Richard Simonetti
1 – Após o falecimento de Chico Xavier, inúmeros médiuns vêm recebendo mensagens
atribuídas a mentores espirituais que o assistiam, como Emmanuel e André Luiz. Como encarar
esse fenômeno?
Com estranheza. Não estão impedidos esses Espíritos de se manifestarem, porquanto não
constituem propriedade de Chico Xavier. Não obstante, até para evitar dúvidas conturbadoras
e críticas depreciativas, acredito que adotariam outro nome, considerando, como aprendemos
com Kardec, que o importante é o conteúdo da mensagem.
2 – Obedecendo esse critério, como situar mensagens atribuídas ao Espírito Emmanuel,
como tem ocorrido com alguns médiuns?
Especificamente em se tratando de Emmanuel, duvidarei da autenticidade, ainda que de teor
aceitável, porquanto, segundo informações do próprio Chico, ele reencarnou em 2000, no
interior do Estado de São Paulo. E é altamente improvável que, em processo reencarnatório,
estivesse disposto a marcar presença mediúnica com novas mensagens.
3 – Como ficamos, se o médium é respeitável e leva a sério o seu trabalho?
Isso não o exime de erro quanto à identidade do Espírito, refletindo até mesmo o desejo
inconsciente de receber mensagens de determinada personalidade. Aí entraria o processo
anímico, não quanto à mensagem, que até pode ser boa, mas quanto à autoria.
4 – Não pode ocorrer que o próprio Espírito dê o nome de alguém ilustre para ser melhor
aceito?
Sem dúvida. Em O Livro dos Médiuns há uma manifestação de razoável conteúdo, atribuída a
Bossuet (1627-1704), teólogo francês. Consultado, o Espírito São Luís, um dos mentores de
Kardec, explicou que era uma manifestação apócrifa. Posteriormente o próprio Espírito que a
produziu, confessou: Eu desejava escrever alguma coisa, a fim de me fazer lembrado dos
homens. Vendo que sou fraco, entendi de apadrinhar o meu escrito com o prestígio de um
grande nome. Quando lhe perguntaram se não imaginava fosse a fraude descoberta, respondeu:
Quem sabe lá ao certo? Poderíeis enganar-vos. Outros menos perspicazes a teriam aceitado.
5 – Você diria que está faltando perspicácia para identificar mensagens apócrifas?
Quem o diz é Kardec, ao comentar essa manifestação: De fato, a facilidade com que algumas
pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível, sob o pálio de um grande nome, é que
anima os Espíritos embusteiros. A lhes frustrar os embustes é que todos devem consagrar a
máxima atenção; mas, a tanto ninguém pode chegar, senão com a ajuda da experiência
adquirida por meio de um estudo sério. Daí o repetirmos incessantemente: Estudai, antes de
praticardes, porquanto é esse o único meio de não adquirirdes experiência à vossa própria
custa.
6 – E quanto às mensagens atribuídas a Chico Xavier?
Chico, obviamente, não está impedido de manifestar-se. Se isso ocorresse suas virtudes
seriam um castigo, não uma vantagem, ele que recebeu milhares de comunicações, que
psicografou centenas de livros.
7 – Fala-se numa senha que Chico teria deixado para autenticar suas mensagens...
Acho complicado uma senha, porquanto poderia ser desconhecida dos médiuns, mas não dos
Espíritos. Um mistificador inteligente poderia facilmente capturá-la na mente de seus
depositários. Melhor atentar ao conteúdo.
8 – Considerando, sob esse ponto de vista, que sejam aceitáveis as mensagens que um
médium receba de Chico, deveriam ser divulgadas?
Aqui está o “x” da questão. Geralmente são dirigidas a um círculo íntimo de pessoas que
conviveram com ele. Dar-lhes divulgação é temerário, até porque estarão sujeitas às
limitações do médium e distanciadas do potencial do Espírito. Há um provérbio chinês: Cala
-te ou fale algo que valha mais do que o teu silêncio. De Chico publiquemos o que for mais
importante do que ele psicografou ao longo de seu apostolado mediúnico, como um acréscimo,
não como um decréscimo na forma e no conteúdo.
PINGA FOGO. PUBLICADO NA RIE- REVISTA INTERNACIONAL DE ESPIRITISMO- JUNHO 2010
1 – Após o falecimento de Chico Xavier, inúmeros médiuns vêm recebendo mensagens
atribuídas a mentores espirituais que o assistiam, como Emmanuel e André Luiz. Como encarar
esse fenômeno?
Com estranheza. Não estão impedidos esses Espíritos de se manifestarem, porquanto não
constituem propriedade de Chico Xavier. Não obstante, até para evitar dúvidas conturbadoras
e críticas depreciativas, acredito que adotariam outro nome, considerando, como aprendemos
com Kardec, que o importante é o conteúdo da mensagem.
2 – Obedecendo esse critério, como situar mensagens atribuídas ao Espírito Emmanuel,
como tem ocorrido com alguns médiuns?
Especificamente em se tratando de Emmanuel, duvidarei da autenticidade, ainda que de teor
aceitável, porquanto, segundo informações do próprio Chico, ele reencarnou em 2000, no
interior do Estado de São Paulo. E é altamente improvável que, em processo reencarnatório,
estivesse disposto a marcar presença mediúnica com novas mensagens.
3 – Como ficamos, se o médium é respeitável e leva a sério o seu trabalho?
Isso não o exime de erro quanto à identidade do Espírito, refletindo até mesmo o desejo
inconsciente de receber mensagens de determinada personalidade. Aí entraria o processo
anímico, não quanto à mensagem, que até pode ser boa, mas quanto à autoria.
4 – Não pode ocorrer que o próprio Espírito dê o nome de alguém ilustre para ser melhor
aceito?
Sem dúvida. Em O Livro dos Médiuns há uma manifestação de razoável conteúdo, atribuída a
Bossuet (1627-1704), teólogo francês. Consultado, o Espírito São Luís, um dos mentores de
Kardec, explicou que era uma manifestação apócrifa. Posteriormente o próprio Espírito que a
produziu, confessou: Eu desejava escrever alguma coisa, a fim de me fazer lembrado dos
homens. Vendo que sou fraco, entendi de apadrinhar o meu escrito com o prestígio de um
grande nome. Quando lhe perguntaram se não imaginava fosse a fraude descoberta, respondeu:
Quem sabe lá ao certo? Poderíeis enganar-vos. Outros menos perspicazes a teriam aceitado.
5 – Você diria que está faltando perspicácia para identificar mensagens apócrifas?
Quem o diz é Kardec, ao comentar essa manifestação: De fato, a facilidade com que algumas
pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível, sob o pálio de um grande nome, é que
anima os Espíritos embusteiros. A lhes frustrar os embustes é que todos devem consagrar a
máxima atenção; mas, a tanto ninguém pode chegar, senão com a ajuda da experiência
adquirida por meio de um estudo sério. Daí o repetirmos incessantemente: Estudai, antes de
praticardes, porquanto é esse o único meio de não adquirirdes experiência à vossa própria
custa.
6 – E quanto às mensagens atribuídas a Chico Xavier?
Chico, obviamente, não está impedido de manifestar-se. Se isso ocorresse suas virtudes
seriam um castigo, não uma vantagem, ele que recebeu milhares de comunicações, que
psicografou centenas de livros.
7 – Fala-se numa senha que Chico teria deixado para autenticar suas mensagens...
Acho complicado uma senha, porquanto poderia ser desconhecida dos médiuns, mas não dos
Espíritos. Um mistificador inteligente poderia facilmente capturá-la na mente de seus
depositários. Melhor atentar ao conteúdo.
8 – Considerando, sob esse ponto de vista, que sejam aceitáveis as mensagens que um
médium receba de Chico, deveriam ser divulgadas?
Aqui está o “x” da questão. Geralmente são dirigidas a um círculo íntimo de pessoas que
conviveram com ele. Dar-lhes divulgação é temerário, até porque estarão sujeitas às
limitações do médium e distanciadas do potencial do Espírito. Há um provérbio chinês: Cala
-te ou fale algo que valha mais do que o teu silêncio. De Chico publiquemos o que for mais
importante do que ele psicografou ao longo de seu apostolado mediúnico, como um acréscimo,
não como um decréscimo na forma e no conteúdo.
PINGA FOGO. PUBLICADO NA RIE- REVISTA INTERNACIONAL DE ESPIRITISMO- JUNHO 2010
0 comentários:
Postar um comentário