O sempre lembrado médico evangelista de nome Lucas, convertido no coração às realidades cristãs na inesquecível Antioquia da Síria, acolhendo as sugestões de Paulo de Tarso fora pressurosamente tomar o testemunho da venerável mãe de Jesus, Maria de Nazaré, na província romana da Ásia.
Baseado nessas luminosas recordações de Maria, Lucas anotou, com muita propriedade, o seu relato minucioso da epopeia do Cristo entre os seres humanos da terra infeliz e ignorante.
Se folhearmos as anotações de Lucas, transformadas depois num dos evangelhos do Mestre da Luz, verificaremos um pequeno, porém importantíssimo, detalhe que escapou aos demais evangelistas, mas que o sábio médico registrou no que hoje conhecemos como o versículo 23 de seu capítulo 9.
"E disse-Ihes Jesus:
Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, dia a dia tome a sua cruz, e siga-me!" O chamado simples e direto do Senhor nos atinge a alma de forma vigorosa e clara.
Não há qualquer tipo de violência no caminho evolutivo do homem. O que existe é um chamado que respeita sempre o livre arbítrio da criatura.
"Quem quiser vir" falou-nos o Cristo.
A vontade é atributo das criaturas que lhes sustenta as decisões íntimas impulsionando-lhes as ações.
Jesus espera que tenhamos o desejo de segui-lo, assumindo em nossa consciência o caminho de verdade e vida que Ele nos descortinou às almas desde 20 séculos atrás.
"Que negue a si mesmo!" prossegue a orientação celeste.
Quando assumimos o roteiro de progresso na ascensão espiritual que nos cabe empreender com o próprio esforço, necessário se faz que esqueçamos as nossas próprias questiúnculas de menor importância segundo a ótica da Vida Mais Alta.
Não se trata de nenhum estímulo à irresponsabilidade ou desrespeito aos compromissos maiores de nossa vida moral no âmbito familiar ou coletivo.
Trata-se de abrirmos mão dos apegos injustificáveis aos nossos vícios e problemas, que o orgulho e o egoísmo alimentam aprisionando-nos ao passado menos nobre que já vivenciamos.
Trata-se de elevar as próprias aspirações em sintonia com o bem comum e o amor aos semelhantes que Jesus nos preconiza.
E, para alcançar esta compreensão maior, existe a condição que a bondade de Jesus nos coloca: "dia a dia tome a sua cruz!"
A lucidez de Lucas pode registrar esta esclarecedora expressão: dia a dia, significando que o caminho de nossa própria reconstrução espiritual é trabalho diário, esforço cotidiano de enfrentarmos nossas lutas de cada dia, nos pequenos testemunhos de cada hora junto aos familiares e aos irmãos em sociedade.
Não se espera de nós nenhum espetáculo de grandeza moral ou que vençamos ilustre campeonato de espiritualização, mas, isto sim, Jesus nos chama a que saibamos nos amar uns aos outros, pouco a pouco, passo a passo, dia a dia...
O próprio símbolo da cruz que devemos tomar nos próprios ombros para segui-lo é mensagem de instrução e beleza que não podemos desprezar.
À semelhança do exemplo de Jesus, cada qual deve assumir a cruz das próprias dificuldades para levá-la ao Gólgota de redenção para a vitória da vida verdadeira.
Mas, convenhamos, a cruz terá o peso exato de nossas necessidades morais, nas provas e expiações:Hoje nos cabe passar na direção da auto superação.
O madeiro da cruz é bem a medida exata de nossas necessidades, aquele peso exato que nos compete suportar.
Nem a cruz de palha que em nada nos acrescentaria em matéria de esforço e aproveitamento, nem tampouco a cruz de ferro que pelo excesso de peso nos afundaria na lama de nossos enganos ou nos imobilizaria na poeira de nossas ilusões.
A cruz que o Mestre inolvidável nos convoca a tomar sobre os ombros é a do madeiro de luz capaz de elevar-nos do solo rasteiro do mundo, fazendo-nos abrir os braços na escola da fraternidade e do amor aos semelhantes, colocando-nos a mente voltada para a luz do universo sem fim, no seio da glória celeste.
Neio Lúcio
Mensagem psicografada em reunião pública no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, na noite do dia 21 de novembro de 2005, por Geraldo Lemos Neto.
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