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sábado, 10 de maio de 2014

DIA DAS MÃES. Mãezinha do coração

Lucy Dias Ramos
Juiz de Fora, MG


Em muitas famílias, existe alguém que se destaca como referência pelos seus gestos, seus valores morais, tornando-se o ponto de equilíbrio para todos, o exemplo a ser seguido, a pessoa na qual confiamos e buscamos nos momentos de decisões importantes ou nas agruras do caminho...
Em minha família este alguém foi minha irmã que chamávamos, carinhosamente, de Mariinha...
Passados mais de cinco décadas de sua partida para o mundo espiritual, ainda a recordo nos momentos de reflexões, quando oro e a saudade aflora com maior intensidade... 
Lembrar sua permanência conosco enseja sentimentos de ternura e gratidão a Deus...
E quando a recordo e escrevo sobre sua vida, sinto-me motivada a buscar em meu mundo íntimo, nos arquivos seletivos de minha memória, lembranças que o tempo não conseguiu apagar...
Nesta evocação, procuro sentar calmamente e permanecer em silêncio, esvaziando a mente das preocupações atuais, deixando o pensamento fluir, rebuscando lembranças que me façam reviver momentos de intensa felicidade, de paz e amor...
Ficar mais profundamente diante de mim mesma e recompor traço a traço, as linhas de seu rosto, de seu corpo, de suas mãos diáfanas, de seus cabelos negros caindo suavemente sobre os ombros...
Fixar os olhos na contemplação mais demorada dos seus olhos com um brilho invulgar que penetrava o âmago de meu ser, vasculhando-me a alma como a descobrir meus anseios, meus medos e sustentar-me nesta nova existência, guiando-me os primeiros passos com solicitude e amor...
Deixar que a inspiração direcione minhas mãos ao escrever sobre você, que marcou minha alma com o cinzel da bondade, da esperança com promessas de paz sob as luzes do Evangelho de Jesus, levando-me a compreender, desde muito cedo, que deveria seguir o caminho do bem, com abnegação, renúncia e humildade...
Recordar suas mãos a sustentar-me logo nos primeiros anos de vida, infundindo em meu ser a confiança para que eu caminhasse sem receio, desde que seguisse o roteiro sublimado do dever, da responsabilidade e nunca usasse minha liberdade para ferir alguém ou magoar a quem cruzasse meu caminho e assim mantivesse em harmonia meu mundo íntimo...
Emocionada recordo você, irmã querida e mãezinha do coração, todos os dias de minha vida que já se faz longa, na qual procurei seguir seus conselhos, suas orientações, suas palavras de incentivo para prosseguir destemida, vencendo os óbices da caminhada, sem perder a fé e a alegria de viver...
Desde as primeiras recordações de minha infância, sua figura se acentua em minhas lembranças e a vejo em cuidados preservando-me de perigos, conduzindo-me pelos caminhos do mundo, com segurança e certeza de que os objetivos poderão ser alcançados, desde que saibamos delinear com precisão nossos projetos de vida, conscientes de nossa responsabilidade como espíritas.
Sendo a irmã mais velha, cuidou de mim como se fosse mãe prestativa e amorosa...
E sua presença amiga se fez presente, em momentos que recordo com emoção e muita gratidão a Deus por nos ter concedido a bênção de sua companhia, durante a vida terrena e posteriormente no mundo espiritual sempre nos orientando e mostrando o sentido existencial, a importância dos deveres assumidos, amparando-nos em momentos de dor para que não nos entregássemos ao desalento.
Mostrando-me desde a infância que o Espiritismo era o fanal que nos conduziria com maiores possibilidades de êxito no cumprimento da programação espiritual nesta nova oportunidade do renascimento físico, incutiu em minha mente que não haveria alternativa para mim, senão abraçar com coragem e fé esta abençoada doutrina e esforçar-me sempre para cumprir meus deveres não me deixando ser vencida pela amargura ou desencanto quando o acicate das dores morais chegasse, lanhando meu espírito, porque a dor é educadora e formadora de nossos melhores caracteres em função do progresso moral aqui na Terra.
Você partiu para o mundo espiritual com apenas 36 anos...
Mas que vida profícua no bem e nos gestos de amor que distribuía a todos que se acercavam de você!
Sua ternura era mesclada de energia para que não nos desviássemos do caminho do bem e nos alertava sempre dos perigos das ilusões da vida, das facilidades materiais que proporcionam aos que se descuidam dos valores do espírito e apressados buscam o poder, a glória...
Foi com você, querida mãezinha, que aprendi as primeiras noções de espiritualidade, ressaltando a grandeza da vida nas coisas simples e abençoadas da Natureza, nos momentos de meditação, na contemplação do amanhecer e na ternura que invade nosso coração quando, ao entardecer, a luz vai se diluindo na sombra da noite, convidando-nos à prece de gratidão a Deus.
Sei que no mundo espiritual continua seu labor cuidando de crianças e jovens como educadora que sempre foi... Já tivemos muitos encontros, durante as horas de sono físico, quando em desdobramento posso ir vê-la e nos falamos como outrora, das responsabilidades da vida terrena, das belezas excelsas da dimensão espiritual, renovamos nossas esperanças e refazemos nossas energias para novos embates e lutas até que possamos permanecer juntas novamente...
Falar da saudade, decorridas tantas décadas, parece inadmissível para os que desconhecem a força do amor quando alguém parte e deixa em nosso coração um sentimento inexplicável de carência do que vivenciamos um dia...
Com a proximidade do Dia das Mães, sua presença se fez mais intensa em meu coração saudoso... Receba meu ósculo de gratidão e amor!


(Texto recebido em email de Lucy Dias Ramos)
Dona Benedita Fernandes, no centro da foto, não teve filhos biológicos mas se dedicou a cuidar de
crianças e doentes mentais em Araçatuba, SP . Gostava muito de passear com os internos do
orfanato que dirigia. Aqui ela faz uma viagem com os pequeninos a Mato Grosso.
Foi um dos grandes vultos do movimento espirita brasileiro.

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