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quarta-feira, 6 de julho de 2011

O enigma do berço

Richard Simonetti

Graziela, eficiente enfermeira encarregada do berçário, em grande hospital, procurou o chefe da pediatria.

– Doutor Plácido, trago-lhe uma charada. Venho notando que os bebês que ficam no último berço, no canto, choram menos, dormem melhor...

– Cantinho mágico?

– Pode parecer tolice, mas outras enfermeiras constataram o mesmo.

– Não há nada que justifique tal diferença. Certamente se trata de mera coincidência.

– O cúmulo da coincidência, pois muitos bebês já estiveram naquele berço e, invariavelmente, eram mais calmos.

– Então há uma fada protetora que fica ali.

– Ora, doutor, falo sério!

– Eu também. Talvez seja um berço milagroso, fabricado com madeira especial.

– Continua brincando, mas, por favor, pense no assunto.

– Está bem, vou contratar um detetive!

Embora aparentando não levá-la a sério, Plácido passou a observar o berço e constatou que Graziela tinha razão. Os bebês que ali ficavam eram sempre mais acomodados.

Certamente existia uma causa. A fada bem poderia ser uma incidência luminosa adequada, um posicionamento favorável, ventilação melhor, colchão mais confortável, menos ruídos... Checou tudo. As condições eram absolutamente iguais em todos os berços.

Pensou na alimentação. Negativo. Os bebês eram alimentados dentro de critérios e horários rigorosamente observados.

E se houvesse diferença de tratamento? Alguma enfermeira mais eficiente, encarregada daquele berço?

Também não. Todas se revezavam no atendimento.

Intrigado, o médico passou a visitar o berçário em diferentes horários e foi no período noturno que, finalmente, encontrou a desejada solução.

Eram perto de vinte e duas horas. A enfermeira de plantão se postava no corredor, enquanto a serviçal da limpeza passava o pano molhado no chão. Observou-a, discreto, sem que ela percebesse sua presença.

Tratava-se de senhora idosa, de fartas gorduras. Certamente a tarefa impunha-lhe penosos sacrifícios, porquanto, chegando ao canto do berçário, postou-se diante do berço privilegiado e, enquanto descansava, dando tréguas ao corpo sofrido, conversava com seu ocupante:

– Vida dura, meu anjinho! Minhas costas doem como se tivessem recebido pauladas! Feliz é você que fica aí, tranquilo como um príncipe, sem precisar trabalhar! É só sombra e água fresca, né? Gracinha!

Durante vários minutos ela falou com o bebê. Depois, suspirando, tornou ao serviço.

Plácido sorria, entre perplexo e feliz. Finalmente resolvera o enigma. Encontrara a fada!

No dia seguinte, as enfermeiras receberam importante orientação: deveriam conversar com os bebês enquanto cuidavam deles.

E o milagre daquele berço estendeu-se por todo o berçário.

* * *

Torturadores astutos sabem que o insulamento completo, sem nenhum contato humano, é a melhor forma de desequilibrar suas vítimas, predispondo-as ao colapso nervoso. Assim, torna-se fácil arrancar-lhes as informações desejadas.

Nesse particular, o bebê não difere do adulto. Ele também precisa de contato com as pessoas. É fundamental que se fale com ele, em inflexão de carinho e solicitude.

Recusar-lhe semelhante benefício, por omissão ou indiferença, será submetê-lo à desajustante tortura do silêncio.

File: polysomnogram.jpg Pediátrica

Paciente de pediatria preparado para uma polissonografia por

um terapeuta respiratória. St. Louis Hospital, St, Louis, Missouri

Imagem: http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&langpair=en%7Cpt&u=http://en.wikipedia.org/wiki/Children's_hospital

Teatro: Um Amor de Renúncia – da obra de Chico Xavier São Caetano do Sul, SP

(Informação em email de Ademir Mendes)

Informativo Semanal do Seara do Mestre São Paulo

(Informação recebida em email de Seara do Mestre searadomestre@gmail.com)

Pintura Mediúnica com Valdelice Salum Novo Horizonte, SP

(Informação recebida em email de USE/SP)

Leia o jornal Sal da Terra do SEBEM Lagoa Santa, MG

Acesse os jornais: http://www.sebem.org.br/conteudo.php?LISTA=menu&MENU=5

(Recebido em email de Regina Bachega e site)

Vídeo da Palestra “João e Maria” com Haroldo Dutra Dias São José do Rio Preto, SP

Palestra "João e Maria" com Haroldo Dutra Dias

http://amigoespirita.ning.com/video/palestra-joao-e-maria-com

No Ar o site da “Casa de Chico Xavier” Pedro Leopoldo, MG

Amigos,

Está no ar desde ontem, 4 de Julho de 2011, data que homenageia a veneranda Rainha Santa Isabel de Aragão, o site na internet da Casa de Chico Xavier de Pedro Leopoldo.

A Casa de Chico Xavier é um centro de referência à vida e obra de Chico Xavier no local onde o médium residiu em Pedro Leopoldo entre os anos de 1948 e 1959. Mesmo depois de mudar-se para Uberaba Chico Xavier continuou utilizando-a como seu abençoado pouso em sua cidade natal. Ela foi inaugurada no aniversário do médium em 2 de Abril de 2006. Lá você vai encontrar-se com a exposição de fotografias, originais, documentos, a exposição de todos os 467 livros de sua psicografia e dos mais de 200 livros biográficos ou que se baseiam na obra xavieriana. O quarto de dormir e a casa de banho utilizada pelo médium quando lá residiu estão todos preservados.

Todos os domingos às 18 horas você está convidado a participar do Culto do Evangelho no Lar de Chico Xavier com o estudo de algum livro de sua lavra mediúnica. Presentemente estamos estudando a obra OS MENSAGEIRO de André Luiz.

Também às terças feiras de lá parte o Grupo Fraterno Veneranda para a assistência fraternal aos menos favorecidos.

Vinculada à Casa de Chico Xavier temos também a atividade da Vinha de Luz Editora que você já conhece no site www.vinhadeluz.com.br e que tem se especializado na edição de obras inéditas da psicografia de Chico Xavier, ou mesmo de novas biografias do médium mineiro. Todas estas tarefas fazem parte do Grupo Espírita Scheilla fundado em 1954 em Pedro Leopoldo por sugestão do próprio Chico.

Venha conhecer virtualmente a Casa de Chico Xavier no endereço eletrônico www.casadechicoxavier.com.br e boa viagem ao tempo do amor fraterno.

Certamente você será muito bem recebido !

Abraços de sempre,

Geraldo Lemos Neto

Nosso endereço é www.casadechicoxavier.com.br

Veja o video de divulgação do evento no youtube :

Web

"Casa de Chico Xavier"

YouTube - Site Casa de Chico Xavier.mov
Site Casa de Chico Xavier.mov. editoravinhadeluz 13 videos.
Subscribe Alert icon Subscribed. Sign In or Sign Up now! Loading... Alert icon ...
www.youtube.com/watch?v=cIJh2Z1RIiI

(Informação em email de Geraldo Lemos Neto)

IV Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e Sua Obra Belo Horizonte, MG

(Informação em email de Jhon Harley M. Marques)

Palestra com Paula Zamp São Paulo, SP

O CENTRO ESPÍRITA FRATERNIDA

convida para a Palestra Musical com PAULA ZAMP

DIA 06 DE JULHO DE 2010 - QUARTA FEIRA - 20:30 HORAS

RUA DR. ALMEIDA ABBADE Nº 18 - JARDIM JAÚ - CANGAIBA - SP.

Travessa da Av. Governador Carvalho Pinto ( Antiga Tiquatira) na altura da R. Amorim Diniz (próximo

Viaduto Cangaiba).

IMPERDÍVEL! COMPAREÇA E DIVULGUE!

(Informação em email de Wania Sacramento secretariasa@scibirapuera.com.br)

Grupo de Estudos 2011- AJE- RS Porto Alegre, RS

(Informação recebida em email de Marlene Nobre)

Reprise do filme “A Grande Síntese” no C.E. Jesus de Nazaré Feira de Santana, BA

(Informações em email de Suzi Barboni)

Palestra “A Raiva” com Cida Vasconcelos no “

(Informação em email de Suzi Barboni)

XV Semana Espírita de São Bernardo do Campo, SP

(Informação recebida em email de Vansan)

Leia Jornal de Estudos Psicológicos, da Sociedade Espírita de Estudos Psicológicos de Londres.

Acessar aqui:

http://www.spiritistps.org/br/jornal-de-estudos-psicologicos/

(Informação recebida em email de Fernanda Marinho Gobel)

Teatro. O Semeador de Estrelas no Teatro da FEESP São Paulo

(Informação recebida em email de Jorge Rezala)

4ª. Marcha do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida- Brasil sem Aborto. Abaixo-Assinado. Brasília, DF

Marcha Brasil sem Aborto

A 4ª. Marcha do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto será realizada na Esplanada dos Ministérios (DF), no dia 31 de agosto.

O Movimento Brasil Sem Aborto está acompanhando, desde o início, a tramitação do Estatuto do Nascituro, ou seja, da criança não-nascida, na Câmara dos Deputados. Há outra iniciativa em andamento, que é uma coleta de assinaturas pela sua aprovação.



Para isso, foi organizada uma petição on line. Alternativamente, como nem todos tem acesso à internet, ou se animam a entrar no site para assinar, a coleta pode ser feita na sua comunidade em folhas a serem remetidas ao Brasil sem Aborto , imprimindo o texto da petição.

A primeira entrega das assinaturas até então obtidas ocorrerá na 4ª. marcha do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto. Assine! Colabore na divulgação! Vamos proteger as nossas crianças desde a concepção!



Para assinar o abaixo-assinado do Movimento Brasil Sem Aborto clique aqui: http://www.ipetitions.com/petition/estatutodonascituro/



Informações:www.brasilsemaborto.com.br; http://brasilsemaborto.wordpress.com

Lembre-se que:

A única coisa necessária para que o mal triunfe é a inércia dos homens de bem. (Edmund Burke, 1763)

Por que, neste mundo, a influência dos maus geralmente sobrepuja a dos bons? Resp.: Por fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, haverão de preponderar. (Allan Kardec, 1857. Pergunta 932 de O Livro dos Espíritos)

O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade. (Albert Einstein, 1945)

(Informação em email de César Perri)

58ª. Semana Espírita de Vitória da Conquista, BA

(Informação recebida em email de UEVC uevc uevc@uevc.com.br)

1º. Encontro para os jovens e crianças Espiritas do Belux ( Belgica e Luxemburgo). Bruxelas, Bélgica

Bonjour à tous,

L’année passée nous avons réalisé la 1ère rencontre pour les jeunes et enfants Spirites du Belux

voir :

http://cesakbruxelles.blogspot.com/search?updated-max=2010-11-14T11%3A21%3A00-08%3A00&max-results=7

http://cesakbruxelles.blogspot.com/2010/11/bilan-1ere-rencontre-pour-les-jeunes-et.html

Cette année, nous sommes près à réaliser la 2ème rencontre, et à l’a répéter à chaque année.

Nous avons donc pensé, que serait intéressant d’avoir un logo qui représente ces rencontres.

C’est la que nous appelons aux bénévoles qui souhaiterait nous aider.

Donc, si vous voulez nous aider, contactez-nous pour nous présenter un logo qui représente la

rencontre pour les jeunes et enfants Spirites du Belux

la date limite pour nous envoyer les logos c'est le 15 aout 2011.

les organisateurs choisiront alors, le logo plus adapté.

Merci de votre aide

Les groupes organisateurs

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Ola a todos

Ola a todos

O ano passado realizamos o 1° encontro para os jovens e crianças Espiritas do Belux ( Belgica e Luxemburgo)

Ver :

http://cesakbruxelles.blogspot.com/search?updated-max=2010-11-14T11%3A21%3A00-08%3A00&max-results=7

http://cesakbruxelles.blogspot.com/2010/11/bilan-1ere-rencontre-pour-les-jeunes-et.html

Este ano realizaremos o 2°encontro e estamos motivados a fazê-lo todos os anos.

Então pensamos que seria interessante, de ter um logo que represente estes encontros.

Por isso estamos pedindo a voluntarios que queiram nos ajudar.

Se quizer nos ajudar, pode contactar-nos e nos apresentar um logo que represente o

encontro para os jovens e as crianças Espiritas do Belux.

a data limite para nos enviar os logos é 15 de Agosto de 2011.

Os organisadores escolherão o logo mais adaptado.

Obrigada por vossa ajuda

Os grupos organisadores


http://bruxelles.cesak.org/
http://cesakbruxelles.blogspot.com/
www.tvcei.com
www.spirite.be

Anabela

CESAK, asbl

Naître, mourir, renaître encore et progresser sans cesse, telle est la loi... (Allan Kardec)
Nascer, morrer, renascer novamente e progredir sem cessar, esta é a lei....
(Allan Kardec)

(Informação recebida em email de Centre d'études Spirites Allan Kardec cesakbruxelles@gmail.com)

Ser transparente

Ser transparente

Às vezes, nos perguntamos por que é tão difícil ser transparente.

Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero e não enganar os outros. No entanto, é muito mais do que isso.

É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que sentimos. É desnudar a alma, deixar cair as máscaras e baixar as armas.

É destruir os imensos e grossos muros que insistimos tanto em levantar e permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche e transborde.

Infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco. Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana.

Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam da profundeza do nosso ser.

Preferimos nos perder na busca insensata por respostas imediatas a simplesmente nos entregar diante de Deus e admitir que não sabemos todas as respostas, que somos frágeis, que temos medo.

Por mais doloroso que seja construir uma máscara que nos distancia cada vez mais do que realmente somos e de Deus, preferimos manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção.

E vamos nos afogando mais e mais em atitudes, palavras e sentimentos que não condizem com o nosso verdadeiro eu.

Não porque sejamos pessoas falsas, mas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso.

Com o passar dos anos, um vazio escuro nos faz perceber que já não sabemos oferecer e nem pedir aos que nos cercam o que de mais precioso temos a compartilhar: a doçura, a compaixão e a compreensão.

Muitas vezes sofremos e nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos sozinhos, num silêncio que nos remete à saudade de nós mesmos.

Saudade daquilo que pulsa e grita dentro de nós e que não temos coragem de mostrar àqueles que nos querem bem e que nos amam.

Aprendemos que nos mostrar com transparência é sinal de fraqueza, é ser menos do que o outro. Na verdade, se agíssemos deixando que a nossa razão ouvisse o nosso coração, poderíamos evitar muita dor.

* * *

Quando formos surpreendidos pelo sofrimento de qualquer natureza, lembremos primeiramente de Deus, Pai amoroso, que nunca desampara um filho Seu. Fortaleçamo-nos na prece e na fé que conforta e acalma.

Ao partilhar as dores com os nossos afetos, tenhamos a certeza que elas serão abrandadas, pois dividir as angústias, medos e aflições, as torna menores.

Quando partilharmos as alegrias, estaremos fazendo felizes também aqueles a quem estimamos, pois a alegria dos amigos é nossa também.

Expor a nossa fragilidade aos amigos e amores jamais será sinal de fraqueza.

Procuremos, pois, de forma equilibrada, não prender tanto o choro, não conter a demonstração da alegria, não esconder tanto o nosso medo e nossas aflições. Enfim, abandonemos essa ideia de desejarmos parecer tão invencíveis.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida.

Em 05.07.2011.

Receita de felicidade

Saulo Laucas e a mãe Vanessa Laucas Pereira

ENTREVISTA COM VANESSA BIANCA LAUCAS PEREIRA

PUBLICADA NA FOLHA ESPIRITA, SÃO PAULO, JULHO-2011

Ismael Gobbo

Recentemente, tive a oportunidade de assistir, na Casa do Caminho Ave Cristo, em Birigui (SP), a apresentação do tenor Saulo Laucas, 27. Autista e cego, deu um show como cantor e pianista. Resolvi, então, bater um papo com Vanessa Bianca Laucas Pereira, mãe de Saulo e de outros nove filhos, dois deles adotados. Mineira de Belo Horizonte, espírita de berço, ela me contou sua história de vida ao lado do marido Enivaldo Pereira. Esse exemplo de superação e amor incondicional é uma resposta aos que acham que não se pode encontrar felicidade na Terra, ainda que relativa, como nos sugere a espiritualidade superior. A família Laucas Pereira, moradora de Rio Comprido (RJ), onde participa das atividades do Grupo Espírita Caminho da Esperança, é feliz e tem a receita dessa felicidade.

Folha Espírita – Como foi a descoberta do autismo de Saulo e sua trajetória de vida até então?

Vanessa Bianca Laucas Pereira – Considerando a palavra dos especialistas, o autismo manifesta-se aos 18 meses. Tive oportunidade de estar com um dos grandes especialistas em Psiquiatria nessa área, no período em que esse transtorno se manifestou no Saulo, a partir de 1 ano e meio de idade. Esse médico me disse que minha queixa chegava a ser monótona em relação às observações que fazia sobre meu filho. “Todos os pais, sem exceção, diziam as mesmas coisas”, retrucava ele. Fiquei encabulada porque pensava que Saulo era o único no comportamento tão extravagante e sem nexo.

Desde minha adolescência, já pressentia que algo muito especial aconteceria em minha vida e, desse modo, estava sempre na expectativa. Não sofria por pensar assim, mas ficava sempre de prontidão; então, quando ele nasceu, sendo o sétimo filho, comecei a sentir-me diferente. Mais zelo do que o normal, preocupação exagerada, dúvidas sobre os cuidados com um recém-nascido diferente dos outros. Hoje, vejo a realidade das respostas dos Espíritos à Kardec, quando afirmam que todos sabem intuitivamente das tribulações pelas quais irão passar. Saulo tinha um desenvolvimento diferente dos outros. O que deveria ser normal para qualquer criança, de um modo geral, para ele, era motivo de rejeição; em contrapartida, ele fazia coisas estranhíssimas, difíceis de entender.

FE – E a cegueira?

Vanessa – Com 40 dias de nascido, nós o levamos ao oftalmologista, imaginando que ele tivesse algum probleminha; e já fomos ao médico entristecidos pela possibilidade dos futuros óculos. Como somos cegos! Quando o especialista disse que o problema era mais grave do que pensávamos e nos recomendou seu professor especialista em retina, pela primeira vez, o chão saiu dos meus pés. Meu marido e eu não tivemos nenhuma dúvida em fazer todos os exames e receber a resposta final de que Saulo era cego: seu olho direito não tem formação completa e o nervo ótico do olho esquerdo, já aos 3 meses, estava empalidecido pela falta de uso. Saímos do hospital e, seguindo o conselho do médico, rumamos para o Instituto Benjamin Constant (IBC). Foi o início de um novo ciclo.

FE – Que tipo de tratamento vocês buscaram para o autismo?

Vanessa – A professora que atendia o Saulo na educação precoce, no IBC, conhecia um terapeuta que auxiliava as crianças a falar, porque Saulo foi perdendo o escasso vocabulário que já havia desenvolvido. Portanto, antes de começar a falar palavras completas ele foi, ao contrário, diminuindo o pouco vocabulário que tinha. Soubemos depois que o especialista indicado atendia crianças que tinham problemas bastante graves. Era o caso do meu filho. Hiperativo, agressivo, violento. Iniciou a terapia de desenvolvimento mental baseada no behaviorismo. Foram 12 anos ininterruptos, diariamente, sem nunca faltar a nenhuma terapia. Para nós, não existia dia de domingo ou Natal. Os amigos não podiam mais frequentar nossa casa para não atrapalhar o tratamento dado. Foi uma época de muito trabalho.

FE – Você acredita na cura do autismo?

Vanessa – O autismo tem cura. Não a cura de uma pessoa completamente liberada dos traumas e conflitos. Existe alguém nessa condição? Mesmo as pessoas consideradas “normais”, mas que passam por crises de ordem psíquica ou emocional, saram completamente? Onde está o Espírito em marcha para a perfeição? A cura do autismo está relacionada ao tratamento médico, nutricional, psicopedagógico, social e espiritual. Nunca descartei a atuação dos Espíritos. Sempre estive e estarei ligada intimamente aos mentores e aos ensinamentos do Mestre Jesus. Nossa cura real deverá ser a da alma. Qualquer conquista é por mim considerada cura.

FE – Como o Saulo se comportou ao longo destes 27 anos de existência?

Vanessa – Foram longos anos de investimento. Não esperava mais do que o aprendizado do momento. Vivia apenas no hoje. É verdade que os olhos de mãe fazem, sem querer, as comparações, porém considero que essa não é a melhor forma de educar. Por isso, voltava atrás e focava apenas ele e sua realidade. O objetivo era superar-se dentro de suas possibilidades. Dessa forma, segurar a colher e levá-la à boca, sem minha interferência, era considerado vitória. Recordo-me de que a professora do IBC pediu-me para ensiná-lo a engatinhar (o cego tem tendência a andar para trás por instinto de proteção física). Eu precisava ensiná-lo a fazer o movimento de pernas e braços no chão, deitada por cima dele. Não conseguíamos. A tentativa foi dos 9 aos 13 meses de vida. Fiquei exausta e, por pouco, não desisti, até um dia em que o som de um guizo despertou sua atenção: ele levantou o corpinho e engatinhou até o local do guizo. Quase chorei, meu filho era o máximo! Em pouco tempo, antes de 2 anos de idade, Saulo foi modificando seu comportamento, tornando-se agressivo. Qualquer pessoa que o deixasse descontente ele machucava com suas pequenas, mas fortíssimas, mãozinhas. Nosso oitavo bebê já tinha nascido e o estado de alerta aumentou. Saulo chorava demais e urrava, sem conseguirmos acalmá-lo. Como não parava, segurava as portas e as batia com muita força. Não foram poucas as vezes em que os ferrolhos das portas se soltaram. Finalmente, resolvemos não colocar mais portas no conserto.

Quando íamos usar o liquidificador, Saulo deveria ser retirado de casa, porque o barulho do aparelho o enlouquecia. Era horrível! Enumerei, certa vez, 54 “neuras” que o acometiam, mas era trabalhado para libertar-se delas. Por outro lado, momentos de alegria tínhamos também. Certo dia, vindo para casa, Saulo como sempre no banco de trás, estava quietinho e eu aliviada pelo silêncio, quando ele disse “mama”. Não estava chorando, nem gritando, nem agitado. Só disse “mama”. Posso dizer que ganhei um grande presente. Que emoção!

Na Casa Espírita, o tratamento com Evangelho, passes e água fluidificada, além dos remédios homeopáticos receitados pelos Espíritos, sempre fizeram parte de sua vida. Jamais deixei de ir às reuniões por causa da confusão que ele fazia. Lugar de doente é no hospital e o Centro Espírita tem essa função. Não me preocupava com o que diziam as pessoas por não entenderem o que se passava. Foram anos difíceis, mas com a recompensa da melhoria dele. Cada dia Saulo me surpreende mais!

FE – Como foi o desenvolvimento do seu filho?

Vanessa – Ele fez o primeiro grau completo no Centro de Estudos Supletivo (CES). As provas eram dadas oralmente e escritas no papel pelo professor. Como existe uma forma diferente de atuação, era permitido que eu, quando precisasse, formulasse a questão de outra maneira para que ele a entendesse. Aos 6 anos, ele começou a tocar piano, como terapia ocupacional, mas o resultado foi tão bom que logo percebemos sua sensibilidade para música. Tem tido aulas de piano desde bem menino e o resultado é surpreendente. Como o professor de piano ensinava canto, combinei com ele uma experiência de canto com o objetivo de que Saulo pudesse verbalizar mais e expor algo de dentro de si para o mundo. Após algumas aulas, o professor mostrou-se impressionado com sua voz. Estava nascendo nosso tenor. Fomos à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Saulo fez prova para canto lírico no curso intermediário, obtendo aprovação em primeiro lugar no concurso geral. Nunca imaginei que ele soubesse tanto de teoria musical! Nova vida, novos sonhos. Nesse meio tempo, cursou o CES novamente e encerrou o segundo grau. Tínhamos em mente algo mais audacioso para ele: Bacharelado em Canto. Fez o vestibular. A prova específica foi excelente. As provas curriculares nem um pouco. Fez o ENEM. Apesar da gentileza com que ele foi tratado, a lei não privilegia casos excepcionais como o dele. Autista não tem proteção legal. Se existisse cota para casos como o dele, certamente Saulo estaria cursando o Bacharelado em Canto na UFRJ. Seu curso intermediário foi brilhante. O currículo está na secretaria da Escola Nacional de Música para ser visto. Vários professores de lá pensam que ele é aluno do Curso Superior, dada sua competência vocal e teórica. Essa é uma queixa que desejo registrar.

FE – Ele a tem acompanhado em suas atividades espíritas?

Vanessa – Saulo sempre esteve presente nas atividades espíritas. Nas reuniões doutrinárias e da juventude, ele é um estudante responsável e interessado. Pela memória prodigiosa que possui, é capaz de tecer comentários sobre assuntos espíritas. Jamais se negou a acompanhar qualquer dos familiares em eventos da Doutrina. Sua contribuição se dá através da música, quando é convidado a harmonizar o ambiente cantando ou tocando piano.

FE – Que recado você deixa para as mães e pais que vivenciam experiência como a sua de ter um filho autista para cuidar?

Vanessa – O Espírito é imortal. Acredito que essa seja a mais profunda de todas as assertivas de Jesus, e o Espiritismo a coloca por base doutrinária. Nenhum dos filhos de Deus está esquecido. Suas provas e expiações são temporárias, até o momento da compreensão total da proposta do bem, na intimidade do ser. Diante das irrecusáveis comprovações, tenho sempre por lema o consolo de Maria: “Isso também passa.” A nossa entrega a Deus e a aceitação do fato quebram o preconceito e o medo de lidar com situações tão difíceis. Não desista. Ame seu filho e fale com ele (com o Espírito), que ele compreenderá. Deixe o corpo dele de lado e entre na essência do ser que ora está enclausurado. Não devemos esquecer nunca que o comando do corpo é feito pelo Espírito que nele habita. Repita o ensinamento quantas vezes precisar, um dia ele responderá. Busque alternativas de diálogo. Não é apenas oralmente que nos comunicamos.

Conheço uma mãe que recebe as respostas do filho através de perguntas feitas no papel, com lacunas específicas para que ele marque X na resposta à pergunta feita. Essa mãe já começa a conhecer seu filho, apesar de ele não emitir nenhum som oral. Vários problemas seus têm sido resolvidos, inclusive o de dores físicas. Vamos ensinar nosso filho a escolher entre isso ou aquilo. Ele vai começar a ter autonomia e autoestima. Nunca diga que não vai adiantar. Abaixo de Deus, ninguém é mais poderoso que o Espírito. Ele tudo pode, inclusive vencer os bloqueios mentais e físicos. “Vós sois deuses”, disse Jesus. Nosso filho está incluído aí.

FE – Como tem sido a convivência familiar entre você, seu marido e os dez filhos?

Vanessa – Há quem olhe para nós, que formamos uma família diferenciada em número de filhos, e pense em missão. Não é verdade. Estamos unidos por injunções reencarnatórias. Somos devedores da Lei, mas passíveis de fazer, da nossa, uma vida feliz. Temos primado pela união de todos, apesar das naturais diferenças. Desde o berço, ensinamos que os irmãos e pais são os seres mais importantes da nossa vida, a começar pelo próprio casal. A melhor coisa que existe é não ter medo de voltar atrás e pedir desculpas. Isso dilui o problema. Em relação aos filhos casados, mantemos a atenção para que eles não percam contato afetivo entre si e os novos membros que chegaram para constituir seus lares. Ninguém está junto por acaso. Às vezes, é preciso esperar um pouco para passar o furor da crise, quando ela acontece, porque o retorno ao convívio fraterno é bom para todos. Assim temos vivido.

FE – Como você vê a religião e o lar?

Vanessa – Não descobri nada mais importante na vida que a religião: o estudo do Evangelho e o encontro com as Forças Superiores do Bem. Sem ser importante o credo, mais necessária é a lembrança de Deus nas situações em todos os momentos simples do viver. O lar deve ser visto e sentido como um santuário de bênçãos para que a fé não esmoreça. Ore com a família reunida. Se, porventura, algum dos membros se dispersar, continue sua tarefa. A luz emitida por alguém clareará os caminhos daquele que está no escuro. A mulher ainda é o maior repositório de harmonia para a manutenção do equilíbrio no lar. Acima de todos nós está Deus e Sua misericórdia.

Saulo Laucas


Saulo Laucas

Saulo dançando com a irmã Regina


Dia Internacional de conscientização

pelo Autismo

Saulo em viagem com o pai aos Estados Unidos

Saulo se apresentando ao piano na Casa do Caminho Ave Cristo, em Birigui, SP

O tenor Saulo Laucas na Ave Cristo

Saulo entre os pais Enivaldo e Vanessa