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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Teatrinho

Richard Simonetti

richardsimonetti@uol.com.br

ATO I – No Banco.

– Bom dia, moço.

– Bom dia. Em que posso servi-lo?

– Sou Chico Matoso. Tenho um pequeno sítio. Vim fazer um empréstimo para minha lavoura de batatas.

– É a primeira vez?

– Sim.

– Tudo bem. Prepararemos sua ficha e o senhor levará uma relação das providências necessárias.

ATO II – No sítio, quinze dias depois.

– Boa tarde, Chico.

– Boa tarde.

– Sou Jeremias, o encarregado do setor de empréstimos rurais no Banco. Você esteve lá, inscreveu-se e não apareceu mais. Algum problema?

– O senhor me desculpe, mas achei tudo muito complicado.

– Que é isso, meu amigo? Assustado com a papelada? Não é tão difícil... Se for até lá amanhã, prometo-lhe que resolveremos tudo num instante. O Banco tem interesse em ajudá-lo a melhorar de vida.

– Bem... se é assim, vou tentar. Estou precisando...

– Ótimo. Espero por você.

ATO III – No Banco, após cinco dias.

– Está tudo em ordem, Chico. Como lhe prometi, não houve demora. Agora só falta sua assinatura.

– Agradeço seu empenho, Jeremias, mas desta vez não tem jeito...

O problema é insolúvel...

–Sou analfabeto.

– Não sabe nem escrever seu nome?

– Não.

– Gosta de desenhar?

– Rabisco um pouco...

– Ótimo. Veja esta tira de papel. Eu a retirei da bobina, na máquina de somar. Escreverei seu nome várias vezes. Você vai copiar, como quem faz um desenho.

– Será que consigo?

– Claro. Tenho certeza.

– Bem, se me ajudar...

– Fique tranquilo! Vamos repetir tantas vezes quantas forem necessárias!

ATO IV – No Banco, vinte anos depois.

– Meus amigos, na condição de gerente, congratulo-me com a laboriosa população desta cidade que o Banco ajudou a desenvolver. Agradeço a presença de todos nesta reunião de confraternização e, em particular, do amigo Chico Matoso, o cliente que mais tem movimentado nossa carteira agrícola para financiamento de suas inúmeras lavouras.

– Peço licença ao nosso estimado chefe para dizer que minha presença aqui representa apenas o cumprimento de um dever de gratidão. Tudo o que tenho devo ao Banco e, mais exatamente, ao pessoal que me atendeu quando eu nem sabia escrever meu nome e possuía apenas pequeno sítio.

– Deve ter lembranças muito interessantes...

– Sim, particularmente uma, inesquecível. Vejam esta tira de papel amarelada que guardo em minha carteira há vinte anos. Foi nela que aprendi a desenhar meu nome para firmar o primeiro contrato com o Banco. Já não preciso dela. Alfabetizei-me. Mas guardo-a com muito carinho, como uma joia de inestimável valor. Ela é o testemunho da boa vontade de um homem admirável que foi chefe aqui. Deus o abençoe.

* * *

Costumamos situar como missionário o Espírito de elevada hierarquia que vem à Terra para grandiosas tarefas junto à Humanidade. No entanto, todos somos, potencialmente, missionários. Em qualquer setor de atividades podemos exercitar nobre missão, sempre que façamos de nossa profissão muito mais que simples “ganha-pão”, abençoado instrumento para beneficiar o semelhante.

Professora Leila, à esquerda, alfabetizando adultos. Casa da Caridade, Araçatuba, SP

Foto: Ismael Gobbo

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