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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Livraria itinerante: a ideia que deu certo

Entrevista concedida a Izabel Vitusso. Leia mais em www.correiofraterno.com.br

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O ônibus já visitou 903 cidades de 18 estados e oito municípios dos países vizinhos

Adjair: o distribuidor de livros que coleciona histórias

Não é apenas a internet que tem facilitado o acesso crescente de pessoas de todo o Brasil e do mundo ao conteúdo espírita. Na verdade, a sua popularização ainda engatinhava quando o mineiro de Uberlândia, seu Adjair Fernandes de Faria, resolveu engatar a primeira marcha de um ônibus com livraria itinerante e levar pessoalmente as mensagens de consolo, cultura e conhecimento aos lugares mais longínquos do Brasil. A quase 3.000 km de distância de sua cidade de origem, ele nos responde à entrevista, revelando o entusiasmo com que realiza esse trabalho.

Em que momento o senhor teve a ideia de usar um ônibus para divulgar o espiritismo?

Já tínhamos utilizado quase todos os meios para incentivar o uberlandense ao hábito da leitura dos livros espíritas: uma livraria bem montada, clube do livro, mensagens espíritas escritas em laterais de doze prédios da cidade, edição de 53 feiras do livro espírita. E Deus nos busca, quando vê em nós um pouquinho de vontade. Nos fins dos anos 90, Uberlândia vivia um clima de tensão, diante de uma onda de assaltos. Talvez um pouco tenso com tais fatos, passando numa manhã de sábado pelo nosso filho Éverton, que lavava seu novo Escort, tivemos a intuição de dizer: “se alguém lhe pedir o carro, você entrega e agradece, ouviu?” Não deu outra, no dia seguinte ele e sua noiva foram levados por assaltantes. Mas confiante em Deus, tendo a certeza de que nada acontece por acaso, diante do desespero da mãe e das três irmãs,chamamos a atenção pedindo que pegassem o Evangelho e orassem, principalmente para os assaltantes. Só no dia seguinte eles nos ligaram de uma granja, dizendo que estavam sãos e salvos. Contando depois os detalhes do ocorrido, Éverton disse que perguntou aos dois rapazes por que eles levavam aquela vida, por que assaltavam. Um deles respondeu: “Porque não sabemos fazer outra coisa.” Éverton então propôs: “Mesmo que vocês queiram nos devolver este carro, não queremos mais.” Vamos voltar, vendê-lo e, com o dinheiro, montarmos uma mercearia para vocês. Diante do silêncio, Liliam, noiva do Éverton, pediu ao assaltante que estava no banco dianteiro que pegasse O evangelho segundo o espiritismo no painel do carro. Ele folheou e ao entregar o livro disse: “É, uma vez minha mãe me levou a um centro espírita.”

Ao pegá-lo, aberto, Liliam colocou-o sobre o peito e orou, pedindo a mãe Cornélia [mentora do centro que frequentam] que os protegesse. Em seguida, o rapaz perguntou: “Não vai ler?” Ela, assustada, olhou para a mensagem e deparou-se com o título “Caridade para com os criminosos”. Sem jeito, olhou para Éverton e entregou-lhe o livro. Este começou a ler com dificuldade, pela pouca luz. Foi quando o rapaz que dirigia parou e disse: “Leia pelo farol do carro.” Desceram todos em um lugar ermo. A lição foi lida e comentada com muito amor. Três dias se passaram. Indo do almoço para o trabalho, envolto em pensamentos, ao parar na esquina, vi um lindo ônibus e já ‘enxerguei’ dentro dele uma livraria.

E qual seria a estratégia de vendas?

Em vez de o leitor ir ao livro, levaríamos o livro até ele. E pensei: se por acaso o carro sequestrado voltar, compraremos um ônibus. Iremos de bairro em bairro em Uberlândia. O carro foi encontrado e no dia 29 de agosto de 1991 inauguramos o primeiro Ônibus Livraria Espírita Ambulante Chico Xavier, bem no dia do nascimento do Dr. Bezerra de Menezes.

O ônibus ficava apenas em Uberlândia?

Os resultados eram bem relevantes em termos de vendas de livros, distribuição de mensagens. Abortos e suicídios foram evitados, divórcios não consolidados. E perguntamos: Por que só Uberlândia? Em 1993, comecei a prevenir a família, dizendo: vou percorrer de ônibus todas as cidades do Brasil.

Houve alguma orientação espiritual no sentido de divulgarem a doutrina de forma itinerante?

Eu e minha esposa nunca dormíamos sem antes ‘sortear’ uma lição do Evangelho para ler. No dia 2 de novembro de 1993, ela abriu no capítulo 23 item 4 – “Deixai pai, mãe, esposa, filhos, e fazendas e ide pregar o Evangelho”. No dia 3, abri e caiu no mesmo capítulo. No dia 4, ela abriu, e ...adivinha? Isto aconteceu 18 vezes, só no mês de novembro. No dia 31 dezembro, já estávamos com um lindo ônibus Volvo, que em março já estava prontinho. E logo veio a ideia de alugarmos um galpão para guardá-lo até o início de janeiro, quando estava então programado para sairmos. Mas não deu tempo. Ligaram de Uberaba, pedindo que levássemos o ônibus para o Chico [Xavier] conhecê-lo. No dia 12 de março estávamos abrindo pela primeira vez nosso abençoado ônibus em Uberaba para não mais parar.

E os assaltantes? Não tiveram mais notícias deles?

Uma vez presos, sugerimos ao nosso filho para que não os ‘identificassem’. Um deles já tinha mais de 150 anos de detenção; o outro, um jovem de 16 anos – que depois acabamos até mesmo implantando a prática do “Evangelho no Lar” em sua casa – acabou por acompanhar meu filho nas atividades no centro. Foi trabalhar conosco na imobiliária, cuidando de assuntos de confiança. Por conta de visitar o primeiro, entramos na cadeia pública com a atividade da sopa e diálogo fraterno, chegando em pouco tempo a termos contato muito próximo com os 117 detentos. Eles viraram filhos queridos.

Por quantas cidades já passou? Tem computado o número de visitantes e livros vendidos nesses quase 20 anos?

Passamos por 903 cidades, onde tivemos o prazer de ‘morar’ por alguns dias bem no centro de cada uma delas, com alvará e tudo. Somam ao todo 18 estados e oito municípios dos países vizinhos (Paraguai, Argentina e Uruguai). Já tivemos a oportunidade de apertar as mãos de cerca e 4 milhões de visitantes, de recém-nascidos a amigos com 97 anos, como do nosso querido Hugo Gonçalves, de Cambé, PR, uma das visitas que mais me emocionaram. Já distribuímos cerca de 50 milhões mensagens, vendemos 130 mil exemplares de O evangelho segundo o espiritismo, 140 mil de O livro dos espíritos e O livro dos médiuns, seguidos de um minucioso roteiro de como estudá-los.

Nesses anos todos, o senhor sentiu mudança no perfil dos leitores que procuram o ônibus?

Muitas mudanças e são vistas a olho nu. Nunca houve um momento tão propício para a divulgação do espiritismo. Os jovens de hoje não aceitam mais a ingênua lenda de que o primeiro homem foi feito do limo da terra e a mulher da costela de Adão; que estamos pagando pecado da Eva; que Deus castiga. Quando passamos para eles as belezas do espiritismo, tudo cai como uma luva em suas mentes. Outro fato é a questão da depressão. Quantos Evangelhos, O livro dos espíritos, O livro dos médiuns já vendemos para os que chegam se queixando do problema! Chegamos a divulgar uma frase no vidro do ônibus dizendo que a depressão tem cura, convidando para entrarem e terem mais informações. Haja Evangelho!

O senhor consegue avaliar a extensão desse trabalho? Tem ideia de que em muitos locais os livros espíritas não chegariam se não fosse esse trabalho?

Avaliem vocês: Neste momento em que respondemos a esta pergunta, estamos na cidade de Santa Luzia D’oeste, em Rondônia, uma cidade com nove mil habitantes, com sete igrejas evangélicas, duas católicas, dois terreiros de umbanda e nenhum centro espírita e até agora não apareceu nenhum espírita. São 18 horas do dia 16 de julho de 2011. Chegamos aqui às 22 horas do dia 14. Antes, fomos a duas rádios e contratamos 55 inserções, convidando principalmente as crianças, para participarem de uma promoção: chegarem no ônibus e dizerem que ouviram a chamada na rádio para ganhar três lindos livrinhos sobre a história de Chico Xavier. Vejam os resultados: Mais de 200 livrinhos distribuídos, 38 Evangelhos, 16 O livro dos espíritos, 11 exemplares de O livro dos médiuns e vários outros, inclusive romances, além de centenas de mensagens distribuídas. Isto em um dia e meio.

O senhor deve colecionar histórias e emoções. Conte um fato que tenha ocorrido e que o marcou.

Realmente, são muitas emoções. É raríssimo o dia em que vamos repousar que não tivemos um motivo para sermos agradecidos. São testemunhos ao vivo ou telefonemas de irmãos que tentaram o suicídio, de ex-depressivos e divorciados ou prestes a se divorciar que nos relatam suas atuais situações, após terem levado a sério a leitura das obras da codificação. São indescritíveis estes momentos.

O que o senhor falaria para encorajar outros grupos a realizar tarefa semelhante?

Não teria como falar ou encorajar quem quer que seja sem antes fazer um apelo para que busquem no capítulo 20, no item 4 do Evangelho, o verdadeiro espírito da letra da ímpar mensagem A missão dos espíritas, trazida por Erasto. Primeiro: Quantas vezes ele repetiu a palavra ‘ide’?. Segundo: De quem foi a culpa do espantoso crescimento do culto ao bezerro de ouro que hoje vimos? Terceiro: Quem serão os esmagados, referidos nas três últimas linhas? Veja quem tem olhos de ver... Aconselharia ainda para se dedicarem ao estudo. Tirarem que sejam 20 minutos por dia para cada um dos livros já citados. Se esta sugestão fosse aceita e praticada, com certeza muitos iniciariam as compras, montagens e início da peregrinação de 27 ônibus no mínimo, que seriam montados por todas as Federações Espíritas, indo de cidade em cidade, onde de tempos em tempos poderiam retornar, condições que nós não temos.

O que apontaria como sendo o maior desafio? Ficar longe de casa e dos familiares seria um deles?

Desafio? Nenhum. Simplesmente ‘trocamos’ uma família de cinco filhos, dois genros, uma nora, sete netas e um neto por uma família de quase 4 milhões de irmãos de nosso coração.

Onde o senhor está agora? Vai ficar até quando?

Neste exato momento, estamos estacionados na avenida Guaporé, esquina com a rua Rio Branco ao lado da arborizada praça da Prefeitura de Cacoal, em Rondônia. Ficaremos até o dia 30 de julho, quando partiremos para Ministro Andreazza.

Por quantos meses fica fora toda vez que sai?

Quando as netas começam a ameaçar de deserdar o avô, corremos lá e fazemos as pazes com elas. Matamos as saudades e voltamos com vontade redobrada de trabalhar. A média de dias que o nosso ônibus fica com suas portas abertas das 9h às 20h30 é de 320 dias por ano – já teve ano de ficar 347 dias.

Quais os planos futuros, os próximos desafios?

Sobre os planos, temos um só: ter a mesma saúde e mesma disposição até chegar a última cidade dos dez estados que ainda faltam. É a única coisa que peço a Deus. E Ele há de nos dar. Nesses 17 anos nunca tivemos uma dorzinha sequer ou a menor indisposição que pudesse prejudicar essa abençoada jornada. Se continuarmos nos esforçando por merecer, com certeza vamos chegar lá.

e-mail: onibuslivrariaespiritachicoxavier@hotmail.com

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