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sábado, 6 de agosto de 2011

Focalizando o Trabalhador Espírita Eliana Ferrer Haddad

Eliana Ferrer Haddad

Entrevista para Ismael Gobbo ao Notícias do Movimento Espírita

Hoje temos a satisfação de entrevistar nossa companheira de ideal espírita, Eliana Ferrer Haddad, jornalista responsável pelo jornal “Correio Fraterno”. Embora tenha conhecido o Espiritismo ainda criança, somente depois de casada e já na condição de mãe começou a frequentar a casa espírita com habitualidade. Laboriosa, Eliana fez muito nas duas décadas de trabalho dedicadas à divulgação eficiente e responsavel da doutrina Espírita. É o que se atesta na ótima entrevista que gentilmente nos concedeu.

Eliana poderia nos fazer sua autoapresentação?

Sou paulistana, casada há 28 anos, mãe de duas filhas – Fernanda (24 anos) e Isabela (19 anos). Sou jornalista há quase 30, expositora da doutrina, pesquisadora e palestrante espírita. Estudo Filosofia e sou apaixonada pela Filosofia Espírita, cuja compreensão me permitiu perceber o espiritismo pela sua essência e não apenas pelo fenômeno. Isso me foi despertado especialmente com a leitura e estudo do livro O Espírito e o Tempo, de Herculano Pires, há 12 anos, que foi a chave para eu compreender o espiritismo dentro do processo histórico da humanidade. Foi quando minha visão de vida mudou completamente e percebi que o espiritismo não tinha saído do nada, que tinha um conteúdo que abarcava tanto a parte do conhecimento humano como da própria evolução do ser. Comecei a estudar Filosofia Espírita nos cursos da Federação Espírita do Estado de São Paulo, incentivada por Astrid Sayegh. Mergulhei na obra de Herculano, Deolindo Amorim, Léon Denis e Manoel Pelicas São Marcos, a quem tive o prazer de entrevistar em 2006, aos 92 anos, pouco antes de sua desencarnação.

Qual a sua formação acadêmica e profissional?

Formada em Comunicação Social, com habilitação em jornalismo e publicidade, sou jornalista diplomada. Trabalhei em várias revistas da Editora Abril, jornais e publicações diversas, em São Paulo e Belo Horizonte, especializando-me na imprensa escrita. Nos últimos dez anos, tenho me dedicado com muita alegria mais à imprensa espírita. Editei por quatro anos o Jornal Espírita, da Federação Espírita do Estado de São Paulo, onde trabalhei em dupla com Altamirando Carneiro, escrevendo também para o jornal O Semeador. Criei com Julia Nezu o Boletim Eletrônico da AJE-SP – Associação Jurídico-Espírita de São Paulo. Passei pela Instituição Beneficente Nosso Lar, como coordenadora de comunicação e responsável pelo jornal Terra Azul. Foi uma passagem rápida de apenas um ano, em 2008, sob a presidência ainda da “amiga e mestra” Nancy Puhlmann. Ela, sem saber, com suas sábias observações, preparou-me com seu carinho e experiência para um desafio ainda maior como divulgadora da doutrina espírita: ser a jornalista responsável do jornal Correio Fraterno, em cuja editora venho atuando há quase três anos, ao lado de Izabel Vitusso, uma irmãzinha querida que encontrei e com quem divido o mesmo ideal e as ansiedades na comunicação espírita.

Como você conheceu o Espiritismo e desde quando o frequenta?

Conheci o espiritismo ainda criança, aos seis anos. Acompanhava minha mãe e minha tia nos estudos do livro A Gênese, não por acaso, justamente na Instituição Beneficente Nosso Lar, em São Paulo. Mas minha família desistiu do espiritismo e tornou-se messiânica, no que também a acompanhei por um bom tempo, tendo ido inclusive estudar no Japão. Apesar de ter conhecido o espiritismo ainda menina, só fui ter a felicidade de dele participar bem mais tarde. Sempre tive uma busca muito intensa pela espiritualidade. Também muito intuitiva, posso dizer que o espiritismo nunca foi um bicho de sete cabeças para mim, desde a primeira vez que abri um livro de Kardec. Fui conquistada pela lógica. Ganhei de um tio do meu marido O evangelho segundo o espiritismo; da minha cunhada, O livro dos espíritos. Isso na década de 80. Meu marido não era espírita. Mas foi somente em 1992 que reencontrei o espiritismo, ao passar por uma violenta depressão pós-parto, quando tivemos a nossa segunda filha. Já tinha tido uma depressão antes, mais leve, na primeira gravidez. Levada pela mesma tia que acompanhara no Nosso Lar, quando criança, fui ao Centro Espírita União, em São Paulo. Passei por uma entrevista com a querida Nena Galves, levei umas “broncas de amor” que me sacudiram e me fizeram acordar para o meu compromisso familiar, sendo encaminhada para uma assistência espiritual, no Centro, sob a direção de Bezerra de Menezes. Aos poucos, fui melhorando. Meses depois, numa consulta médica, acabei sendo encaminhada à Federação Espírita do Estado de São Paulo. A secretária do consultório tinha em sua mesa uma foto do Dr Bezerra. Perguntei se ela era espírita. Respondeu-me que sim e me encaminhou para uma entrevista na Federação, onde era dirigente de uma assistência espiritual. Lá permaneci e realizei todos os cursos. Foram dez anos ininterruptos de muito estudo e trabalhos diversos, nas áreas de assistência espiritual, ensino e divulgação. Lá fiz grandes amigos e guardo boas recordações de muito carinho que me dão muitas saudades.

A que casa espírita você está vinculada presentemente?

Pois é. Depois de quase 20 anos, voltei ao Centro Espírita União, em São Paulo, do qual atualmente também sou assessora de imprensa. Foi após uma entrevista com Nena Galves, em 2009, para o jornal Correio Fraterno, sobre Chico Xavier. Queria muito voltar ao trabalho de passes, pois estava muito envolvida com a doutrina mais pelo lado intelectual, do estudo. No União, hoje, trabalho nos passes, na divulgação das palestras e no registro das informações e acervo para o site. Já vesti a camisa e me sinto em casa. Também sou sócia fundadora e expositora do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos (www.ieef.com.br), em São Paulo, onde temos um grupo de estudos formado por expositores de filosofia. Dou aula no segundo ano. A cada reunião é uma descoberta que nos acalenta a alma, inseridos que estamos no contexto filosófico das obras de Kardec, objetivando a divulgação da doutrina dos espíritos, buscando compreender e vivenciar o evangelho de Jesus como fim último para a transformação moral de uma forma libertadora e feliz.

Poderia nos fazer uma síntese da sua participação no movimento espírita?

Entrei na Federação Espírita do Estado de São Paulo, em 1992, e não parei mais. Frequentei todos os cursos de espiritismo, tornando-me, depois, expositora de todos eles. Foi lá que me tornei espírita. De carteirinha mesmo. Agradeço todos os dias por todos que ali me acolheram com tanto carinho e me ensinaram a levantar e a dar os primeiros passos na caminhada espírita. São quase vinte anos de trabalho ativo na doutrina, com muitos desafios. E cada vez com maior ânimo. Hoje percebo que ser espírita é não estar vinculada a paredes, mas à causa, esteja ela sendo desenvolvida onde estiver. As pessoas vão passando por nós e cada uma delas deixa um recado, um aprendizado no livro da vida. E assim vamos trocando experiências e arregimentando companheiros queridos. Ser espírita é ter inúmeras oportunidades de trabalho na seara do Bem. A compreensão do espiritismo me deu uma imensa alegria de viver e despertou em mim uma vontade autêntica de trabalhar pela causa espírita, seja na assistência espiritual, nas salas de aula ou como jornalista, sempre com o objetivo de divulgar com precisão essa maravilha que é a Terceira Revelação, pela sua lógica, pelo impulso que traz para transformação moral da humanidade.

E sua atuação no Correio Fraterno?

Sou a jornalista responsável do jornal Correio Fraterno e atuo com toda a equipe editorial no jornal, no site, nos boletins, nas redes sociais, na edição de livros, nas campanhas, nas newsletters. Enfim, estou mergulhada de corpo e alma nas linhas do Correio, um trabalho ao qual estou muito afinada e que tem me mostrado todos os dias como é bom divulgar o Bem, porque as pessoas gostam de ler coisas boas, que as façam refletir, se informar e se divertir. Buscamos uma comunicação espírita que seja leve, atrativa, para que o conteúdo espírita chegue aos corações. De jornalista à jornaleira, lá vou eu, onde preciso for. Isso porque acredito realmente nesse projeto editorial, sério e inovador. E a parceria com a amiga Izabel Vitusso, que também é escritora e jornalista, tem sido um presente. Outro incentivo importante foi ter entrevistado o jornalista André Trigueiro, que há dois anos vem assinando a coluna Mundo sustentável no jornal Correio Fraterno sempre com muito respeito pelo nosso trabalho. É muito bom dividir as conquistas e as aflições da comunicação espírita com profissionais competentes e dotados de muito ideal. É um desafio constante tentarmos levar o melhor do conteúdo espírita, de uma forma contextualizada, trazendo as idéias espíritas para os fatos do dia a dia, tanto no site como no jornal, pois acreditamos que o grande papel da divulgação do espiritismo esteja justamente em fazer com que essa mensagem consoladora seja lida, pensada e repensada por espíritas e não-espíritas. Se não for assim, qual será a sua utilidade?

Seria possível nos fazer um resumo da história do Correio Fraterno?

No ano de 1960, um grupo de pessoas, unidas pelo ideal espírita, reuniu-se com o desejo de levantar uma casa de assistência social, no ABC paulista. Nasceu assim a primeira instituição filantrópica de São Bernardo do Campo, o Lar da Criança Emmanuel. Além da filantropia, alguns dos participantes da instituição, que acolheu até hoje mais de 2.500 crianças, colocaram em prática o antigo sonho de instituírem um órgão de divulgação do Espiritismo, passando então a existir, seis anos depois da fundação do Lar Emmanuel, o jornal espírita Correio Fraterno. Da edição do jornal para a edificação da Editora Correio Fraterno o tempo percorrido foi relativamente curto, proporcionando-se ao público leitor obras de autores consagrados, como Herculano Pires, Hermínio Miranda, Dolores Bacelar, Richard Simonetti, Jorge Rizzini, Rita Foelker, Eduardo Monteiro e muitos outros.

Você tem algum livro escrito?

Ainda não, mas terei com certeza. Tudo tem seu tempo. Com tantas atividades, minha vida é bastante corrida e a experiência me mostrou que o meu maior desafio na reencarnação atual é compartilhar, apoiar e desenvolver uma família feliz, na qual tenho a maior oportunidade de aprendizado, minha grande escola, meu melhor livro e maior projeto. Meu marido e minhas filhas incentivam e admiram esse meu trabalho, essa minha correria, mesmo não sendo espíritas. Tenho muita gratidão pela compreensão deles. Isso me fortalece a caminhada. E é muito bom perceber, quando realizamos o evangelho em nosso lar, que eu preciso vivenciar as lições muito mais que eles. Que não basta saber. Aprendi também que a ansiedade nos paralisa e que só a serenidade constrói. Como sou muito agitada, estou tentando também aprender a fazer uma coisa de cada vez. E em jornalismo isso é desafiador (e às vezes desesperador, eu diria) porque há muita informação para contextualizar e amor pela escrita é o que não falta.

Como está enxergando a projeção da Doutrina Espírita na grande mídia?

Curiosa. Não vejo o espiritismo consolidado no seu aspecto filosófico. Conversando com outros espíritas, percebo um misto de alegria, pela invasão na grande mídia, e de crítica, como se o espiritismo não estivesse sendo passado corretamente como deveria. Com o advento das redes sociais e da facilidade de pesquisa pela internet, o espiritismo ainda chama a atenção, sim, pelo fenômeno, pela mediunidade, pela existência dos espíritos. A mídia acaba por focar o tema no conteúdo que encontra e no interesse dos leitores pelo sobrenatural, e dos empresários de comunicação pela audiência. Fenômeno vende, chama a atenção. Essa é a verdade. Inclusive nas casas espíritas. Mas estamos só no começo e ainda há muito a se desbravar. A força da doutrina está na sua lógica, no apelo que faz a razão e ao bom-senso, como enalteceu Kardec, na Conclusão VI de O livro dos espíritos. É preciso também perceber que o espiritismo está na mídia como os outros tantos temas, sujeitos a acertos e desacertos, a enfoques particulares, a elogios e críticas. A minha pergunta é: a culpa é da mídia? Ou nós, espíritas, é que não estamos dando conta de falar de espiritismo fora dos Centros? Enquanto esse movimento cultural não ocorre, permanece o estímulo à curiosidade, à venda certeira do mistério da alma. Espiritismo é assunto que vende. Mas ainda como fenômeno. Não se conhece o espiritismo.

Acha que o movimento espírita vai bem ou enxerga alguma coisa que merece reparo?

É maravilhoso ver como cada um tenta fazer a sua parte da melhor forma possível – do pequeno grupo ao grande centro espírita, dos voluntários das federativas e órgãos institucionais às associações profissionais, etc. É o amor que a doutrina desperta e que nos convida ao trabalho. Mas muitos não demos conta ainda do instrumento importante que é o espiritismo para a mudança de paradigmas, da verdadeira mensagem de transformação social que ele traz em seu bojo com seu principal objetivo: combater o materialismo. Quando compreendemos racionalmente que a vida continua, que somos imortais e que tudo se comunica e se encadeia no Universo dentro de uma lei harmoniosa e justa, como nos explicaram os Espíritos na Codificação, tudo se torna diferente. Essa é a fé raciocinada. A alegria da fé com as luzes da razão. Sabemos também que a Natureza não dá saltos, mas sempre é bom lembrar que ninguém virá dos Céus explicar o que seja o espiritismo. Isso já foi feito e muito bem, por sinal. Agora, essa tarefa é nossa, trabalhadores da última hora que já o compreendemos. Temos que fazer um trabalho útil, eficiente e no tempo de que dispomos ainda. A nós, espíritas, cumpre subir o próximo degrau, mas não podemos nos esquecer de olhar para trás e verificar se não ficou ninguém, que precisa da nossa ajuda para subir também. O futuro é hoje e o espiritismo há de romper barreiras fora da casa espírita! Vejo isso como o nosso maior desafio.

Algo mais que queira acrescentar?

Sim. Outro dia, lendo O evangelho, deparei-me com uma frase que me fez refletir: “o mal prevalece na Terra”. Logo, não dá para ser feliz ainda em plenitude, como num passe de mágica, mas podemos ser relativamente felizes sempre que buscarmos a paz e nos esforçarmos na prática do bem. Precisamos nos lembrar dessa condição inferior da nossa morada, à qual fomos atraídos por merecimento e por tarefa, para não nos assustarmos com tantas dificuldades que se nos apresentem. Não adianta nos iludirmos. Ser feliz não é o fim; é o caminho. O trabalho é grande para que o bem prevaleça na Terra, mas um foco de luz nos livra das trevas da ignorância e do orgulho. Esse bem já está em nós em potência. Basta, então, que compreendendo sua ausência momentânea, por nossa falta de conhecimento e atalhos enganosos que perseguimos pelo exercício natural do nosso próprio livre-arbítrio, façamos com que ele se realize pelos nossos esforços e vontade. Sigamos, pois. Com o espiritismo, fica bem mais fácil percebermos que liberdade é um presente, que vem embalado com o laço da responsabilidade.

Sua mensagem aos nossos leitores.

Não desanimemos e não nos acomodemos. Fortaleçamo-nos no estudo e no amor para que em nós haja equilíbrio e discernimento. O trabalho de garimpar as mais lindas pérolas exige mergulhos mais profundos. Por isso, disse Jesus: “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”.

Eliana Haddad no Correio Fraterno


A menina Eliana Haddad aos 4 anos

Eliana Haddad nos anos de 1980

Eliana Haddad na Editora Abril

Eliana Haddad com o marido e filhas no ano de 1997


Eliana Haddad, segunda a partir da direita,

no Sindicato dos Jornalistas

Eliana com Manoel São Marcos para o Jornal Espírita

Eliana com Eduardo Dubal da Mundo Maior Filmes

Izabel Vitusso e Eliana Haddad, do Correio Fraterno, ladeando o escritor André Trigueiro

Eliana Haddad e Heloisa Pires

Eliana Haddad, do Correio Fraterno, entrevista Eduardo Girão

Eliana Haddad, terceira a partir da esquerda, em Curso para Expositores na FEESP

Eliana e Altamirando Carneiro na FEESP


Eliana com amiga e mestra Nancy Puhlmann di Girolamo

Eliana (E) com a equipe do Correio Fraterno

Eliana, à esquerda, no Simpósio de Filosofia

Eliana (E) no programa Roteiro com Adriano Marques e Nena Galves

Eliana Haddad, agachada à direita, no IEEF com a turma de expositores


Eliana Haddad com o marido e as filhas no ano de 2011


Fac-símile da primeira pagina e da primeira edição de Correio Fraterno.

Outubro de 1967. Arquivo Correio Fraterno


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