livros do médium sueco foi a da sobrevivência do ser, ou seja, a de que “a morte não é o fim da vida, mas apenas uma de suas mais importantes experiências.” Isto bastava-lhe. A vida tinha sentido, era continuidade, mais do que mera esperança. Como verdadeira swedenborguiana, ela estava convencida de que após a morte, ela seria verdadeiramente capaz de ver. E assim, “com firme determinação, eu lanço os olhos para além de onde a vista alcança, até que a minha alma se eleve na luz espiritual e exclame: a vida e a morte são uma única coisa!” Ela confessa que deve muito ao escritor sueco, mas, na verdade, seu credo é uma mescla de todas as religiões: “onde está o amor, aí está Deus e onde está Deus, aí está a paz.”

Mas quem foi Emanuel Swedenborg? Polímata e espiritualista sueco (1688-1772), a sua vida teve episódios marcantes, como o do incêndio de Estocolmo, que foi presenciado e descrito, com detalhes, por ele, que estava a 300 milhas inglesas do local… um fenómeno de clarividência! Immanuel Kant comprovou a autenticidade de vários factos narrados pela sua paranormalidade. Influenciou outras personalidades como Abraham Lincoln e os seus escritos foram estudados por Goethe, Rousseau e Voltaire. As obras de Swedenborg têm grande valor histórico, pelas narrativas sobre a vida no mundo espiritual, como se fosse um percursor da série de André Luiz. Em Prolegómenos de O Livro dos Espíritos, Swedenborg é um dos nomes da Falange Superior que iluminou a Codificação.

Allan Kardec, na Revista Espírita (Novembro de 1859) dedica-lhe um extenso artigo, reconhecendo: “O mérito incontestável de Swedenborg, seu profundo saber, sua alta reputação de sabedoria tiveram um grande peso na propagação da crença na possibilidade da comunicação com os seres de além-túmulo.”“Apesar de seus erros de sistema, Swedenborg não deixa de ser uma dessas grandes figuras, cuja lembrança ficará ligada à história do Espiritismo, do qual foi um dos primeiros e dos zelosos promotores.” Através de um médium, Kardec dialoga com Swedenborg (Espírito), que reconhece alguns erros no que produziu em vida.

Léon Denis em O Problema do Ser, do Destino e da Dor, diz que Helen Keller “não possui, em aparência, senão o sentido do tacto para comunicar com o mundo exterior. E, entretanto, pode conversar em três línguas com seus visitantes; a sua ba­gagem intelectual é considerável; possui um sentimento estético que lhe permite gozar das obras de arte e das harmonias da Natureza. Pelo simples contacto das mãos, ela distingue o carácter e a disposição de espírito das pes­soas que encontra. Com a ponta dos dedos colhe a palavra nos lábios e lê nos livros apalpando os caracteres salien­tes, especialmente impressos para ela. Eleva-se à con­cepção das coisas mais abstratas e sua consciência ilu­mina-se com claridades que vai buscar às profundezas de sua alma.” No capítulo "As Potências da Alma", o discípulo de Kardec entende que "evidentemente, encontramo-nos em presença de um ser evolutivo, revindo à cena do mundo com toda a aqui­sição dos séculos percorridos. O caso de Helen prova que, por trás dos órgãos mo­mentaneamente atrofiados, existe uma consciência desde muito familiarizada com as noções do mundo exterior. Há, aí, ao mesmo tempo, uma demonstração das vidas anteriores da alma e da existência dos seus próprios sentidos, independentes da matéria, dominando-a e sobre­vivendo a toda desagregação corporal.” A Sra. Maëterlinck que a visitou, diz que Helen é um ser superior, que possui profundos conhecimentos de Matemática, Astronomia, latim e grego, fala inglês, francês e alemão, e escreve ela própria como filósofa, psicóloga e poetisa.

John Kennedy e Helen Keller

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Espírito moralmente evoluído, Helen foi activista social na defesa dos direitos dos deficientes, das mulheres, dos pobres e na reabilitação e reintegração profissional das vítimas da 2ª Guerra Mundial, a quem amou e visitou nos hospitais, lares e fábricas. Com inteligência de sobredotada, escreveu livros notáveis, proferiu centenas de conferências em 35 países, onde foi homenageada por figuras célebres. Quando a sua professora se casou, Helen foi morar com ela e ajudou sempre nas tarefas diárias do lar. Ela aprendera bem a lição evangélica de que quem é fiel nas coisas pequenas, sê-lo-á sempre nas coisas grandes. E tudo fazia com alegria, afirmando: “Não peçamos tarefas iguais às nossas forças. Mas forças iguais às nossas tarefas.”

André Luiz, através do médium Chico Xavier, lembra-nos que muitos “Mensageiros” descem à Terra com tarefas específicas. Prometem vencer mas a maioria regressa à Pátria Espiritual vencida, envergonhada pelos fracassos, frustrada pela mensagem não transmitida. A pequena Helen começou a desenvolver a sua mensagem aos 18 meses, quando as mais importantes faculdades sensitivas se trancaram em seu corpo e fecharam-na por dentro. O espírito então despertou! A realidade interior venceu os obstáculos e Helen superou de forma extraordinária os sentimentos de autocompaixão e de infelicidade crónica que caracterizam boa parte dos Espíritos quando enfrentam as suas provações, comprovando que o poder da vontade representa uma força quase ilimitada. Assim, transmitiu integralmente a mensagem de esperança, a lição de ânimo, e a confiança na vitória da tenacidade, quando a direcção é o progresso, e a meta é o Bem.

O TEXTO ACIMA FOI MANTIDO NA FORMA COMO RECEBIDO DO AUTOR

Nuno Emanuel (Abril 2011)

Lisboa, Portugal

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