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sexta-feira, 30 de março de 2012

NOTICIAS DO MOVIMENTO ESPIRITA. 30-03-2012

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NOTICIAS DO MOVIMENTO ESPIRITA 29-03-2012

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quarta-feira, 28 de março de 2012

Homenagem a Jésus Gonçalves (II). Entrevista com Jaime Prado (1): A hanseníase e o Asilo-colônia de Aimorés

Jésus Gonçalves

Esteve internado no Asilo-colônia de

Aimorés entre 1933 e 1937


Nesta página o historiador e jornalista Jaime Prado, residente em Bauru,

SP, nos conta um pouco da história do antigo Asilo-colônia de Aimorés,

hoje Instituto “Lauro de Souza Lima”, local onde eram internadas as

pessoas portadoras da lepra ou hanseníase. Jaime trabalha na instituição

desde o ano de 1976 como Servidor Público. Ao longo dos anos Jaime tem

produzido muitos materiais registrando a história daquela instituição que

abrigou milhares de pessoas enfermas, dentre as quais Jésus Gonçalves, o

nosso homenageado que ali viveu entre 1933 e 1937. Em artigos e registros

fotográficos que pretendemos amealhar com o concurso de amigos colabo-

radores, tentaremos prestar da melhor forma que conseguirmos esta justa

homenagem a este homem exemplar ao qual endereçamos nossos pensa-

mentos da mais profunda e sincera gratidão. (Ismael Gobbo)


Jaime, você pode nos fazer sua auto apresentação

Ismael, sou Jaime Prado 59 anos, brasileiro, casado com Helena Maria Antônio Prado, tenho uma filha Thaynara Fernanda Antônio Prado. Nasci na cidade de Santópolis do Aguapéi, SP, aos 25 dias de Março de 1953, filho de Mariano de Almeida Prado e Mariacy da Costa Prado. Meus pais tiveram três filhos, eu e minhas duas irmãs.

Sou de família simples e por este motivo tenho minhas raízes profundas na humildade e preservo os ensinamentos dos meus pais já falecidos.

Qual a sua formação acadêmica e profissional?

Sou servidos público estadual há 36 anos, no atual Instituto “Lauro de Souza Lima”, em Bauru, SP, onde realizo um modesto trabalho na preservação da história do antigo Asilo-Colônia Aimorés, expondo fotos em preto e branco com datas, dados e textos referentes à história desta instituição genuinamente bauruense. Não sou nada além de um simples apaixonado pela história que eu conheço desde 1968, que apesar de possuir um rico material de informação nada em representado para a instituição. Sou Jornalista na Função de Repórter Cinematográfico: Mtb: 038076 pela FENAJ – Federação Nacional de Jornalismo.Trabalhei como Repórter Cinematográfico e colaborei na fundação da TV Centrinho da USP em Bauru/SP em 1996. Participei na fundação da TV USC da Universidade do Sagrado Coração a USC de Bauru/SP. Militei durante 10 anos consecutivos como Repórter Cinematográfico na Televisão da Universidade do Sagrado Coração, onde tive o prazer e o privilégio de acompanhar a visita do Papa Bento XVI no Brasil, de gravar com o Juiz Italiano Baltazar Garzon, o mesmo que prendeu o Pinochet e de documentar e gravar a última matéria com o professor do Toquinho, o saudoso PAULINHO NOGUEIRA, em sua residência em São Paulo dois dias antes da sua partida terrestre. Também gravei as ultimas entrevistas com as personalidades que cito: os inesquecíveis Paulo Autran, Mauro Rasy, Dom Vicente Marcheti Zioni, primeiro Bispo da História de Bauru e o Arquiteto bauruense Jurandir Bueno Filho. Ainda, tive o prazer de documentar com exclusividade a história do primeiro astronauta brasileiro Marcos Pontes em um passeio a bordo da antiga Maria Fumaça, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia realizada no prédio da extinta estação ferroviária de Bauru.

Como se deu o seu ingresso como funcionário no Asilo-Colônia Aimorés em Bauru, destinado aos portadores da hanseniase?

Bem, minha história com o Asilo-Colônia Aimorés vem de muito tempo. No ano de 1937, uma tia querida foi internada nessa colônia de isolamento. Ela foi levada de sua casa, numa cidadezinha do interior onde a família morava, pelos guardas do Departamento de Profilaxia da Lepra. Lá ela faleceu em 1946 e a família não teve o direito de saber onde ela estava, nem mesmo após a morte para visitar o seu túmulo. Este trauma eu carrego desde quando ouvi os relatos dos meus avôs sobre o fato. Também outro acontecimento marcante foi a internação de outra tia nossa ocorrido em 1956 o que a obrigou ficar separada dos quatro filhos por muitos e muitos anos, cerca de 30 anos, até a conclusão do seu tratamento. Apesar dos meus 59 anos de vida, o passado ficou gravado na minha memória, com imagens em preto e branco, e que fazem parte do meu arquivo histórico intimo.

Sabemos que a lepra, Mal de Hansen, ou hanseníase, é uma das doenças mais antigas e cujos registros encontramos na Bíblia, dentre outras fontes. Poderia nos falar alguma coisa sobre a doença desde a antiguidade e como eram tratadas as pessoas que a possuíam?

Nos registros da antiguidade, no Velho Testamento e também no Novo, o assunto é tratado em diversos momentos, inclusive com os relatos de que Jesus Cristo curou vários leprosos.. No livro Levítico, ao que consta escrito por Moisés, em seus capítulos 13 e 14, há descrição da doença, relatando sobre as manchas que apareciam na pele do doente e a consequente proibição das vítimas de conviverem com as demais pessoas. Segundo consta em países como a França, se queimava os portadores da lepra, para que o mal não se propagasse. A doença não deixa de ser um estigma ainda. Concluindo posso dizer que se acabamos com a palavra “lepra” ainda convivemos com a hanseníase que ainda é vista com ares preconceituosos e de temor.

Os portadores da lepra eram discriminados no Brasil?

Não só eram discriminados como afastados da família e da sociedade. Prova disto é que as antigas colônias eram construídas longe das cidades, como aconteceu com o Asilo-Colônia Aimorés, a ultima a ser construída no Estado de São Paulo, cujo início da construção se deu em 1928. Esta colônia está localizada, propositalmente, a cerca de 12 quilômetros do centro de Bauru., para excluir os doentes do convívio social.

Como eles, os doentes, eram segregados nessa época?

Muitos doentes eram retirados do convívio familiar ou isolados, alguns nas próprias casas onde residiam, em quartos independentes ou as vezes trancados em algum cômodo sem manter contato com os demais familiares. A alimentação era servida através de um buraco. As famílias desconheciam a causa da moléstia e isso causava clima de terror entre as pessoas. Alguns enfermos chegavam a carregar um pequeno sino para anunciar que era doente da lepra.

Quais as leis brasileiras que determinaram a segregação dos leprosos?

No Brasil as leis são antigas e dados históricos da década de 1920 já falam do inicio das construções dos conhecidos leprosário. A Lei Federal número 610, de 13 de janeiro de 1949 foi criada para isolar os portadores da lepra, quando os guardas do Departamento Sanitário e do DPL - Departamento de Profilaxia da Lepra saiam à procura dos doentes que muitas vezes eram denunciados pela própria família ou pelos vizinhos. Na época muitos eram levados à força, sem rumo e sem destino, ou melhor era encaminhados para a cidade dos excluídos, as antigas colônias de leprosos.

No Brasil, onde foram criados os estabelecimentos para abrigar os portadores da lepra?

Em vários estados foram construídas as colônias de isolamento. No estado de São Paulo podemos registrar: Colônia do Padre Bento, em Guarulhos; Colônia de Santo Ângelo, em Mogi das Cruzes; Colônia de Cocais, em Jundiapeba, Colônia do Pirapitinguí, em Itu, e, por ultimo, a Colônia Aimorés, em Bauru que, por muito tempo, foi conhecida como “Cidade Jardim”, em referência à beleza da sua arquitetura e a bela jardinagem, bem cuidada pelos próprios internos da instituição.

Como foi concebida Colônia Aimorés?

A Colônia Aimorés surgiu como resultado de uma Campanha na Imprensa Bauruense, em março de 1926, idealizada pelo jornalista José Maria de Jorge Castro, do Diário da Noroeste. A proposta consistia na realização de um Congresso Regional, com a participação de todos os municípios da Região Noroeste para tratar da situação dos portadores de lepra. Como um dos resultados advindos do congresso, se deu a publicação de vários artigos na imprensa com a finalidade de sensibilizar a sociedade bauruense para com o drama dos doentes que viviam perambulando pelas ruas da cidade, esmolando para o sustento da sua própria família. Ressalta-se que apesar de doentes, eles, os portadores da lepra, precisavam pedir esmolas para a sua sobrevivência. Como Bauru era na época um centro dos entroncamentos ferroviários, a cidade recebia pessoas de todas as regiões do estado a procura de um lugar digno para amenizar seus sofrimento em relação a moléstia que lhes afastavam da sociedade. Em razão da discriminação, os doentes construíam seus barracos e tendas às margens das estradas de ferro Noroeste, Sorocabana e Paulista, no Horto Florestal e ao lado do Matadouro Municipal. No tocante aos modelos, as colônias eram mais ou menos iguais, e, segundo as informações e dados, elas seguiam os modelos das colônias de Carville, nos Estados Unidos.Em Bauru depois da primeira reunião com os 84 municípios da Região Noroeste, da qual foi aprovada a doação de 10% dos impostos dos municípios participantes, um projeto pioneiro no Brasil, diga-se de passagem, do qual a sua cidade, Araçatuba, fez parte, na reunião do dia 27 de Setembro de 1927, conforme consta da primeira Ata lavrada. Em 1928 iniciou-se a construção dos primeiros pavilhões que, em 13 de Abril de 1933, ou seja, há 79 anos passado, inauguraram o Asilo-colônia Aimorés, que nunca mais fechou seus portões em forma de arco para receber os doentes portadores da lepra.

Nesse estabelecimento os familiares eram admitidos junto com o doente?

Não se admitiam os contatos familiares. Exemplos claros, verídicos e comprovados foi o fato ocorrido com minhas tias, uma internada em 1937 e outra em 1956. A família não foi comunicada para onde elas foram levadas, deixando para trás os familiares, filhos e seus entes queridos. Foram levados para um verdadeiro campo de concentração nazista em terras brasileiras. .

É verdade que na época os portadores da doença que não se apresentavam espontaneamente eram caçados pelas autoridades?

Sim, a polícia e os guardas, verdadeiros jagunços do tenebroso e temível DPL - Departamento de Profilaxia da Lepra do Estado de São Paulo, e do Departamento de Vigilância Sanitária, com os homens armados e sem amor algum ao próximo, caçavam e pegavam impiedosamente aqueles que eram portadores da lepra. Muitos deles foram denunciados como no caso da minha tia em 1937, que foi colocada dentro do “camburão preto” que trazia gravado as três letras do terror DPL – Departamento de Profilaxia da Lepra, no caso do Estado de São Paulo.

Como era a vida na Colônia?

Segundo os relatos de um ex-interno do antigo Asilo-Colônia Aimorés, hoje com 93 anos de idade - eu sempre procuro conversar com ele obtendo informações sobre a história do passado objetivando repassar para as futuras gerações o significado da palavra lepra – este senhor nos diz que os campos de concentração nazistas deviam ser até melhores que as colônias de leprosos porque os guardas nazistas tinham saúde e agiam por si próprios enquanto que nos leprosários, o que se via, eram doentes espancando os próprios doentes por ordem do delegado que existia na colônia. Até cadeia ou masmorra existia na colônia. Os doentes trabalhavam para cuidar da colônia a fim de torná-la uma “gaiola de ouro”. Na verdade, por detrás das cercas que separava os dois mundos, o do sadio e o do doente, existia uma outra realidade da história, que a própria história ainda desconhece.

Pelo que se pode constatar nos registros fotográficos era uma verdadeira cidade?

Sim, era um verdadeira cidade, construída pelo Estado, como já disse, distando cerca de 12 km do centro da cidade. Aqui existia o Cassino Cine-Teatro, salas de jogos, coreto na Praça Adhemar de Barros, Cadeia, Igreja, Cemitério, Fábrica de Guaraná, Padaria, Sorveteria, Marcenaria, Marmoraria, Tipografia, Olaria, Alfaiataria, quadra de basquete, campo de Malha e Bocha e lagos para natação.Tem-se que registrar que, entre 1933 a 1937 período em que Jésus Gonçalves esteve internado, aliás o mais ilustre deles, este liderou uma série de iniciativas que buscava promover a integração entre os internos, amenizando-lhes a dor e o insulamento compulsório. Com efeito, por sua iniciativa surgiram o Grupo de Balé, de Teatro, a Equipe de Futebol, a Rádio Publicidade Aimorés (RPA), a Jazz Band, a Banda Furiosa, o jornal O Momento, o Centro Espírita e inúmeras outras conquistas que de alguma forma permitiam alguns momentos de alegria para quem carregava no peito tantos e tantos sofrimentos. Não foi por acaso que cognominaram Jésus Gonçalves de Missionário dos Leprosos no Asilo-Colônia Aimorés.

Jaime, o atual Instituto Lauro de Souza Lima continua a atender os pacientes portadores de hanseníase?

Sim, Ismael, o Instituto Lauro de Souza Lima em Bauru, SP, continua atendendo pacientes de todas as regiões do país. Como os pioneiros no Brasil, é um instituição de referencia da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo e do Ministério da Saúde e, também referência mundial no tratamento e nas pesquisas em hanseníase.

A trajetória do órgão foi esta ao longo do tempo:

Leprosário de Bauru, em 1925

Leprosário da Estação Aimorés em 1927.

Em 1928 iniciou-se a construção do Asilo-Colônia Aimorés que foi inaugurado em 13 de Abril de 1933.

Sanatório Aimorés em 1949.

Hospital Aimorés de Bauru em 1969.

Hospital "Lauro de Souza Lima em 1974.

Instituto "Lauro de Souza Lima" em 1989.

Como se vê, a caminhada foi longa e pela instituição passou grandes personalidades da área médica voltadas ao combate da lepra, mal de Hansen ou hanseníase. Dentre eles podemos destacar o Prof. Dr. Diltor Vladimir Araújo Opromolla, que foi um dos discípulos do inesquecível Dr. Lauro de Souza Lima, um verdadeiro Bandeirante da Ciência Brasileira, o Médico Missionário dos Hansenianos, um Apostolo da Caridade que aplicava a medicina com o coração. Foi o responsável pela implantação do tratamento Sulfônico no Brasil, principalmente nas cinco colônias de isolamento do Estado de São Paulo. Foi Diretor do DPL- Departamento de Profilaxia da Lepra, Consultor Científico da ONU e que foi distinguido com vários títulos pela luta no combate á lepra.

São muitos os casos atendidos no Instituto Lauro de Souza Lima? Ainda é grande o índice de incidência da doença?

Sim, muitos casos que chegam de várias cidades da região e de outros estados. Infelizmente somos o segundo país do mundo em casos e com o índice de 8 a 10% deles apresentando sequelas irreversíveis, segundo os dados do Morhan Nacional. A incidência da moléstia ainda é preocupante no Brasil e em outros países também, motivo pelo qual a ciência luta incansavelmente para debelá-la, porém ainda fica no ar a pergunta: até quando? E ainda não temos a resposta.

Os pacientes atendidos são de que regiões?

De todas as regiões do estado e do Brasil chegam pessoas a procura de tratamento e, para isto, o Instituto Lauro de Souza Lima se destaca entre um dos mais conceituados no país.

Ainda existe preconceito com relação aos portadores do mal de Hansen?

Amigo, o preconceito sempre vai existir por mais informação que se tenha. O trabalho do Morhan Estadual e Nacional que caminha prestando informações mas acho que ainda deveria ser divulgado muito mais nas Escolas, Municipais, Estaduais, nas Universidade Públicas e particulares.

Visite a home Page:

Ali você encontrará muitas informações

http://www.morhan.org.br/


O jornalista e historiador Jaime Prado com a esposa

Helena Maria ocasião em que restaurou o relógio

da torre da igreja que permaneceu parado durante

30 anos


O relógio da torre da igreja de Nossa Senhora das Dores

no Asilo-colônia de Aimorés, restaurado por Jaime Prado

Igreja de Nossa Senhora das Dores no Asilo-colônia de

Aimorés, em Bauru, SP

A Jazz Aimorés Band do Asilo-colônia Aimorés

Vista aérea do Asilo-colônia de Aimorés, em Bauru, SP

Foto de pavilhão do Asilo-colônia Aimorés

O primeiro Baile da “Kermesse” no Asilio-colônia Aimorés no ano de 1935




NOTICIAS DO MOVIMENTO ESPIRITA 28-03-2012

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terça-feira, 27 de março de 2012

Homenagem a Jésus Gonçalves (1). Explicação e pedido de colaboração

Jésus Gonçalves

Neste 2012, precisamente no dia 12 de julho, o calendário assinalará os 110 anos de nascimento de Jésus Gonçalves, ocorrido na cidade de Borebi, no estado de São Paulo.

A história de vida de Jesus Gonçalves é linda e merece ser relembrada não apenas para registro do seu aniversário mas, acima de tudo, como um exemplo vivo a ser seguido por todos nós.

Muitas são as biografias acerca da vida e da obra desta figura singular que se tornaria no último trato da existência física um destacado vulto do movimento espírita brasileiro.

Para homenagear Jésus Gonçalves com todo carinho que merece abrimos espaço neste modesto “Noticias do Movimento Espírita” para quem queira enviar sua colaboração escrita, imagens de Jésus Gonçalves e reproduções digitais de publicações antigas. Neste caso, com a autorização dos detentores do acervo para consignação do devido crédito.

Como matéria inaugural iremos publicar no Noticias desta quarta-feira, 28 de março de 2012, a primeira das entrevistas que estamos realizando com o historiador e jornalista de Bauru, SP, Sr. Jaime Prado, que é funcionário do Instituto “Lauro de Souza Lima”, este sucessor do Asilo-Colônia Aimorés, onde Jésus Gonçalves esteve internado para tratamento de “hanseníase” no período de 1933 à 1937. Na sequencia outras entrevistas, depoimentos e artigos serão disponibilizadas à medida que nos chegarem ou que os tenhamos preparados.

Na primeira participação Jaime Prado nos contará um pouco da história da Colônia de Aimorés e sobre a discriminação e maus tratos a que os portadores da “lepra” eram submetidos, de forma muito parecida com o descrito no livro Levitico, o terceiro do Velho Testamento, onde à época os portadores eram considerados imundos e expulsos do meio em que viviam: “será imundo durante os dias em que a praga estiver nele; é imundo e habitará só: a sua habitação será fora do arraial. (Levitico 13: 46)

Que o nosso mestre excelso, Jesus, derrame toda sua luz sobre essa figura igualmente fulgurante que ora queremos homenagear: Jésus Gonçalves.

Envie-nos, pois, a sua colaboração. (Ismael Gobbo)


Vista parcial de Borebi, SP, cidade onde nasceu Jésus Gonçalves

Fonte da Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Borebi_020308_REFON_16.JPG

O jornalista e historiador Jaime Prado

Bauru, SP

Inscrição sobre o arco de ingresso ao cemitério do Asilo-colônia Aimorés,

inaugurado em 1933. Bauru, SP. A inscrição: “Aqui termina as dores da vida”

Portão de entrada ao Asilo-colônia Aimorés, em Bauru, SP. Foto do acervo particular de Jaime Prado.

Asilo-colônia de Aimorés, Bauru, SP, em 1937


NOTICIAS DO MOVIMENTO ESPIRITA 27-03-2012

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NOTICIAS DO MOVIMENTO ESPIRITA 26-03-2012

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segunda-feira, 26 de março de 2012

Focalizando o Trabalhador Espírita (134) Izabel Regina Rodrigues Vitusso

Izabel Vitusso

Izabel, poderia nos fazer sua autoapresentação?

Eu nasci em São Bernardo, no ABC paulista. Meus pais vieram do interior de São Paulo, Catanduva, assim que se casaram. Aqui tiveram e educaram os cinco filhos, dedicando-se intensamente ao movimento espírita. Eu me casei bem nova, com 21 anos, e fui morar em Minas: primeiramente em Belo Horizonte (por três anos) e depois Uberlândia (14 anos). Sempre digo que foi um período muito gostoso de minha vida, junto aos meus três filhos e marido. O movimento espírita lá é muito peculiar, com pessoas intensamente dedicadas... Foi um tempo de muitos amigos... Mesmo hoje, morando em São Paulo, quando volto para lá, tudo vira festa.

Qual a sua formação acadêmica e atividade profissional?

Tenho formação em comunicação social, em jornalismo, área em que sempre trabalhei. Em Uberlândia, fui docente na Faculdade de Jornalismo, no Centro Universitário do Triângulo, e trabalhei com comunicação corporativa, em grande empresa no ramo atacadista distribuidor. Lá também publiquei meus dois livros, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e da Aliança Municipal Espírita. Atos de Amor (Minas Editora) e Terra Fértil, Semente Lançada – a História do Espiritismo em Uberlândia (AME).

Em São Paulo, estamos há onze anos. Aqui fui trabalhar em editora de livros e revistas científicas, até assumir a responsabilidade pela Editora Espírita Correio Fraterno.

De que maneira conheceu o Espiritismo e desde quando o frequenta?

Meu pai já nasceu em família espírita e desde novo foi bastante atuante, desde a época da Mocidade Espírita, em Catanduva, SP, no C.E Amor e Caridade. Ao vir para São Bernardo, passou a frequentar o único centro espírita que existia, o Centro Espírita Emmanuel, e em pouco tempo já estava engajado no projeto de fundação do Lar da Criança Emmanuel (fundado em 1960), ao qual a editora Correio Fraterno é vinculada, tendo sido fundada também pelo grupo em 1967. O compromisso de meu pai com a casa e a causa espírita permanece até hoje. Fora o Lar, do qual sempre esteve presente, fazendo parte inclusive da diretoria, também no Correio Fraterno ele esteve à frente na maior parte dos 44 anos de sua fundação. Mesmo morando hoje em Campinas, próximo a São Paulo, temos nele nosso conselheiro incondicional, nosso apoio experiente.

Poderia nos fazer uma súmula de sua participação no movimento espírita nesse período?

Desde pequenos, nós em casa acompanhávamos nossos pais nas atividades do Lar da Criança Emmanuel e outras que aconteciam no ABC, pois era um grupo de trabalhadores muito unidos. Vale a pena conhecer a história da instituição (www.laremmanuel.org.br) e seus desafios. Dentre eles, estão os recursos para ela se manter. Mensalmente os fundadores e voluntários do Lar faziam o churrasco beneficente para mais de 400 pessoas. Todos trabalhavam muito. E nós, as crianças, filhos dos diretores e colaboradores, ajudávamos no que podíamos. Com cerca de oito anos eu já tinha muito bem a noção do que significava aquele trabalho, no fundo também desfrutava do bem-estar por doar minha cota de solidariedade às crianças órfãs que lá moravam.

Ainda em São Bernardo, em casa, fomos uns dos primeiros integrantes a formar a evangelização do Grupo Fraternidade João Ramalho, assim que a sede foi fundada pelo casal Ruth e Orlando de Souza Brito. Já na Mocidade, vez por outra, éramos convidados a participar da reunião de efeitos físicos, realizada no centro. São lembranças inesquecíveis: com a comunicação de voz-direta, materializações, a presença ‘divertida’ dos espíritos José Grosso, Palminha – presença marcante no Movimento da Fraternidade –, com quem aprendemos, ainda na juventude, a naturalidade do fenômeno ‘morte’. E que trabalho sério também combinava com alegria e bom humor. Ficávamos dias comentando a respeito. Tudo o que assistimos com certeza serviu para sedimentar a nossa base na doutrina, não só nossa, mas de muitas pessoas que hoje estão à frente de outros trabalhos.

Morando já em Belo Horizonte, e com a mediunidade intensamente eclodida, passei a frequentar a reunião mediúnica e o trabalho da evangelização do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla. Como cantavam aquelas crianças!!!

Em Uberlândia, trabalhei com a querida equipe do C.E Joana d’Arc, sempre na reunião mediúnica e na equipe de evangelização. Quando cheguei em São Paulo, o projeto do CCDPE – Centro de Cultura Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro começava a ganhar força. Engajei-me nele, fazendo parte até pouco tempo da diretoria. Hoje participo apenas dos Encontros anuais da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, o ENLIHPE. Também participo no Centro Espírita União, no Jabaquara, em grupo de reunião mediúnica e na editora Correio Fraterno e do Lar da Criança Emmanuel, esses em São Bernardo.

Fale-nos da sua atual participação no Correio Fraterno.

O jornal Correio Fraterno sempre foi muito presente em casa. Era lá que no começo eram feitas as expedições. Também nos mobilizávamos. Já contei que minha mãe fazia cola de farinha e nós, crianças, ajudávamos a colar os endereços em cada exemplar. Também ajudava em pequenas tarefas no jornal, quando ainda era estudante de jornalismo. Quando retornei de Minas para São Paulo, a pessoa que geria o jornal, seu Cirso Santiago, não estava mais à frente, o que fez com que, em 2004, eu o assumisse, para logo em seguida dar também continuidade às edições dos livros, sempre com o apoio de meu pai. E a cada ano surgem novos desafios. Mas o retorno que sempre recebemos sobre a qualidade do nosso trabalho, no jornal, nos livros e no nosso site, (www.correiofraterno.com.br), diariamente atualizado, nos enche sempre de alegria e nos faz acreditar que o caminho é esse.

Quais os momentos e as pessoas que mais lhe marcaram nesse trabalho?

São diversos os momentos marcantes. A publicação dos meus dos livros, em Minas, foi uma experiência muito gratificante, que me ajudou a entender a dedicação de muitos pioneiros no movimento espírita, e a conhecer uma porção de histórias instigantes que acabaram levando-os a procurar o espiritismo e a preparar o alicerce do movimento espírita na região. Atos de Amor traz as histórias de vida do casal D. Maria e seu Miguel Domingos de Oliveira (coautor da obra). Além de seu Miguel narrar como ninguém as histórias que se passaram com eles, elas eram muito ricas. Várias delas contam como os sessenta filhos adotivos chegaram até o casal. Além disso, quando criança, ele conheceu Eurípedes Barsanulfo, por quem tinha profunda admiração. Seu Miguel viajava com seu pai na carroça, de Araxá a Sacramento-MG, levando queijos para serem vendidos no comércio do seu Mogico – pai de Eurípedes . Adorava falar sobre tudo isso. Ouvindo-o, viajei com ele e senti saudades de um tempo que não vivi.

Já o livro Terra Fértil Semente plantada, a história do espiritismo em Uberlândia surgiu por sugestão em uma mensagem ditada por Corina Novelino, que dizia da necessidade de se pôr no papel a história dos pioneiros do espiritismo da região, o que ainda não havia sido feito. Foi uma experiência maravilhosa, muitos contatos, boas amizades. Aprendi muito.

Agora, o projeto mais marcante é o Correio Fraterno, claro, porque implica a superação dos desafios do presente. Na editora, somos um grupo muito afetivo, cheio de ideias, e superafinado com o ideal da divulgação. A equipe não é muito grande, mas conta com talentos polivalentes: Eliana Haddad, jornalista, Cristian Fernandes, o editor dos livros, sem contar os talentos administrativos e comerciais.

Nosso trabalho tem uma sinergia muito gostosa com o Lar. Trabalho de parceria mesmo. É tudo muito gratificante. Os desafios são grandes, mas só temos a agradecer!

Como tem enxergado a trajetória da Doutrina Espírita e do Movimento Espírita no Brasil?

O movimento espírita já passou por diversos períodos, desde a sua legitimização, com diversos pioneiros sendo chamados para defender o direito de acreditarem numa nova crença que não fosse a dominante. Só para lembrar, na década de quarenta, se consolida o trabalho de assistência social, com a fundação de importantes instituições pelo Brasil. Nesse período também as obras espíritas se multiplicam, principalmente porque se inicia a bela parceria espiritualidade/ Chico Xavier, que vão contar com o empenho dos trabalhadores espíritas para sua divulgação. Ao se difundir a doutrina, a mensagem imperativa era a de que na base do espiritismo estavam as obras da codificação, que era preciso realmente estudá-las e que tudo o que, pela lógica, dela fugisse, não seria espiritismo.

Vivemos agora o período de interiorização e reflexão, sobre tudo o que temos apreendido com a doutrina, trabalho interior, sem o qual não terá sentido todo esse nosso esforço. Espiritismo é meio e muitos de nós acabamos, pelo apego, por nossas dificuldades que ainda são tantas, fazendo dele um mero fim. Vivemos tempos de intensas mudanças, e as maiores delas no campo bem pessoal.

A literatura espírita está num bom caminho?

O mercado editorial espírita é um assunto bastante debatido hoje. A liberdade assegurada pela descentralização do poder representativo do espiritismo entrega a cada um o direito de seu livre exercício de entendimento. Em decorrência desta liberdade a nós assegurada vivemos hoje o grande desafio em relação às inúmeras publicações que imputam ideias à doutrina espírita que ela não tem. Sem contar a grande quantidade de obras que se intitulam espíritas e que na verdade não o são.

Esse assunto no movimento espírita é bastante delicado, pois que acabam existindo sentimentos não falados no que diz respeito a inúmeras publicações. E nem sei se houvesse um espaço para esse diálogo, se este seria amistoso como aprendemos com a doutrina.

Será que está faltando Kardec?

Se a codificação é a fonte primeira, é dela que temos que partir para nossas análises, mas isso não significa que não devemos nos aprofundar em nossas reflexões, ampliar o nosso entendimento, cotejar ideias, enxergar que a ciência espírita não é algo isolado, mas integrado a todas as áreas do conhecimento humano. Muitos espíritas, sem perceber, acabam se fechando. Por exemplo, só vão ao cinema para assistirem a filmes espíritas, não leem outras publicações que não sejam as da doutrina, perdendo a oportunidade de contextualizarem o conteúdo espírita das obras da codificação com as outras áreas do conhecimento, não correspondendo à proposta de liberdade, tão valorizada no espiritismo. Quem já leu o livro Viagem Espírita em 1862 teve a possibilidade de ver Allan Kardec como um homem liberto, dinâmico, estimulando na sociedade da época a integração de seus saberes. Fé raciocinada é isso!

Pela sua experiência jornalística, como antevê os dias futuros em termos de divulgação?

A meu ver, as mudanças são sempre bem-vindas, fruto do aprimoramento do conhecimento humano. Agora, a nós, cabe avaliar e nos posicionarmos para nos adequar e acompanhar, naquilo que condiz com os nossos objetivos.

Mudar é um exercício para o nosso autoaprimoramento. Nem sempre fácil. A comunicação social espírita é um tema bastante instigante e suscita uma série de debates. Como, por exemplo, a adequação e nosso discurso para os diversos públicos que se interessam pelo espiritismo, e que não se restringe mais à casa espírita. A utilização dos recursos da mídia cinematográfica para a difusão de fundamentos espíritas para público não espírita tem sido um belo exemplo. Porque hoje o mais desafiador não é o acesso à comunicação, facilitada pelos e-mails, redes sociais, sites, blog, aulas virtuais. Pelo contrário, em tempos de comunicação fácil, dobra a nossa responsabilidade sobre o que estamos falando e de que forma o fazemos; com coerência, com ausência de contradições, com encadeamento das ideias, dado que qualquer conteúdo gerado e publicado hoje pode ser acessado por milhões de pessoas em poucos segundos. É inegável o aumento do interesse pela doutrina, como inegável é também o grande interesse que ela desperta por seus aspectos fenomênicos. Espiritismo é muito mais. Tem toda sua filosofia a ser difundida. Poucos compreendem as causas e se prendem ainda aos efeitos. É papel nosso, dos comunicadores, ajudar nesta grande tarefa.

Algo mais que queira acrescentar?

Herminio Miranda cita uma frase em seu último livro O que é Fenômeno Anímico: “Escrevo para saber o que estou pensando”. Agradeço então por essa boa oportunidade de fazer uma retrospecção, lembrar de passagens tão gostosas, e ver que ainda há tanto por se fazer! Espero que essa ‘conversa’ sirva para motivar também os leitores.


00- opção de fotos Izabel com marido Nelson e filhos (1)

Izabel Vitusso, o marido Nelson e os três filhos Tássila, Lorena e Vinícius.

12- equipe Correio Fraterno

Equipe do Correio Fraterno em confraternização no final do ano. (A partir da esquerda Cristian Fernandes, à frente Tânia Teles, Geni Francisco (as duas do Lar Emmanuel), jornalistas Eliana Haddad, Izabel Vitusso, ao lado, Raquel Motta, Magali Marcos (Administrativo) Giovanna Verrone (site), à frente e ao meio a escritora Tatiana Benites, com os filhos do Cristian Pedro e Raiane.


02- Izabel e seus pais Raymundo Espelho e Maria Elena

Izabel Vitusso com seus pais

Raymundo Espelho e Maria Elena Stuginski

00- opção de fotos Izabel com marido Nelson e filhos (5)

Izabel Vitusso e o marido Nelson

11- 1978- Izabel em Campanha do quilo com a Mocidade em S  Bernardo

A jovem Izabel Vitusso na “Campanha do Quilo” da

Mocidade Espírita em São Bernardo do Campo, SP, no

ano de 1978

08- Izabel e Seu Miguel em Uberlândia- despedida para São Paulo

Izabel Vitusso e Sr. Miguel Domingos de

Oliveira, em 2000, em Uberlândia, dois anos

antes de ele desencarnar

Fotos simpósio comunicação social 2011 são paulo (46)

Izabel Vitusso no 7º. Simpósio de Comunicação

Social Espírita. São Paulo, 2011.

Encontro Nacional da Liga dos Pesquisadores deo Espiritismo 2010 SP

Izabel Vitusso ao lado da escritora Tatiana Benites no

Encontro Nacional da Liga dos Pesquisadores de

Espiritismo, no ano de 2010, em São Paulo

03 - fotos antigas Construção do Lar Emmanuel (3)

Lançamento da pedra fundamental do Lar da Criança Emmanuel (30/03/1960), em

São Bernardo do Campo, SP

03- Os próprios fundadores do lar ajudam na contrução dentre eles Raymundo Espelho ( mais para esquerda)

Os próprios fundadores do Lar da Criança Emmanuel trabalhando na mão de obra pesada.

Na extrema esquerda, em primeiro plano, Sr. Raymundo Espelho, pai de Izabel Vitusso.

Ao lado, José Carlos Schiurco, o de chapéu escuro Antonio Carlos de Carvalho, o e chapéu

claro Aurelino Pereira Lima. Ao fundo mais à esquerda é o sr. Manoel Martim Romero,

eleito presidente da instituição ainda no final da década de 60.

03- evento  na década de 60 para arrecadar fundos para o Lar

Evento beneficente na década de 1960, destinado a angariar recursos em prol do

Lar da Criança Emmanuel, em São Bernardo do Campo, SP

03- foto antiga das crianças no Lar Emmanuel

Foto antiga com as crianças do Lar Emmanuel, a primeira instituição a acolher as

crianças órfãs,

03-Foto da fachada do lar da Criança Emmanuel

Foto recente da bela fachada do Lar da Criança Emmanuel, no bairro Assunção,

em São Bernardo do Campo, SP

Facsimile da 1ª. página, da 1ª. edição de “Correio Fraterno” datada de outubro de 1967


OBS: AS FOTOS DESTA ENTREVISTA SÓ PODERÃO SER UTILIZADAS EM OUTRAS PUBLICAÇÕES MEDIANTE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO ENTREVISTADO.


em São Bernardo do Campo, SP.


domingo, 25 de março de 2012

NOTICIAS DO MOVIMENTO ESPIRITA 24-03-2012

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