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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Artigo especial. A Cúpula do Edifício


Dermeval Carinhana Júnior
Campinas, SP

Em uma comunicação particular, recebida por Kardec em 1863 e que se encontra registrada em “Obras Póstumas”, os espíritos se referiram a seu novo livro, que ainda estava em fase de elaboração, como sendo a cúpula do edifício espírita, o local de maior destaque e sob o qual todos os demais foram construídos. E foi com essa expectativa que a obra foi publicada em abril de 1864 com o título original de “Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo”, alterada para “O Evangelho Segundo o Espiritismo” nas edições posteriores. Não foi sem motivo, pois, que Kardec tenha lhe atribuído um caráter geral, expresso aqui pelo trecho seguinte extraído da apresentação da obra:
“Esta obra é para o uso de todo o mundo; cada um pode nela haurir os meios de conformar a sua conduta à moral do Cristo. Os Espíritas nela encontrarão outras aplicações que lhes concernem mais especialmente. Graças às comunicações estabelecidas de agora em diante de maneira permanente entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica ensinada em todas as nações pelos próprios Espíritos, não será mais uma letra morta, porque cada um a compreenderá, e será incessantemente solicitado a pô-la em prática, pelos conselhos de seus guias espirituais”. (Objetivo desta Obra, Introdução, O Evangelho Segundo o Espiritismo).
Mas, como seria possível alguém colher ensinamentos em um livro ditado diretamente pelos espíritos sem ser espírita? A resposta para tal questão já havia sido dada por Kardec anos antes, na Conclusão de “O Livro dos Espíritos”: 
O Espiritismo não é obra de um homem. Ninguém se pode dizer seu autor porque ele é tão antigo quanto a Criação; encontra-se por toda parte, em todas as Religiões e mais ainda na Religião Católica, com mais autoridade do que em todas as outras porque nela se encontram os princípios de todas as manifestações: os Espíritos de todos os graus, suas relações ocultas ou patentes com os homens, os anjos guardiães, a reencarnação, a emancipação da alma durante a vida, a dupla vista, as visões, as manifestações de todo gênero, as aparições tangíveis. No tocante aos demônios, não são mais do que os Espíritos maus (....). (Conclusão, O Livro dos Espíritos).
A explicação de Kardec é bastante simples e completa: o Espiritismo está na natureza. Foi Deus quem criou o Universo material e espiritual, por assim dizer, que existem e se relacionam, do ponto de vista humano, desde a mais alta Antiguidade. É natural, pois, e não poderia ser diferente, que os espíritos e suas manifestações houvessem sido registrados ao longo da História de acordo com o conhecimento e interpretação de cada época. Ao contrário das iniciativas que o precederam, no entanto, caberia ao Espiritismo abrir um novo caminho no esclarecimento da humanidade, deixando de lado crenças e superstições, ambas originadas, em maior ou menor grau, do encontro da ignorância e da imposição de interesses pessoais sobre o coletivo.
Engana-se, porém, quem supõe que esse processo de renovação de ideias se dê por expressões externas. Ao contrário, as verdadeiras batalhas se dão na intimidade da consciência de cada um, razão pela qual o Espiritismo nunca se ocupou das manifestações das crenças de cada indivíduo. Sobre isso, Kardec costumava dizer que:
O Espiritismo, sendo independente de qualquer forma de culto, não prescrevendo nenhum deles, não se ocupando de dogmas particulares, não é uma religião especial, pois não tem nem seus padres nem seus templos. Aos que indagam se fazem bem em seguir esta ou aquela prática, ele responde: se sua consciência pede para fazê-lo, faça-o; Deus sempre leva em conta a intenção. Em resumo, ele não se impõe a ninguém; não se destina àqueles que têm fé ou àqueles a quem essa fé basta, mas à numerosa categoria dos inseguros e dos incrédulos; ele não os tira da Igreja, visto que eles se separaram dela moralmente em tudo, ou em parte; ele os faz percorrer os três quartos do caminho para entrar nela; cabe a ela fazer o resto. (O Espiritismo em sua expressão mais simples).
Não há, assim, quaisquer embaraços ao Espiritismo se um, dois, ou mais de seus princípios permaneçam distantes da aceitação íntima de cada um, da mesma forma que a Astronomia pouco, ou nada se ressente de existirem pessoas que acreditam que a Terra ainda ocupe o centro do Universo conhecido. O objetivo do Espiritismo consiste em esclarecer a humanidade sobre sua natureza espiritual. Se, ao longo desse caminho, ele fortalecer a fé de alguns em crenças existentes, dando motivos palpáveis para crer, ou contribuir para que outros tenham suas consciências iluminadas para a simplicidade da Criação, isso caberá unicamente a cada indivíduo que dele se ocupe.
A publicação de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” consistiu em um novo marco na compreensão das Leis do Criador. Ao apresentá-las da forma mais próxima possível tal como foram ensinadas e exemplificadas por Jesus de Nazaré, os bons espíritos, por meio do incansável trabalho de Allan Kardec, mostraram que o Universo é um lugar maravilhoso, criado unicamente com um propósito: fazer com que pelo desenvolvimento de suas faculdades, a Criatura perceba, contemple e, finalmente, aproxime-se de seu Criador.
Dermeval Carinhana Jr.
Instituto de Estudos “Wilson Ferreira de Mello”
Ficheiro:Allan Kardec portrait001.jpg
Allan Kardec, Codificador do Espiritismo (03-10-1804 / 31-03-1869).
As cinco obras básicas da Doutrina Espírita assinadas por Allan Kardec
Praça da Concórdia. Paris, França.  Foi na cidade de Paris que Allan Kardec realizou o
grandioso trabalho de codificar o Espiritismo. Foto Ismael Gobbo
Amélie Gabrielle Boudet. Esposa e grande colaboradora de Allan Kardec.
Imagem trabalhada em computador a partir de outra conhecida por Marisa Cajado (Guarujá, SP )
Arco do Triunfo, Paris, França. Foto Ismael Gobbo

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