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domingo, 13 de abril de 2014

Artigo especial. Allan Kardec


João Xavier de Almeida
Vila Nova de Gaia, Porto, Portugal

O passado dia 31 de Março completou 145 anos sobre a data em que, após frutuosíssima passagem na vida terrena, regressou à pátria espiritual Allan Kardec _ pseudónimo do notável académico francês Hippolyte Léon Dénisard Rivail. Este mesmo ano, 2014, perfaz o sesquicentenário da publicação de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, terceiro dos seus cinco livros fulcrais, codificadores da doutrina espírita. A fenomenologia que ela estuda, inerente à natureza humana, é tão antiga como esta. Mas até 1857, ano da publicação de O LIVRO DOS ESPÍRITOS (o primeiro da codificação kardeciana), essa fenomenologia era incompreendida, interpretada confusa e supersticiosamente. Allan Kardec, de início muito cético, estudou-a exaustiva e metodologicamente, sistematizando-a. Aberta à verdade e ao que novos conhecimentos venham a demonstrar de diferente, a doutrina espírita não foi elaborada sob signos de credulidade nem de rigidez dogmática.
Dado o universalismo da sua matéria de estudo, e contrariamente à presunção de alguns prosélitos, o Espiritismo não se arvora dono da “verdade” e “pureza doutrinária” que devamos “intransigentemente” defender. Acessível a quantos o busquem, contenta-se como um caminho para a Verdade, ciente de não ser único nem obrigatório; ciente também de quanta luz pode facultar a todos os outros caminhos, ou deles recebê-la. Levianamente intransigentes eram os fariseus, no tempo de Jesus, que não os poupou a advertências e repreensões.
Ao codificar prudente e criteriosamente o Espiritismo, superiormente assistido, Allan Kardec apreendeu a sua conformação com a alma do evangelho de Jesus; mencionou-a em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, onde fulge um lema capital: “fora da caridade não há salvação”. Nada permite considerar que esse livro tenha sido uma cedência de Kardec à hegemonia social cristã no mundo ocidental, como sustentam alguns confrades nossos, subestimando o evangelho e demarcando dele o Espiritismo. Têm os seus argumentos. A meu ver, parecem não tomar em atenção a índole cósmica e perene do evangelho: sempre actual, ela transcende qualquer mero contexto histórico, geográfico ou sociocultural, e modernamente colhe interesse científico em neurociências, mecânica quântica, psicologia e outras áreas do conhecimento académico.
Existem mais divergências no seio do movimento espírita. Por exemplo, o roustainguismo: sustenta ser fluídico (“agénere”), e não fisicamente encarnado, o corpo em que Jesus viveu na Terra há 2 milénios. Tese defendida por Jean Baptiste Roustaing, tem tido não poucos aderentes; frisa o seu paladino que ela, doutrinariamente, não contraria o Espiritismo, o que em si não lhe dá facticidade real. Kardec refuta-a no capítulo XV de AGÉNESE, com típica serenidade, clareza e objectividade, não hostilizando ou desconsiderando o opositor (infelizmente nem sempre se vê isso hoje, quando retomada essa ou outras controvérsias).
Derivam estas considerações duma ingente necessidade: sabermos cultivar, como Kardec, a união na divergência, serenos, lúcidos e caridosos na busca da Verdade por que todos ansiamos. Unanimidade absoluta não existe na Terra, nem conviria. Mas divergência não tem que ser intolerância e dissensão; deve antes incentivar-nos ao estudo desapaixonado da verdade, em vivência efectiva dos princípios evangélicos. Estes inspiram luz para os problemas, além de fomentarem a unificação (não unicidade!) preconizada por espíritos nobres, fautora dum convívio são e proveitoso entre divergências que sempre teremos. Kardec foi-nos exemplo vivo, com um sábio lema pessoal: “trabalho, solidariedade, tolerância”.
Paris, França. Na cidade surgiu  o Espiritismo  Codificado por Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec)
Foto Ismael Gobbo

Em 1854 Allan Kardec ouviu falar pela primeira vez das Mesas Girantes, fenômeno
mediúnico que abundava em Paris e que estudou para sistematizar a Doutrina Espírita,
surgida em 18 de abril de 1857, com o lançamento da obra básica “O Livro dos Espíritos.”
Imagem Internet.
Selo brasileiro comemorativo do Centenário de lançamento de
O Livro dos Espíritos (1857- 1957)
O Evangelho Segundo o Espiritismo, lançado em abril de 1864

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