Richard Simonetti
richardsimonetti@uol.com.br
Em memorável assembleia, em 2 de dezembro de 1919, era instalado o Centro Espírita Amor e Caridade com duas finalidades, constantes do artigo 2º dos Estatutos:
I – promover o estudo, a difusão e a prática do Espiritismo no seu tríplice aspecto: científico, filosófico e religioso, com base nas obras da Codificação efetuada por Allan Kardec, com vistas à vivência do Evangelho de Jesus pelos homens, de maneira voluntária, consciente e permanente;
II – fundar e manter, de forma permanente, serviços e programas gratuitos, de natureza educacional, cultural e assistencial, direcionados ao atendimento, orientação e amparo aos migrantes internos, à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, visando principalmente à promoção da criatura humana, sem distinção de condição social, sexo, cor ou raça, credo político ou religioso e nacionalidade.
Nestes nove decênios o CEAC vem cumprindo fielmente essas disposições, empenhando-se na divulgação dos princípios espíritas e no exercício da caridade.
Do lado doutrinário, reuniões públicas, cursos, palestras, grupos mediúnicos, atendimento espiritual, passes, desobsessão, editora, livraria, biblioteca, sempre enfatizando a necessidade de compreendermos os propósitos da Vida, atendendo aos imperativos de renovação para uma existência equilibrada e feliz.
Do lado da caridade, há múltiplas atividades, congregando centenas de voluntários: Albergue Noturno, Casa de Referência para População de Rua, Creche-Berçário, Departamentos de promoção humana, acompanhamento escolar e cursos profissionalizantes na Vila São Paulo, Núcleo Fortunato Rocha Lima, Vila Nova Esperança, Ferradura Mirim, Jardim Europa e Jardim Ferraz… Atendimento a hospitais, visitas a presídios, cursos para gestantes...
Perto de 25 mil pessoas são beneficiadas, anualmente.
Um aspecto gratificante é a participação de voluntários não espíritas nos serviços de assistência e promoção social.
Plantonistas do Albergue, visitadores do Grupo Irmã Sheilla, nos Hospitais, profissionais de saúde nos núcleos, colaboradores de cursos profissionalizantes, pertencem, não raro, a outras denominações religiosas, vivenciando aquele ecumenismo que realmente importa: a união das religiões em favor dos carentes de todos os matizes.
Semelhante iniciativa está bem de acordo com uma observação feliz do apóstolo Tiago, em sua epístola universal:
A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo (Tiago 1:27)
Sob o ponto de vista doutrinário há diferenças de interpretação entre as religiões, mas nada que nos impeça de fazer o principal: unir os nossos esforços em favor de um Mundo melhor a partir da verdadeira religiosidade, que é a prática do Bem.
A Terra não será melhor quando predominar esta ou aquela religião. Viveremos num paraíso terrestre quando cumprirmos a finalidade principal de todas as religiões: inspirar-nos ao exercício da solidariedade, irmanados no propósito de servir.
A preocupação com o bem-estar alheio, essência da orientação de Jesus, é o melhor recurso contra a corrupção do mundo, como diz Tiago, já que fazer pelo próximo o que gostaríamos nos fosse feito, implica, também, em não fazer nada que possa causar-lhe prejuízos.
E certamente, leitor amigo, quando partirmos desta para melhor¸ estaremos realmente numa melhor se houvermos pautado nossa existência em torno desses propósitos. Isso a nossa consciência, juíza incorruptível, liberta das teias de ilusão com que a envolvemos na Terra, nos dirá.
Nas comemorações dos 90 anos do CEAC, nossa saudação aos 900 voluntários e 155 funcionários, que irmanados no propósito de servir, fazem dele um posto avançado de vivência dos mais puros ideais cristãos.
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