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quinta-feira, 24 de abril de 2014

NOTICIAS DO MOVIMENTO ESPIRITA 23-04-2014

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http://www.noticiasespiritas.com.br/2014/ABRIL/23-04-2014.htm

NOTICIAS DO MOVIMENTO ESPIRITA. 22-04-2014

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Pierre-Gaëtan Leymarie, um dos continuadores da obra de Allan Kardec


Pierre-Gaëtan Leymarie
(02-05-1827 / 10-04-1901

Nasceu em Tulle, França, em 02 de maio de 1827.

Pierre-Gaëtan Leymarie foi um dos mais destacados continuadores da obra de Allan Kardec. Foi um homem notável, que sempre se interessou pelos ideais nobres.

Integrado às fileiras espíritas, empolgou-se com seus nobilitantes ideais e, quando Allan Kardec iniciou a publicação da Revue Spirite e das obras fundamentais do espiritismo, dando início às sessões de estudos e experimentações, contou com o incondicional apoio de Leymarie, o qual se tornou um dos seus mais assíduos assessores.

Pouco antes da sua desencarnação, Allan Kardec lançou as bases de uma Sociedade Anônima, à qual legaria os seus bens, com objetivo de assegurar a difusão do Espiritismo. Leymarie foi um dos primeiros a integrar-se na Sociedade, da qual se tornou administrador. Também passou a exercer os corgos de redator-chefe e diretor da Revue Spirite.

Durante trinta anos, no atribulado período que se seguiu ao decesso de Kardec, quando o Espiritismo era encarado com reservas, sendo alvo de zombarias e inconcebíveis ataques, Leymarie manteve-se em luta constante, proclamando bem alto os nobres ideais da Terceira Revelação, através das páginas da Revue Spirite e da palavra falada.

A Revue Spirite se tornou órgão de divulgação de todos os ideais nobres de cunho humanitário, moral e espiritualista. Os trabalhos encetados na Inglaterra por William Crookes tiveram na revista a melhor acolhida e o próprio Leymarie fez experiências com um médium fotógrafo, obtendo uma série de fotos que foi publicada em suas páginas.

Nessa época foi vítima de detratores do Espiritismo, quando o fotógrafo Buguet, fazendo uso dos meios fraudulentos na obtenção de fotografias de Espíritos, é processado pelo Ministério Público. Em 16 de junho de 1875, Leymarie e Firman foram também envolvidos no processo, em vista dos laços de amizade que mantinham com Buguet, e desta forma, julgados coniventes na fraude. Devido a depoimentos inverídicos de Buguet, os três foram condenados. Buguet e Firman conseguiram a liberdade. Leymarie não. Elaborou notável Memória à Corte Suprema, atestando, perante sua consciência e de seus filhos, a sua inocência, mostrando-se confiante na decisão final daquele tribunal. Com sentimento de remorso, Buguet escreve ao Ministro da Justiça dando testemunho sobre a inocência de Leymarie, acrescentando que, embora muitas das fotos fossem verdadeiras, devido ao desconhecimento que tinha da Doutrina Espírita, praticava a fraude, quando não as conseguia com sua mediunidade. Em sua carta ele afirmou: "Lastimo, pois, haver dito, na minha fraqueza, o contrário da pura verdade, renunciando eu à minha mediunidade e pedindo perdão a Deus por esse ato que deploro, pois, que ele serviu para incriminar um homem probo, cuja boa fé se tornou suspeita em face das minhas afirmações."

Amèlie Boudet, viúva de Allan Kardec, apesar de sua avançada idade, atuou no processo como testemunha. Cartas de solidariedade de todo o mundo foram enviadas a Leymarie. A "Sociedade para Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec" recebeu manifestações de simpatia de vários países, inclusive do Brasil, partindo elas tanto dos encarnados como dos desencarnados.

Apesar de todo o empenho e de tantas declarações e testemunhos abonadores, Leymarie foi condenado a um ano de prisão celular. Um pouco mais tarde, anulada a sentença condenatória, o infatigável discípulo de Kardec voltou às atividades, retomando a direção da Sociedade e da Revue Spirite.

Graças à ação de Leymarie as obras de Allan Kardec foram traduzidas para vários indiomas. Também realizou vária viagens à Bélgica, Espanha e Itália, difundindo os consoladores ensinamentos da Doutrina dos Espíritos.

Participou como delegado do I Congresso de Bruxelas. Em 1888 foi eleito a ocupar uma das presidências do Congresso Espírita de Barcelona. Nessa ocasião, foi lida a comovente moção de gratidão enviada da prisão de Tarragona, por um por um grupo de condenados a trabalhos forçados, convertidos à fé espírita.

Em 1889 Leymarie organizou o I Congresso Espírita da França.

Leymarie foi assim, fervoroso propagandista da Doutrina. Orador e escritor, conseguiu, pela firmeza de seus ideais, atrair a simpatia e a admiração de muitos pensadores da época. Foi homem sensível e profundamente honesto.

Sua esposa, Marina, deu-lhe sempre a máxima cooperação. Quando Leymarie foi processado, ela escreveu a admirável memória "Procés des Spirites", que se tornou precioso documento para a história do Espiritismo.

Leymarie desencarnou no dia 10 de abril de 1901, na cidade de Paris.

Fonte: Livro Personagens do Espiritismo, de Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy - Edições FEESP

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PIERRE-GAËTAN LEYMARIE
(1827-1901)

LEYMARIE reencarnou em Tulle, França, em 2 de Maio de 1827, e desencarnou, em Paris, em 10 de Abril de 1901.

Leymarie foi, juntamente com Camille Flammarion e Victorien Sardou, um dos mais ardentes discípulos de Kardec e se tornou uma das mais relevantes figuras do Espiritismo.

Leymarie foi Diretor da "Revue Spirite", de Paris, de 1870 a 1901, e gerente da "Librairie Spirite", de 1870 a 1897.

Descendia de distinta família. Cedo, porém, para não sobrecarregar as despesas, já numerosas, da família, interrompeu seus estudos e procurou uma colocação em Paris, contando com seu próprio trabalho e seus esforços.

Apaixonado por todas as idéias generosas, fez-se ardente republicano, e foi, à época do golpe de Estado de 1851, arrolado entre os adversários irredutíveis do Cesarismo e constrangido ao exílio.

Ele teve, porém, nesse exílio, a sorte em contatar-se com a elite do partido proscrito, o que, de certa forma, contribuiu para desenvolver seu espírito de combatividade e ao mesmo tempo o de proselitismo.

Proclamada a anistia, retornou à França, casou-se e assumiu a direção de uma casa comercial, até 1871. E uma autoridade, referindo-se a ele, disse que, se seus negócios não alcançaram prosperidade, sua probidade foi escrupulosa e que nenhuma reprovação jamais lhe foi feita.

Ele tinha paixão dos livros, e, quer eles tratassem de questões políticas, sociais, científicas, religiosas ou literárias, todos aqueles que lhe caíssem às mãos, ele os lia e se esforçava em assimilá-los.

Os fenômenos espíritas e a doutrina

Espiritista, não poderiam encontrá-lo indiferente. Foi um dos primeiros a se interessar, vivamente, por essas inquietantes questões; e, quando Allan Kardec começou a publicação da "Revue Spirite" e de suas obras, e quando inicia as suas sessões de estudos e de experimentações, ele não tardou em contar com Leymarie no número de seus mais ardentes discípulos.

Sob a direção do Mestre os médiuns se desenvolvem e, em dada ocasião, da qual a história do Espiritismo registrará e conservará fielmente a lembrança, três jovens, ainda obscuros e desconhecidos, três médiuns sentados à mesma mesa e voltados - fato estranho e novo que dera causa a zombarias - para essas experiências, contudo tão antigas, da telegrafia misteriosa entre dois mundos, o mundos dos Espíritos e o nosso. Estes três experimentadores, cujos destinos seriam diversos, mas iguais no devotamento, na fidelidade e nos serviços prestados à Doutrina, eram Camille Flammarion, Victorien Sardou e Pierre-Gaëtan Leymarie.

Antes de desencarnar, Allan Kardec, para assegurar o desenvolvimento regular e contínuo do Espiritismo havia fundado uma sociedade anônima e de capital variável à qual destinou os seus bens; Monsieur Leymarie tornou-se um dos primeiros membros, e dois anos após a morte do Mestre, foi nomeado administrador ao mesmo tempo em que passou a redator-chefe e diretor da "Revue Spirite".

Durante trinta anos, o que quer dizer durante o longo e difícil período em que o Espiritismo foi quase continuamente alvo de todas zombarias, e de todos ataques, Leymarie esteve presente, batalhando sem cessar através da palavra e da pena, oferecendo na "Revue" um terreno livre aos batalhadores de todas as nuanças, para que defendessem uma causa espiritualista ou de ordem essencialmente humanitária e moral, expondo-se, assim, às críticas acirradas de uns, às reprovações ou ao descontentamento de outros. Todavia, Leymarie, jamais perdeu de vista a divisa do mestre: "Hors la charité pas de salut" (Fora da caridade não há salvação), e baniu de todas as discussões as ofensas pessoais e todas as questões irritantes.

No começo, Leymarie considera que, para a difusão desta luz que é o Espiritismo, é necessário preparar os espíritas, instruí-los e esclarecê-los.

E quando seu amigo, Jean Macé, expõe o projeto de fundar a liga de ensino, Leymarie se oferece, com entusiasmo, secundá-lo, e, com Mme Marina Duclos Leymarie, sua devotada esposa, companheira e colaboradora, contribui, para essa criação, não somente com o seu concurso ativo e pessoal mas também, com a sua casa da rua Vivienne, de sorte que se pode, justamente, dizer que a casa de Monsieur Leymarie foi o berço da "Liga de Ensino", da qual o espírita Emmanuel Vauchez seria, no futuro, o Secretário Geral.

As questões de ensino se sucedem, nas preocupações de Leymarie, às questões sociais.

Assim, nas páginas da "Revue", como nas numerosas e eloqüentes conferências, ele se aplica em revelar a existência e o funcionamento deste estabelecimento, conhecido no estrangeiro, mas quase ignorado em França - le Familistére de Guise, no qual são praticados, por seu ilustre fundador, J.B. Godin, de uma maneira feliz e larga, os princípios da associação do Capital e do Trabalho. Leymarie se associa com o Sr. Godin, e, enquanto lhe propaga os escritos, não negligencia os interesses propriamente ditos da doutrina.

Divulga as experiências de William Crookes e assinala os primeiros ensaios da fotografia espírita. Ele mesmo faz experiências com um médium-fotógrafo e obtém uma série de manifestações reais as quais publica na "Revue". Mas chega um momento em que foi iludido na sua boa-fé.

O fotógrafo Édouard Buguet, fazendo uso de meios fraudulentos na obtenção de fotografias de Espíritos, é processado pelo Ministério Público.

Os inimigos do Espiritismo, à espreita de tudo que pudesse entravar o movimento ascendente da Doutrina, aproveitam-se, com empenho, da ocasião de um processo, para dar, ao Espiritismo, um grande golpe e acabá-lo com a possante arma do ridículo. E de fato, foi menos um processo contra as fotografias que mesmo contra os espíritas.

A 15 de junho de 1875, Leymarie e Alfred E. Firman foram também envolvidos no processo, em virtude dos laços de amizade que mantinham com Édouard Buguet, e, assim, julgados coniventes na fraude.

Depoimentos falsos, inclusive do próprio Édouard Buguet, originaram a condenação dos três. Recorrendo-se, então, para instâncias superiores, Édouard Buguet e Alfred E. Firman conseguiram a liberdade. O primeiro passando para a Bélgica, e o segundo graças a influências de altas autoridades. Leymarie, por sua vez, preparou notável "Memória" à Corte Suprema, protestando, perante sua consciência e seus filhos, sua inocência e mostrando-se confiante nas decisões daquele alto tribunal.

Édouard Buguet traído pelo remorso escreve ao Ministro da Justiça que Leymarie é inteiramente inocente. Que, embora muitas das fotografias fossem reais, devido ao desconhecimento que tinha da Doutrina Espírita, praticava a fraude quando não as conseguia com a sua mediunidade. Na carta ele assevera:"Lastimo, pois, haver dito, na minha fraqueza, o contrário da pura verdade, renunciando eu a minha mediunidade, peço perdão a Deus por este ato que deploro, pois que ele serviu para incriminar um homem estimável, cuja boa fé se tornou suspeita com minhas afirmações."

Apesar das cartas de solidariedade vindas das mais diferentes partes do mundo, inclusive do Brasil, Leymarie foi condenado a um ano de prisão celular.

Um pouco mais tarde, anulada a sentença condenatória, o incansável discípulo de Kardec retomava a administração e direção da "Societé" e da "Revue Spirite".

Leymarie retorna à luta

Em 1878, Leymarie organiza também a "Sociedade Científica de Estudos Psicológicos", congregando, em torno dela, homens respeitáveis, para o estudo e experimentações em torno da mediunidade e do magnetismo animal, e análise das obras de Cahagnet, da doutrina de Swedenborg e outras pertinentes a outras idéias.

As obras de Kardec são traduzidas, por iniciativa de Leymarie, para todas as línguas do mundo civilizado; conferências são programadas; Leymarie visita outros países, e percorre cidades da Bélgica, da Itália e da Espanha, propagando os postulados doutrinários do Espiritismo.

Leymarie esteve presente no I Congresso Espírita de Bruxelas; em 1888 participou do Congresso Espírita de Barcelona, tendo sido escolhido para uma das presidências. No decurso deste Congresso foi lida uma belíssima moção de gratidão enviada da prisão de Tarragona, por um grupo de condenados a trabalhos forçados, convertidos à fé espírita.

Em 1889, Leymarie organizou o I Congresso Espírita na França, esquivando-se de cargos, mas, por insistência, acaba aceitando o de uma das vice-presidências.

Librairie Leymarie

Em 1897, Leymarie funda a "Librairie Leymarie Edite-URS", estabelecida no 42, rue Saint-Jacques, Paris, e a dirigiu até 1901, e, com sua desencarnação, por sua esposa Madame Marina Duclos Leymarie, e, posteriormente, por seu filho, Paul Leymarie.

Com a liquidação da "Librairie Spirite", continuou a editoração das obras de Allan Kardec, fazendo do prédio da "Librairie Leymarie" sede da redação da "Revue Spirite", até a fundação da "Maison des Spirites", por Jean Meyer, inaugurada em 25 de Novembro de 1923.

Uma das suas primeiras publicações foi "Au pays de l' ombre", de Madame D' Esperance.

Não obstante tantas provas, Leymarie não se abate. Ele prossegue a sua luta, em meio aos maiores aborrecimentos, e torna conhecidos os trabalhos e as obras principais de escritores espíritas, com os quais, em sua maior parte, ele se acha em constante contato, tais como, na França, com Eugene Nus, Léon Denis, Ernesto Bosc, Encause (Papus), Gibier, Baraduc, Comandantre Cournes, Sras. Noeggerath e Annie Besant, Gabriel Delanne, Strada e outros; na Inglaterra, com Wallace; na Rússia, com Aksakof; na América, com Van der Nailen; na Itália, com Chiaia e Falcomer.

São de sua autoria:

"Histoire du Spiritisme et biographie d' Allan Kardec". Trabalho apresentado nos Congressos Espíritas de 1888 e 1889.

"Oeuvres Posthumes d'Allan Kardec". Paris, 1890, Librairie Spirite. Obra por ele compilada, com documentos inéditos deixados por Allan Kardec.

"L´Évolution et la Révélation"Trabalho por ele compilado e enviado, em 1898, ao Congresso Internacional Espiritualista, em Londres.

(Revista ICESP - autoria Dr. Paulo Toledo Machado)

(Texto copiado do site Feparana)
Túmulo de Pierre-Gaetan Leymarie, no Cemitério Père Lachaise, em Paris, França.
Na mesma necrópole estão sepultados o mestre Allan Kardec, Codificador do Espiritismo, e   Gabriel Delanne, outro destacado continuador da obra de Kardec. Os três túmulos estão sempre  ornados com  flores frescas. Foto Ismael Gobbo
Revista Espírita fundada por Allan Kardec.
Imagem Internet
Reunião na APRES- Associação Parisiense de Estudos Espíritas, Paris, França. Foto Ismael Gobbo
Setor Medieval no Museu do Louvre, Paris, França. Foto Ismael Gobbo
Paris, a cidade luz,   foi o berço do Espiritismo.

Artigo especial. 150 Anos de “O Evangelho segundo o Espiritismo” (1864- 2014)


Almir Del Prette (São Carlos/SEOB)

-“ Comece pela leitura do “Evangelho Segundo o Espiritismo...”
      Ela falou-me com voz maternal, porém com tal gravidade que desestimulou qualquer brecha para o meu jeito turrão de argumentar. A pessoa a quem me refiro chamava-se Dona Vitalina e sua recomendação aconteceu por volta de 1958, quando eu tinha 17 para 18 anos e me iniciava na Doutrina Espírita. Ela, médium de excelentes recursos tinha razão, eu precisava começar pelo Evangelho Segundo o Espiritismo. Alguns dias depois, verificando meu progresso na leitura, disse-me condescendente, que poderia também ler os demais livros de Kardec.
. . . . . . . . .
      Neste mês de abril de 2014, espíritas do mundo inteiro comemoram um século e meio da publicação do Evangelho Segundo o Espiritismo, cuja primeira edição ocorreu em Paris. Em que essa obra difere das conhecidas edições dos evangelhos? Qual a importância de uma versão “segundo o Espiritismo”? À primeira pergunta, pode-se responder esclarecendo que Allan Kardec selecionou, para essa versão, o que é mais importante da mensagem de Jesus: a moral evangélica. Além disso, o autor contextualiza os evangelhos informando sobre os vários grupos e seitas predominantes na época e relaciona a doutrina espírita aos princípios filosóficos de Sócrates e Platão.
      Isso já justificaria o livro, contudo Kardec, por orientação dos espíritos, incluiu, do primeiro ao vigésimo primeiro capítulo, as “Orientações dos Espíritos”, significativamente relacionadas aos ensinamentos de Jesus. Para alcançar esse objetivo, usou o método da concordância universal do ensino dos Espíritos, por ele desenvolvido. Na parte introdutória dessa obra, há um esclarecimento que não pode passar despercebido. Allan Kardec relata ter examinado comunicações de aproximadamente mil centros espíritas de diferentes partes do mundo. Aqueles que atualmente realizam pesquisas usando mineração de textos, mesmo com todos os recursos tecnológicos disponíveis, sabem do imenso trabalho na composição de corpus textuais e podem ter uma ideia mais aproximada desse tipo de tarefa. Adicionalmente, imagine o leitor o trabalho de classificar cada conteúdo das mensagens em critérios de universalidade e não universalidade, cotejando-as com os ensinos de Jesus para agrupá-las de acordo com a temática de cada capítulo.
. . . . . . . . .
      Há muito a compreender sobre os ensinamentos de Jesus e, mais ainda, sobre como colocá-los em prática. Faço coro à recomendação de Dona Vitalina: Comece pela leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo. Mantenha a prática de leitura regular dessa obra, pois ela constitui valioso processo terapêutico, muito importante nessa atual fase de transição do planeta.     
Palays Royal, Paris, França. No interior  do edifício doe século XVII, ficava a Galeria D’Orleans, onde, nas
livraria de E. Dentu,  foi lançado O Livro dos Espíritos, assinado por Allan Kardec, aos 18 de abril de 1857.
Foto Ismael Gobbo
Galerie d’Orleans , no Palays Royal, em Paris,  no ano de 1829.
Na livraria de E. Dentu foi lançado O Livro dos Espíritos, no dia 18 de abril de 1857.
O Rio Sena, a Ponte de Sully em primeiro plano e a Catedral de Notre Dame, Paris, França. Foto Ismael Gobbo

Artigo especial. A Cúpula do Edifício


Dermeval Carinhana Júnior
Campinas, SP

Em uma comunicação particular, recebida por Kardec em 1863 e que se encontra registrada em “Obras Póstumas”, os espíritos se referiram a seu novo livro, que ainda estava em fase de elaboração, como sendo a cúpula do edifício espírita, o local de maior destaque e sob o qual todos os demais foram construídos. E foi com essa expectativa que a obra foi publicada em abril de 1864 com o título original de “Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo”, alterada para “O Evangelho Segundo o Espiritismo” nas edições posteriores. Não foi sem motivo, pois, que Kardec tenha lhe atribuído um caráter geral, expresso aqui pelo trecho seguinte extraído da apresentação da obra:
“Esta obra é para o uso de todo o mundo; cada um pode nela haurir os meios de conformar a sua conduta à moral do Cristo. Os Espíritas nela encontrarão outras aplicações que lhes concernem mais especialmente. Graças às comunicações estabelecidas de agora em diante de maneira permanente entre os homens e o mundo invisível, a lei evangélica ensinada em todas as nações pelos próprios Espíritos, não será mais uma letra morta, porque cada um a compreenderá, e será incessantemente solicitado a pô-la em prática, pelos conselhos de seus guias espirituais”. (Objetivo desta Obra, Introdução, O Evangelho Segundo o Espiritismo).
Mas, como seria possível alguém colher ensinamentos em um livro ditado diretamente pelos espíritos sem ser espírita? A resposta para tal questão já havia sido dada por Kardec anos antes, na Conclusão de “O Livro dos Espíritos”: 
O Espiritismo não é obra de um homem. Ninguém se pode dizer seu autor porque ele é tão antigo quanto a Criação; encontra-se por toda parte, em todas as Religiões e mais ainda na Religião Católica, com mais autoridade do que em todas as outras porque nela se encontram os princípios de todas as manifestações: os Espíritos de todos os graus, suas relações ocultas ou patentes com os homens, os anjos guardiães, a reencarnação, a emancipação da alma durante a vida, a dupla vista, as visões, as manifestações de todo gênero, as aparições tangíveis. No tocante aos demônios, não são mais do que os Espíritos maus (....). (Conclusão, O Livro dos Espíritos).
A explicação de Kardec é bastante simples e completa: o Espiritismo está na natureza. Foi Deus quem criou o Universo material e espiritual, por assim dizer, que existem e se relacionam, do ponto de vista humano, desde a mais alta Antiguidade. É natural, pois, e não poderia ser diferente, que os espíritos e suas manifestações houvessem sido registrados ao longo da História de acordo com o conhecimento e interpretação de cada época. Ao contrário das iniciativas que o precederam, no entanto, caberia ao Espiritismo abrir um novo caminho no esclarecimento da humanidade, deixando de lado crenças e superstições, ambas originadas, em maior ou menor grau, do encontro da ignorância e da imposição de interesses pessoais sobre o coletivo.
Engana-se, porém, quem supõe que esse processo de renovação de ideias se dê por expressões externas. Ao contrário, as verdadeiras batalhas se dão na intimidade da consciência de cada um, razão pela qual o Espiritismo nunca se ocupou das manifestações das crenças de cada indivíduo. Sobre isso, Kardec costumava dizer que:
O Espiritismo, sendo independente de qualquer forma de culto, não prescrevendo nenhum deles, não se ocupando de dogmas particulares, não é uma religião especial, pois não tem nem seus padres nem seus templos. Aos que indagam se fazem bem em seguir esta ou aquela prática, ele responde: se sua consciência pede para fazê-lo, faça-o; Deus sempre leva em conta a intenção. Em resumo, ele não se impõe a ninguém; não se destina àqueles que têm fé ou àqueles a quem essa fé basta, mas à numerosa categoria dos inseguros e dos incrédulos; ele não os tira da Igreja, visto que eles se separaram dela moralmente em tudo, ou em parte; ele os faz percorrer os três quartos do caminho para entrar nela; cabe a ela fazer o resto. (O Espiritismo em sua expressão mais simples).
Não há, assim, quaisquer embaraços ao Espiritismo se um, dois, ou mais de seus princípios permaneçam distantes da aceitação íntima de cada um, da mesma forma que a Astronomia pouco, ou nada se ressente de existirem pessoas que acreditam que a Terra ainda ocupe o centro do Universo conhecido. O objetivo do Espiritismo consiste em esclarecer a humanidade sobre sua natureza espiritual. Se, ao longo desse caminho, ele fortalecer a fé de alguns em crenças existentes, dando motivos palpáveis para crer, ou contribuir para que outros tenham suas consciências iluminadas para a simplicidade da Criação, isso caberá unicamente a cada indivíduo que dele se ocupe.
A publicação de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” consistiu em um novo marco na compreensão das Leis do Criador. Ao apresentá-las da forma mais próxima possível tal como foram ensinadas e exemplificadas por Jesus de Nazaré, os bons espíritos, por meio do incansável trabalho de Allan Kardec, mostraram que o Universo é um lugar maravilhoso, criado unicamente com um propósito: fazer com que pelo desenvolvimento de suas faculdades, a Criatura perceba, contemple e, finalmente, aproxime-se de seu Criador.
Dermeval Carinhana Jr.
Instituto de Estudos “Wilson Ferreira de Mello”
Ficheiro:Allan Kardec portrait001.jpg
Allan Kardec, Codificador do Espiritismo (03-10-1804 / 31-03-1869).
As cinco obras básicas da Doutrina Espírita assinadas por Allan Kardec
Praça da Concórdia. Paris, França.  Foi na cidade de Paris que Allan Kardec realizou o
grandioso trabalho de codificar o Espiritismo. Foto Ismael Gobbo
Amélie Gabrielle Boudet. Esposa e grande colaboradora de Allan Kardec.
Imagem trabalhada em computador a partir de outra conhecida por Marisa Cajado (Guarujá, SP )
Arco do Triunfo, Paris, França. Foto Ismael Gobbo

Artigo especial. O Evangelho ante os tempos novos


Sérgio Thiesen
Rio de Janeiro, RJ
sergiothiesen@gmail.com

 "A missão dos espíritas, no Brasil, é divulgar o Evangelho em espírito e verdade." Ismael

"Reunidos em nome de Ismael, não tendes outros deveres
senão estudar os Evangelhos à luz da Santa Doutrina." Allan Kardec

"A cada povo a sua tarefa. A vossa, a maior, é o Evangelho:
tendes de educar os corações." Urias

(Da biografia de Bezerra de Menezes, no livro de Zêus Wantuil "Grandes Espíritas do Brasil", págs. 234/5, ed. FEB.)

            É imensa responsabilidade dos espíritas, no campo da evangelização dos Espíritos, por termos ingressado livremente na Doutrina do Consolador Prometido.

            Essa responsabilidade não é estática, mas dinâmica, crescente na medida do aprofundamento conceptual de cada um no espírito do Evangelho, na essência cristã contida na multifária e progressiva Revelação do Espírito da Verdade, cujas mensagens de luz fluem em catadupas, cristalinas e puras, iluminando as consciências de quantos, no carreiro da experiência, demandam as regiões da neblina.

            Em "O Consolador"[1]Emmanuel nos esclarece que:

            "para a iluminação do íntimo, só tendes no mundo o Evangelho do Senhor, que nenhum roteiro doutrinário poderá ultrapassar";

            "o Espiritismo em seus valores cristãos não possui finalidade maior que a de restaurar a verdade evangélica para os corações desesperados e descrentes do mundo";

            "a obra definitiva do Espiritismo é a da edificação da consciência profunda no Evangelho de Jesus Cristo";

            "só o trabalho de auto evangelização é firme e imperecível, só o esforço individual no Evangelho de Jesus pode iluminar, engrandecer e redimir o Espírito, porquanto, depois de vossa edificação com o exemplo do Mestre, alcançareis aquela verdade que vos fará livres".

            Na obra "Missionários da Luz"[2]André Luiz declara que "o Espiritismo evangélico é também o grande restaurador das antigas igrejas apostólicas, amorosas e trabalhadoras. Seus intérpretes fiéis serão auxiliares preciosos na transformação dos parlamentos teológicos em academias de espiritualidade, das catedrais de pedra em lares acolhedores de Jesus".

            Aliás, em "Paulo e Estêvão", - de Emmanuel[3], surpreendemos o generoso iluminado de Damasco clareando ao Procônsul Sérgio Paulo, em Nea-Pafos, o objetivo da mensagem do Cristo, em cuja revivescência está empenhada a Doutrina dos Espíritos, na atualidade:

             "O Salvador fundou a religião do amor e da verdade, instituição invisível e universalonde se acolham todos os homens de boa vontade. Nosso fim é dar feição visível à obra divinaestabelecendo templos que se irmanem nos mesmos princípios, em seu nome.

            Avaliamos a delicadeza de semelhante tentame e estamos crentes de que as maiores dificuldades vão surgir em nosso caminho. É quase impossível encontrar o cabedal humano indispensável ao cometimento; mas é forçoso movimentar o plano. Quando falhem os elementos da instituição visível, esperaremos na igreja infinita, onde, nas luzes da universalidade, Jesus será o chefe supremo de todas as forças que se consagrem ao bem."

            O venerável Espírito Bittencourt Sampaio, autor, quando na vida física, no século passado, de "A Divina Epopéia", em mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier ("Reformador", jul. 1946), enfatizando a missão evangelizadora da Federação Espírita Brasileira, disse:

            "A bandeira de luz, desfraldada por Ismael, no Brasil, não convocou, em vão os servos do Cristo ao trabalho da concórdia e do amor."

             "Ao influxo de Ismael, compreendemos mais cedo, no Brasil, que a Doutrina Consoladora não se reduz a simples órgão de experimentação científica ou de reajustamento filosófico, nos quadros do conhecimento humano."

            "Daí, o característico religioso dos nossos trabalhos, a substância sublime do nosso depósito espiritual."

[1] p.123 – “O Consolador”, de Emmanuel, por Francisco C. Xavier. 5ª Ed..
[2] p. 84  –“ Missionários da Luz” de André Luiz, por Francisco Cândido Xavier. 8ª Ed..
[3] p. 340 – “Paulo e Estevão”, de Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier, 9ª Ed..
 
Estátua representando o Apóstolo Paulo. Praça da Sé, São Paulo. Foto Ismael Gobbo
Ficheiro:V&A - Raphael, The Conversion of the Proconsul (1515).jpg
A Conversão do Proconsul. Tempera no papel, montado sobre tela de Rafael Sanzio.
Emmanuel. Do arquivo de Geraldo Lemos Neto. Belo Horizonte, MG

Quadro retratando Dr. Bezerra de Menezes pela artista Nair Camargo, de São Paulo, SP.
Foto Ismael Gobbo

O Rio Sena e o Jardim das Plantas. Paris, França.  Foto Ismael Gobbo
Em Paris Allan Kardec codificou o Espiritismo em 18 de abril de 1857 com o
lançamento de O Livro dos Espíritos.

Gabriel Delanne. Um dos continuadores da obra de Allan Kardec


Gabriel Delanne
(Paris, França, 23-03-1857 / 15-02-1926)

Nasceu no dia 23 de março de 1857, exatamente no ano em que Kardec publicava a 1.ª edição de "O Livro dos Espíritos".

Seu pai, Alexandre Delanne, era espírita e amicíssimo de Kardec, motivo porque foi ele grandemente influenciado pela idéia. Sua mãe trabalhou como médium, cooperando com o mestre de Lyon na Codificação.

Delanne foi um dos maiores propagadores da sobrevivência e comunicabilidade dos Espíritos.

Afirma ele:

"A inteligência que se manifesta não emana dos operadores; ela declara ser aquele cujo nome declina. Não vemos porque se obstinaria em negar sua existência. Vamos, agora, acumular as provas da existência dos Espíritos, e elas irão se revestindo de um caráter cada vez mais forte, por forma que nenhuma denegação será capaz de combater a evidência da intervenção dos Espíritos nessas novas manifestações."

Publicou "O Espiritismo Perante a Ciência", "O Fenômeno Espírita", "A Evolução Anímica", "Pesquisas sobre a Mediunidade", "As Aparições Materializadas de Vivos e Mortos", além de outras obras de cunho científico.

Fonte: ABC do Espiritismo de Victor Ribas Carneiro

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(1857 - 1926)

Gabriel Delanne era filho de pais espíritas convictos e praticantes, sendo o seu pai um dos fundadores da Liga Parisiense de Ensino e afeiçoado amigo de Allan Kardec, fazendo parte com este da direção da Sociedade Espírita fundada por ambos. Sua mãe, portadora de mediunidade ostensiva, muito colaborou na codificação kardequiana com suas comunicações, transmitindo informações confiáveis filtradas do mundo espiritual através de seus dons. Nasceu portanto esse grande defensor do Espiritismo em ambiente espiritual propício a sua preparação, o que se fez nos moldes rigorosamente científicos e com estrita fidelidade ao seu codificador. Afirmando sempre que a sua crença inabalável era a espírita, e dedicando-se desde cedo à pesquisa experimental dos fatos presenciados dentro da sua própria casa, veio a receber da espiritualidade uma mensagem cujo teor o faria mais dedicado e disciplinado para com suas pesquisas. Dizia a mensagem: "Nada temas. Tem confiança. Jamais ser rico do ponto de vista material. Coisa alguma, porém, te faltar na vida".

Em 1883 ele fundou a revista "O Espiritismo" graças à generosidade de uma inglesa, Elisabeth D'Esperance, que lhe doou o dinheiro para as despesas. Passou então a realizar experiências com grandes médiuns. Em 1904 juntamente com Charles Richet e outros estudiosos,presenciou os prodigiosos fenômenos de materialização de Vila Cármen, em Argel. A produção literária de Delanne não se apóia em especulações imaginárias, mas em fatos por ele mesmo investigados e confirmados. Dedicando-se de maneira especial ao trabalho de demonstrar que o Espiritismo se apóia em bases científicas, escreveu essas principais obras hoje conhecidas em todo o mundo: "Pesquisas sobre a Mediunidade", "A Alma é Imortal", "O Espiritismo perante a Ciência", "O Fenômeno Espírita","A Evolução Anímica", "As Aparições Materializadas de Vivos e Mortos", "Documentos para o Estudo da Reincarnação". e finalmente "A Reencarnação".

Em "O Espiritismo perante a Ciência", ele traça com rara maestria um quadro completo dos dados que o psiquismo pode apresentar para merecer o respeito dos cientistas. E como demonstração da admirável segurança de sua argumentação, basta que se lance os olhos sobre suas páginas e verifique-se, que desde a época já distante em que apareceu a primeira edição desta obra, o seu autor teve a satisfação de verificar que algumas das mais importantes teorias expostas tiveram a consagração da Ciência.

Em sua luta para estabelecer a verdade espírita, sabedor dos males gerados pela ignorância, pelo fanatismo e pela paixão desregrada escreve: "A luta é inflamada e provavelmente ser longa, de vez que os prejuízos religiosos e científicos se mostram obstinados. Insensivelmente, porém, a evidência acaba impondo-se. Temos agora a convicção de que a certeza da imortalidade se tornar uma verdade científica, cujas conseqüências benfazejas, fazendo-se sentir no mundo inteiro, mudarão os destinos da humanidade". Homem de mentalidade politécnica, afeiçoado desde cedo aos estudos exatos, às observações frias, às deduções rigorosas, foi o chefe supremo da parte experimental do Espiritismo à qual deu o maior desenvolvimento, ainda não suplantado.

Delanne fez ver através de suas obras que a Física moderna, o magnetismo, o hipnotismo, a sugestão verbal ou mental, a clarividência, a telepatia e o Espiritismo, todos esses conhecimentos novos são convergentes para as fronteiras espirituais. Tornou evidente que as provas das comunicações dos espíritos, sendo tão numerosas quão variadas tornariam o Espiritismo uma demonstração científica da imortalidade. Em sua luta incessante iniciada aos 13 anos, publicou aos 68 anos de idade uma obra de incomparável valor intitulada "A Reencarnação", última de seu gênio privilegiado. Pela solidez apresentada, pelo rigor de sua lógica, pelo valor de sua argumentação, pela escolha de suas provas, pela superioridade de sua tese, e pela imparcialidade com que apresenta os fatos, essa obra  a primeira da coleção delanneana.

Abordando todas as angulações elaboradas pela codificação, Delanne sempre respondia com humildade sobre sua prória obra: "Nada tenho dilatado. Tudo que há é de Kardec. Apenas tenho feito constatações. Mostrei-as em meus livros e demonstro-as na prática diária. Nada acrescento". Excesso de modéstia dele. Sua obra complementa e solidifica os ensinamentos de Kardec, abordando temas correlatos e aprofundando outros onde o grande codificador não dispusera de tempo para considerações maiores.

Delanne foi o pesquisador que de maneira incansável soube aproximar a ciência da religião, certo que ambas teriam que caminhar unidas para uma compreensão lógica do universo e dos seus habitantes, os espíritos. O insigne pesquisador dedicou toda a sua vida à propagação do Espiritismo, pelo qual se sacrificou inutilmente aos olhos daqueles que só vêem no imediatismo a verdadeira razão do viver humano e por isso não podem compreender que, por força desse desprezo pelas vaidades e ambições terrenas, ele se cobriu de glórias espirituais pelo trabalho bem conduzido, sem vacilações e fielmente executado até seu derradeiro instante da vida corpórea.

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GABRIEL DELANNE

(1857 - 1926)

GABRIEL DELANNE, discípulo e continuador da obra de Kardec. Reencarnou em Paris, França, no dia 23 de Março de 1857; desencarnou em 15 de fevereiro de 1926, com 69 anos de idade.
Engenheiro Eletricista (que hoje se denomina Eletrotécnico), formado pela Escola de Artes e Ofícios.

Seu pai, Alexandre Delanne, foi contemporâneo e companheiro de Allan Kardec e, por ocasião da desencarnação deste, foi quem falou à beira do túmulo, em nome dos espíritas dos centros distantes.

Alexandrina Delanne, sua mãe, segundo nos relata Canuto Abreu, foi uma das médiuns de Allan Kardec.

Gabriel Delanne foi, pois, espírita "de berço". E se fez o mais destacado valor da parte experimental e uma das maiores figuras da história do Espiritismo, até os dias de hoje.

Ninguém o suplantou.

O Dr. Canuto Abreu se ufanava por ter conhecido e convivido pessoalmente com Gabriel Delanne. Freqüentou sua casa, que era, diz Canuto, "também sede duma sociedade espirítica. Assisti a trabalhos por ele presididos. Ouvi suas lições práticas. Suas longas e cintilantes narrativas. Suas discussões, em que às vezes erguia a voz, exaltado pela convicção posta em dúvida, e logo a baixava, sorridente, ao perceber a porta do misticismo, que detestava como cientista."

"Ninguém", dia João Teixeira de Paula, "mais e melhor do que Delanne se importou com a magna questão de se saber quando um fenômeno é anímico ou estritamente espirítico. Nem Alexandre Aksakoff, cuja distinção entre um fenômeno e outro é algo confusa e contraditória, nem Ernesto Bozzano, que se limitou a mostrar que o Animismo prova o Espiritismo - estudaram, com tanta abundância de exemplos, comparações, restrições e cessões, o que é o Animismo."

Gabriel Delanne foi presidente da "Union Spirite Française", onde fundou, em 1884, "Le Spiritisme", e foi o seu representante no Congresso Espírita de Bruxelas, Bélgica, desse mesmo ano (1884); foi Presidente da "Société Française d´Études des Phénomènes Psychiques", onde, também, fundou, em 1897, e dirigiu, a "Tribune Psychique"; foi membro do Comitê do Instituto Metapsíquico Internacional, e membro honorário da "Société d´Études Psychiques de Nancy".

Em 1882, juntamente com Leymarie participou da assembléia que fundou a Federação Espírita Francesa e Belga.

Em 1896 fundou a "Revue Scientifique et Morale du Spiritisme", da qual foi o seu Diretor e, em 1898, apresentou, no Congresso Espiritualista de Londres, extensa "memória".

Em 1897, fundou "La Tribune Psychique", órgão da "Société Française d´Études des Phénomènes Psychiques".

O seu primeiro livro - "Le Spiritisme devant la Science", foi publicado por Librairie Dentu, de Paris, em 1883, ‘in' 18, 472 pp.; vertido para o espanhol, "El Espiritismo ante la Ciência", Barcelona, 1886, Ed. El Cortijo, e traduzido, por Carlos Imbassahy, para o português, ed. FEB - Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1ª. ed. 1939, 365 pp.

A seguir publicou:

"Le Phénomène Spirite". Testemunho dos sábios. Estudo histórico. Exposição metódica de todos os fenômenos. Discussão das hipóteses. Conselho aos médiuns. A teoria filosófica. Paris, Chamuel, 1893, ‘in' 12, 296 pp. Obra traduzida para o português pelo Marechal Francisco Raymundo Ewerton Quadros, ed. FEB - Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1951, 1ª. ed. 276 pp.

"L´Évolution Animique". Ensaio de psicologia fisiológica segundo o Espiritismo. Trata da força vital, do perispírito, da força nervosa psíquica, do amor conjugal, do inconsciente psíquico, do sonambulismo provocado, da obsessão e da loucura, etc. Chamuel, Paris, 1897, ‘in' 18, 368 pp. Versão castelhana, de J. Torrens, "La Evolución Anímica", Barcelona, 1899, e traduzida para o português por M. Quintão, ed. FEB - Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1938, 1ª. ed. 288 pp.

"Recherches sur la Mediumnité". Investigações sobre a mediunidade. Paris. 1898.

"L'Âme est Immortelle". Demonstração experimental. Chamuel, Paris, 1899, ‘in' 18, 468 pp.Traduzida para o português , por Guillon Ribeiro, ed. FEB - Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1901, 1ª. ed. 314 pp.

"Le Périsprit", Paris Chamuel, 1899.

"Documents pour servir à l´étude de La Reincarnation". Éditions de La B.P.S., Paris, 1924. - Posteriormente foi titulada "La Reincarnation" Editions de La B.P.S. , Paris, 1924., 1ª. ed. 408 pp.
Traduzida para o português - Reencarnação - por Carlos Imbassahy, ed. FEB - Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1940, 1ª. ed. 323 pp.

"Le Magnetisme Animal".

"Les Vies Sucessives". Memória apresentada ao Congresso Internacional de Londres. Traduzida para o espanhol por Victor Melcior y Farré, com prefácio de Quintín Lopes Gomes, Barcelona, 1898, Est. Tip. de Juan Torrens, 127 pp.

"Les Apparitions Matérialisées des Vivants et des Morts", Librairie Spirite - Leymarie Editeur, Paris, França, 1909, Tomo I - " Les Fantômes de Vivants", 1ª. ed. 527 pp. Tomo II, 1911.

Na construção das suas obras, na ordenação das suas deduções, em todas as suas exposições, ressalta o senso da precisão científica, o respeito pela verdade demonstrada, a necessidade racional de apoiar a afirmação no testemunho concreto.

Na notável e extensa memória que apresentou ao Congresso Espiritualista de Londres, em Junho de 1898, dizia Delanne que a Providência fizera surgir missionários em todas as nações para pregarem a moral eterna: Confúcio, Buda, Zoroastro, Jesus, são as grandes vozes que ensinaram uma doutrina idêntica sob diversos aspectos.

São dessa Memória as seguintes conclusões:

1. O ser vivo não é realmente senão uma forma em que passa a matéria.

2.A conservação dessa forma é devida ao princípio inteligente revestido de uma certa substancialidade.

3.Tanto em relação ao animal como em relação ao homem, a conservação dessa forma tem lugar depois da morte.

4.As modificações moleculares nesses invólucro são indestrutíveis.

5.A repetição dos mesmos atos, físicos, ou intelectuais, tem resultado torná-los fáceis, depois habituais, depois reflexos, isto é, automáticos e inconscientes (Não sendo os instintos senão hábitos, de milhões de anos seculares).

6.A série dos seres organizados é fisicamente contínua tanto atualmente como no passado.

7.As manifestações do instinto, depois mais tarde, da inteligência, em todos os seres vivos, são graduais em seu conjunto e intimamente ligadas ao desenvolvimento dos organismos.

8.O homem resume e sintetiza todas as modalidades anatômicas e intelectuais que existiram na Terra.

9. Os fatos de observação estabelecem a reminiscência de estados anteriores nos animais e a recordação das precedentes vidas no homem.

10.Finalmente, certos Espíritos predizem a sua volta a este mundo e outros afirmam as vidas sucessivas.

Das obras referidas, a FEB - Federação Espírita Brasileira publicou, em nosso idioma, cinco delas:

A alma é imortal. Tradução de Guillon Ribeiro, 1901.

A evolução anímica. Estudos sobre psicologia fisiológica. Tradução de Manuel Quintão - FEB, 1938. 1ª. edição, 288 pp.

O espiritismo perante a ciência. Tradução de Carlos Imbassahy. FEB, 1939. 1ª. edição, 365 pp.

Reencarnação. Tradução de Carlos Imbassahy. FEB, 1940, 1ª. edição, 323 pp.

O fenômeno espírita. Tradução de Francisco Ewerton Quadros, 1ª. edição, anotada pela FEB, 1951.

Dedicando-se integralmente ao Espiritismo, viveu dos direitos autorais dos seus livros. Sua vida foi paupérrima, sob esse aspecto. Sob o ponto de vista físico, teve grave incapacidade: paralítico e cego, porém sempre lúcido. Por tal razão seu "último trabalho, que ditou, foi lido na sessão inaugural do Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, no dia 7 de Setembro de 1925".

(Da Revista ICESP, nº 18 - autoria Dr. Paulo Toledo Machado)
 (Textos copiados do site da Feparana)

 Túmulo de Gabriel Delanne no Cemitério Père Lachaise, em Paris, França.
No mesmo cemitério está sepultado o seu mestre  Allan Kardec.
Ambos os túmulos   sempre floridos e muito visitados . Foto Ismael Gobbo

Torre Eiffel. Paris. França.  A cidade de Paris foi o berço do Espiritismo.
Quando a torre foi construída  Gabriel Delanne vivia em Paris.  Foto Ismael Gobbo
Torre Eiffel, inaugurada em 31-03-1889. Na foto o elevador  subindo para chegar ao  último estágio do famoso monumento.  Em Paris nasceu e desencarnou Gabriel Delanne. Foi na cidade luz que Allan Kardec codificou o Espiritismo.  Foto Ismael Gobbo

Busto de Gustave Eiffel (1832- 1923)
Engenheiro que participou da construção da Torre Eiffel, em Paris, França.
Foto Ismael Gobbo