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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Kardec e os maus tratos aos idosos



WELLINGTON BALBO

BAURU, SP



Acompanho durante 20 anos delicada história, as razões certamente se perdem nas noites dos séculos, porquanto nos dias de hoje os Espíritos protagonistas são chamados aos reajustes perante a própria consciência.

Para quem vê apenas a superfície, trata-se de dolorosa situação, contudo, para quem vê “ além do horizonte” , é motivo de júbilo, porque pode representar a real libertação do Espírito, que vence dificuldades e ressurge triunfante rumo à gloriosa jornada de evolução, destino de todos nós.

Minha tia há 20 anos teve trombose cerebral, e desde então não fala, não anda, não se mexe, necessidades fisiológicas apenas com a ajuda de muitos remédios.

Um de meus primos assumiu desde a adolescência a tutela da mãe, cuida com extremo carinho de sua progenitora. Troca fraldas, prepara papinhas, dá banho...

Coloca-se de fato como o pai de sua própria mãe. É um carinho, um afeto que emociona quem acompanha essa história.

Enquanto há pessoas conscientes no mundo, que se preocupam com os pais, demonstrando gratidão e trabalhando por eles quando estes estão impossibilitados de fazê-lo, há também pessoas que carregam consigo o lema da ingratidão, e, lamentavelmente, o da maldade, agredindo, ameaçando e violentando aqueles que fizeram a história de nossa sociedade e nosso país.

Por isso, vamos adentrar delicado assunto:

· Maus tratos aos idosos.

Em “O Livro dos Espíritos”, Kardec e os Espíritos amigos trataram de temas semelhantes, envolvendo a responsabilidade que os filhos têm para com seus pais, foram além e demonstraram que a sociedade também deve proteger e proporcionar uma vida digna àqueles que durante longos anos foram o alicerce da família e da economia.

No Cap. “Lei do Trabalho” da obra acima citada, Kardec questiona os mentores espirituais:

P - 681 A lei natural impõe aos filhos a obrigação de trabalhar por seus pais?

R - Certamente, do mesmo modo que os pais devem trabalhar por seus filhos; é por isso que Deus fez do amor filial e do amor paternal um sentimento natural para que, por essa afeição recíproca, os membros de uma mesma família fossem levados a se ajudarem mutuamente, o que é freqüentemente esquecido em vossa sociedade atual.

Agora vejamos a questão de nº 685 a . Prossegue Kardec:

P - 685 a Mas que recurso tem o idoso necessitado de trabalhar para viver, se já não pode?

R -O forte deve trabalhar pelo fraco e, na falta da família, a sociedade deve tomar o seu lugar: é a lei da caridade.

Resposta esclarecedora! Por isso, vamos informar alguns dados para que o leitor amigo tome nota da gravidade da situação que passam alguns de nossos idosos.

Segundo recente pesquisa realizada por especialistas da Universidade Católica de Brasília, em um universo de 18 milhões de idosos em nosso país, considere-se então pessoas com idade acima de 60 anos, um total de 2 milhões são vítimas de maus tratos. Violência psicológica, ameaças, violência física, negligência e, pasmem, até violência sexual estão entre os absurdos que vêm fazendo sofrer nossos idosos.

O mais triste é que alguns casos de violência são anotados dentro do próprio lar, ou seja, um local onde o idoso deveria se sentir protegido, amparado, amado, torna-se palco de atrocidades. E nota-se ainda traços de machismo, porquanto 60% das vítimas são mulheres.

Lamentavelmente crescemos com a idéia de que com o passar dos anos vamos perdendo nossa utilidade. É a cultura de privilegiar o corpo, a superfície, apenas a estética. Rugas são sinônimos de horror. Cabelos brancos são sinais de tristeza. Todas essas idéias desembocam no preconceito, na discriminação, na violência.

O próprio mercado de trabalho, por exemplo, confirma essa tese ao condenar pessoas com idade acima dos 35 anos ao desemprego, considerando que já estão “velhas” para determinada função. Um autêntico absurdo!

Vemos também essa idéia impregnada na forma de pensar das pessoas, quando em tom de brincadeira dizem: “Ah, vou trocar minha esposa de 40 por duas de 20!”

De modo que as gerações se sucedem e começam a ver nos idosos não fonte de experiência, mas sim, um peso, um incômodo. Tanto é verdade que muitos se recusam a falar sobre sua idade biológica, trazendo consigo uma visão distorcida da realidade, acreditando que o avançar da idade é sinônimo de enfermidades, dificuldades, limitações... Ora, qual o problema do avançar da idade? Por que esconder os anos que nos trouxeram experiência, maturidade?

Em realidade, com o progresso da ciência, hoje a Qualidade de vida aumentou muito, nos mostrando que os problemas de saúde estão muito mais relacionados com a falta de cuidado com o corpo do que com o avançar das primaveras.

E como dizem os sábios da espiritualidade, vencer o preconceito é uma questão de educação, não a educação vinda dos livros, - que também é importante, mas não suficiente - , mas a educação moral, que ensina o indivíduo moralizar suas atitudes e acionar os condutos do coração, respeitando as fases da vida, encarando-as como um incessante processo da natureza, que no seu infindável vai e vem vai nos lapidando e nos ensinando a despir de preconceitos, onde compreendemos que o chegar da idade faz parte da caminhada evolutiva de todos nós, desmistificando a cultura de que pessoas que ultrapassam os 60, 70, 80 anos são um incômodo, um peso que a sociedade deve carregar.

O melhor é exercitarmos a gratidão; gratidão pelos pais que tanto fizeram por nós, gratidão pelos professores, amigos e tantos outros que cruzaram nossa existência banhando-nos com a riqueza de suas experiências.

Quando aprendermos o sentido da gratidão, não haverão agressões, preconceitos e negligências contra os idosos que a muito custo construíram a história de nossa pátria.

Uma questão a se pensar!


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