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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Artigo especial. Homenagem ao Sesquicentenário de “L’Évangile selon le Spiritisme”


Enrique Eliseo Baldovino
Foz do Iguaçu, PR

Honra e gratidão aos 150 anos do lançamento de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec!

Enrique Eliseo Baldovino

Estudando as páginas históricas da Revista Espírita de dezembro de 1864, artigo 8º (RE dez. 1864–VIII: Comunicação espírita – A propósito da Imitação do Evangelho [Bordéus, maio de 1864; Grupo de Saint-Jean – Médium: Sr. Rul.], páginas 395-397),(1) encontramos uma comunicação notável ditada pelo Espírito de Verdade, que comentaremos a seguir, com letra cursiva e menor, transcrevendo a mensagem original e intercalando as nossas considerações, junto das lúcidas observações do Codificador Allan Kardec.

A PROPÓSITO DA IMITAÇÃO DO EVANGELHO
«Um novo livro acaba de aparecer. É uma luz mais brilhante que vem clarear a vossa marcha. Há dezoito séculos vim, por ordem de meu Pai, trazer a palavra de Deus aos homens de boa vontade. Essa palavra foi esquecida pela maioria, e a incredulidade, o materialismo vieram abafar o bom grão que eu tinha depositado em vossa Terra. Hoje, por ordem doEternoos bons Espíritos, seus mensageiros, vêm a todos os pontos da Terra fazer ouvir a trombeta retumbante. Escutai suas vozes; elas são destinadas a mostrar-vos o caminho que conduz aos pés do Pai celeste. Sede dóceis aos seus ensinamentos; os tempos preditos são chegados; todas as profecias serão cumpridas.
O mês de maio de 1864 é o contexto histórico desta profunda comunicação, isto é, poucos dias depois do notável aparecimento do livro Imitation de L’Évangile selon le Spiritisme, de Allan Kardec, lançado em Paris em abril de 1864 (1ª edição),(2) cujas merecidas comemorações o Movimento Espírita nacional e internacional estão realizando, por ocasião do Sesquicentenário de O Evangelho segundo o Espiritismo (a 3ª edição, revista, corrigida e modificada é de 1866).(3) O Espírito de Verdade usa, de forma clara, uma linguagem eminentemente evangélica, recordando a passagem de Jesus, na Terra, há 18 séculos – contando desde a época da Codificação da Doutrina dos Espíritos –, e o próprio Espírito de Verdade cita, como o faz no Prefácio a L’Évangile selon le Spiritisme, que “os tempos são chegados”.

«Pelos frutos se conhece a árvore. Vede quais são os frutos do Espiritismo: casais onde a discórdia tinha substituído a harmonia voltaram à paz e à felicidade; homens que sucumbiam ao peso de suas aflições, despertados pelos acordes melodiosos das vozes de além-túmulo, compreenderam que seguiam por um caminho errado e, envergonhados de suas fraquezas, arrependeram-se e pediram ao Senhor a força para suportar suas provações.
Outro formoso ensino do Cristo é novamente citado pelo Espírito de Verdade: “Pelos frutos se conhece a árvore” (Mateus, 7:15-20). Os frutos opimos e saborosos da portentosa árvore do Espiritismo são as benesses que Ele espalha pelo mundo, Doutrina que continua salvando vidas através dos anos, explicando o porquê do sofrimento, identificando as causas das aflições, ensinando a perdoar, a amar sem esperar retribuição e norteando mentes e corações para o bem, cujas conquistas vivenciais devem-se sobremaneira ao elevado esclarecimento e consolo que a Doutrina Espírita proporciona à Humanidade, no seu aspecto filosófico, científico e religioso, e com as consequências ético-morais, educacionais, sociais etc., que decorrem do seu cerne doutrinário.

«Provas e expiações, eis a condição do homem na Terra. Expiação do passado, provas para fortalecê-lo contra a tentação; para desenvolver o Espírito pela atividade da luta; para habituá-lo a dominar a matéria e prepará-lo para os prazeres puros que o esperam no mundo dos Espíritos.
«Há muitas moradas na casa de meu Pai, disse-lhes Eu há dezoito séculos. Estas palavras, o Espiritismo veio torná-las compreensíveis. E vós, meus bem-amados, trabalhadores que suportais o calor do dia, que credes ter que vos lamentar da injustiça da sorte, bendizei vossos sofrimentos; agradecei a Deus, que vos dá meios de resgatar as dívidas do passado; orai, não com os lábios, mas com o coração melhorado, para vir ocupar melhor lugar na casa de meu Pai, porque os grandes serão humilhados, mas, como sabeis, os pequenos e os humildes serão exaltados.»
                                                                                                                                           O Espírito de Verdade


O próprio Espírito de Verdade, claramente, se identifica de novo como sendo Jesus, ao citar mais um ensinamento evangélico (“Há muitas moradas na casa de meu Pai” [João, 14:2]), e asseverando sem rodeios: «disse-lhes Eu há dezoito séculos» (grifos nossos).(4)



Nota do emérito Codificador


É agora o próprio Codificador Allan Kardec quem comenta a comunicação do Espírito de Verdade na referida Revue Spirite, tecendo sensatas considerações em forma de Nota final, que também transcrevemos a seguir. Seus comentários magistrais fazem jus à notável frase-síntese que descreve o seu bom senso, frase muito conhecida em nosso meio: Jesus, a porta. Kardec, a chave.


«Sabe-se que assumimos menos responsabilidade pelos nomes quando pertencem a seres mais elevados. Não garantimos mais essas assinaturas do que muitas outras, limitando-nos a entregar tal comunicação à apreciação de cada espírita esclarecido. Contudo, diremos que não é possível desconhecer nela a elevação do pensamento, a nobreza e a simplicidade das expressões, a sobriedade da linguagem, a ausência de superfluidade. Se ela for comparada com as que foram inseridas na Imitação do Evangelho (Prefácio e cap. III: O Cristo Consolador), e que levam a mesma assinatura, posto obtidas por médiuns diferentes e em épocas diversas, nota-se entre elas uma analogia marcante de tom, de estilo e de pensamentos, que acusa uma origem única. De nossa parte, dizemos que pode ser do Espírito de Verdade,porque é digna Dele, ao passo que temos visto muitas assinadas por este nome venerado ou o de Jesuscuja prolixidade, verbiagem, vulgaridade, por vezes mesmo a trivialidade das ideias, traem a origem apócrifa aos olhos dos menos clarividentes. Só uma fascinação completa pode explicar a cegueira dos que se deixam apanhar, se não também o orgulho de julgar-se infalível e intérprete privilegiado dos puros Espíritos, orgulho sempre punido, mais cedo ou mais tarde, pelas decepções, pelas mistificações ridículas e por desgraças reais nesta vida. À vista desses nomes venerados, o primeiro sentimento do médium modesto é o de dúvida, porque ele não se julga digno de tal favor.»
A humildade, a prudência e a sabedoria de Allan Kardec são realmente proverbiais. O Codificador compara esta comunicação da Revista Espírita às elevadíssimas mensagens do Espírito de Verdade que constam no citado Prefácio de Imitation de L’Évangile e no capítulo: Le Christ Consolateur, sendo que estas instruções são dignas da autoria do nome venerado de Jesus. Mas Kardec, na sua grande humildade, prefere “entregar tal comunicação à apreciação de cada espírita esclarecido”.

Jesus e o Espírito de Verdade
A clara e mesma identificação do Espírito de Verdade com o Cristo encontra-se também no cap. XXXI de O Livro dos Médiuns,(5) na dissertação IX, que possui uma oportuna e explicativaNota de Kardec, após a profunda mensagem assinada por Jesus de Nazaré:
“(...) Venho, como outrora, aos filhos transviados de Israel; venho trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora a minha palavra, tem que lembrar aos materialistas que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar a planta e que levanta as ondas. Revelei a Doutrina Divina; como o ceifeiro, atei em feixes o bem esparso na Humanidade e disse: Vinde a mim, vós todos que sofreis! (...) Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensino: instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgais o nada, vos clamam vozes: Irmãos! nada perece; Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade”.
Com poucas variações, a mesma mensagem encontra-se em O Evangelho segundo o Espiritismo,(6) agora assinada pelo Espírito de Verdade (Paris, 1860).
O Consolador prometido
O lúcido Codificador, por tudo isso, cita no cap. VI: O Cristo Consolador, a promessa doConsolador prometido, feita outrora por Jesus e registrada no Evangelho de João, 14:15 a 17 e 26:
«Se me amais, guardai os meus mandamentos; e Eu rogarei a meu Pai e Ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito».(7)

A Doutrina Espírita é Jesus de volta
De forma incontestável, o Espiritismo é o Cristianismo redivivo, porque nos ensina a colocar em prática o Evangelho de Jesus, isto é, a imitá-Lo (Imitation de L’Évangile), a emular o Cristo, ora revivido pelos elevados ensinos da Doutrina Espírita, que restaura a Sua palavra e os Seus exemplos, sendo que O Evangelho segundo o Espiritismo contem a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação às diversas circunstâncias da vida. A epígrafe do Codificador Allan Kardec é muito profunda, racional e belíssima, em todos os sentidos: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente à razão, em todas as épocas da Humanidade”.
Saiu a lume, em boa hora, a edição histórica de O Evangelho segundo o Espiritismo,(8) em comemoração aos 150 anos do lançamento dessa extraordinária Obra, com o selo da Editora FEB - Federação Espírita Brasileira, em parceria com as 27 Federativas Espíritas Estaduais, em cujo número encontra-se a nossa centenária FEP - Federação Espírita do Paraná.
A importância desse Livro é tanta, pela sua considerável influência sobre a vida prática das nações (que extraíram, extraem e extrairão dele instruções excelentes), que, durante a codificação deImitation de L’Évangile selon le Spiritisme, Allan Kardec teve que se recolher à sua residência da Ville Ségur, conforme narra Obras Póstumas, sob o título: Imitação do Evangelho (Ségur, 9 de agosto de 1863; médium: Sr. d’A...).(9) Durante a confecção desta Obra, os Espíritos Superiores disseram a Kardec: «(...) Conta conosco e conta sobretudo com a grande alma do Mestre de todos nós, que te protege de modo muito particular. (...) Nossa ação, principalmente a do Espírito de Verdade, é constante ao teu derredor e tal que não a podes negar. (...)»

O Evangelho segundo o Espiritismo: o Livro da Esperança

Em 1964, no primeiro centenário do lançamento de L’Évangile selon le Spiritisme, o Espírito Emmanuel, pela psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, escreveu, à época, um Prólogo comemorativo aos 100 anos da publicação de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, e intitulou esse proêmio duma forma comovedora: Livro da Esperança, o que deu também o nome ao mesmo livro.
Ditado por Emmanuel em Uberaba-MG, em 18 de abril de 1964, esse preâmbulo registrou o seguinte no seu parágrafo final:
«É por isso, leitor amigo, que em nos associando aos teus anseios de sublimação, que se nos irmanam na mesma trilha de necessidade e confiança, diante do Primeiro Centenário de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, nós te rogamos permissão para nomear este livro despretensioso de servidor reconhecido, como sendo Livro da Esperança».(10)
Obrigado, Senhor!
Então, repitamos com Emmanuel,(11) parafraseando o exórdio do citado Livro da Esperança, mas agora referindo-nos às merecidas comemorações do Sesquicentenário de Luz de L’Évangile selon le Spiritisme, com profunda gratidão ao Cristo:
«Oh! Jesus! No luminoso centenário de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, em vão tentamos articular, diante de ti, a nossa gratidão jubilosa!... Permite, pois, agradeçamos em prece a tua abnegação tutelar e, enlevados ante o Livro Sublime, que te revive a presença entre nós, deixa que te possamos repetir, humildes e reverentes:
«– Obrigado, Senhor!...»
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REFERÊNCIAS:
(1) KARDEC, Allan. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos. Tradução de Júlio Abreu Filho. Dezembro de 1864, pp. 395-397. EDICEL.
(2) ________. Imitation de L’Évangile selon le Spiritisme1re édition, com XXXVI-443 páginas. Paris, les éditeurs du Livre des Esprits (35, Quai des Augustins); Ledoyen, Dentu, Fréd. Henri, libraires, au Palais-Royal, et au bureau de la Revue Spirite. Imprimerie de P.-A. Bourdier et Cie (Paris, 30, rue Mazarine). Abril de 1864.
(3) ________. L’Évangile selon le Spiritisme3e édition, com XXXV-444 páginas. Paris, les éditeurs du Livre des Esprits; Dentu, Fréd. Henri, libraires, au Palais-Royal, et au bureau de la Revue Spirite, 59, rue et passage Sainte-Anne. Imprimerie de P.-A. Bourdier et Cie (Paris, 6, rue des Poitevins). 1866.
(4) MUNDO ESPÍRITA. Ano 81, nº 1550 de setembro de 2013, artigo de Enrique Eliseo Baldovino, intitulado: “Os frutos do Espiritismo”, pp. 10-11. Curitiba/PR, Federação Espírita do Paraná.
(5) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. Cap. XXXI: Dissertações espíritas, número IX, com Nota de Kardec. 62ª edição, pp. 458-460. FEB, 1996.
(6) ________. O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo VI: O Cristo Consolador, ítem 5 (Instruções dos Espíritos - Advento do Espírito de Verdade). Mensagem ditada pelo Espírito de Verdade em Paris, 1860, pp. 107-108. Edição histórica. FEB, 2013.
(7) ________. _____. Cap. VI: O Cristo Consolador, ítem 3 (Consolador prometido), pp. 105-106. Edição histórica. FEB, 2013.
(8) ________. _____. Edição histórica (200 mil exemplares), em comemoração aos 150 anos do lançamento de L’Évangile selon le Spiritisme. Tradução de Guillon Ribeiro. Com 410 páginas. Editora FEB, em parceria com as 27 Federações Espíritas Estaduais, 2013.
(9) ________. Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. Ségur, 9 de agosto de 1863 (Médium: Sr. d’A...) Imitação do Evangelho. 22ª edição, pp. 307-310. FEB, 1987.
(10) XAVIER, Francisco Cândido. Livro da Esperança. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 1ª edição. Prólogo: Livro da Esperança, p. 12. CEC, 1964.
(11) ________. _____. Pelo Espírito Emmanuel. 1ª edição. Obrigado, Senhor! Página 14. CEC, 1964.

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3 LEGENDAS das Ilustrações
ILUSTRAÇÃO 1 – Jesus e Kardec.
ILUSTRAÇÃO 2 – Livro da Esperança (em homenagem a “O Evangelho segundo o Espiritismo”).
ILUSTRAÇÃO 3 – “O Evangelho segundo o Espiritismo” (edição comemorativa).
 

Bispo Jean-Louis Anne Magdelaine Lefebvre de Cheverus (1768 – 1836) por  Gilbert Stuart -1823.

Cheverus participa na obra O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec,  no no cap. XVI-11,  
com  instrução sobre o emprego da riqueza.

Paris, França. No centro da foto a igreja dos inválidos. Foto Ismael Gobbo.
Em Paris Allan Kardec levou avante a tarefa de Codificar o Espiritismo.

Pedra que encima o dólmen de Allan Kardec no Cemitério Pére Lachaise com a célebre legenda
reencarnacionista: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei.”. Foto Ismael Gobbo

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