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domingo, 12 de setembro de 2010

Focalizando o Trabalhador Espírita Eugenia Maria Pinheiro Ramires


Eugenia Maria



Entrevista para Ismael Gobbo ao

Notícias do Movimento Espírita



A entrevistada Eugenia Maria Pinheiro Ramires nasceu em Fortaleza, no Ceará, e reside presentemente na cidade paulista de Jales, SP. É oradora e escritora muito conhecida. É formada em comunicação com especialização em jornalismo, letras e também em inglês. Eugênia tem quatro livros escritos e desenvolve o Projeto Floreser, voltado para as crianças superdotadas, já com reconhecimento internacional.





Eugenia, por favor, faça-nos sua apresentação.

Gosto de dizer que sou, acima de tudo, professora. Mas sou também jornalista e como tal, sou muito curiosa, gosto de estudar, questionar, procurar entender, antes de falar ou escrever sobre qualquer assunto. Também sou escritora, com quatro livros publicados. Nasci em Fortaleza filha de Francisco Pinheiro e de dona Maria José Pinheiro. Tenho três irmãs Valéria, Maria de Jesus e Georgea. Como me casei com o Luiz Ramires, que é paulista, vim para São Paulo. Tenho três filhas: Carolina, Lívia e Laila.



Como se tornou espírita e desde quando?

Minha família é muito católica e tradicional. Um dos meus antepassados fundou Riacho do Sangue, no Ceará e deu o nome de Eugenia Maria para sua primeira filha. Por ai dá pra perceber o lado tradicionalista e conservador da minha família. Aos seis anos, fui a um centro espírita pela primeira vez e lá, junto aos adultos, perguntei o que era espírito e o que era a reencarnação que eles tanto falavam. Quando me explicaram, foi como se tudo, de repente, fizesse sentido. Decidi, naquele momento, que aquela era a filosofia que eu abraçaria pelo resto da vida. Aos 12 anos, levei meus pais, a muito custo, para verem Divaldo Franco, no Theatro José de Alencar. Mas só fui para o centro espírita depois dos 18 anos, pois morava distante e não conhecia nenhum espírita. Mas, tinha em casa as obras básicas que minha mãe comprou pra mim.



Conta nos como foi a sua infância.

Os meus primeiros sete anos foram bem animados. Tive pólio com um ano e voltei a andar com três. Não ficou sequela física. Aos quatro, fui para uma escola de freiras. Fugi no segundo dia. Disse para a minha mãe e minha avó que não ia ficar lá porque elas não sabiam ensinar. Em casa, comecei ler sozinha. Era apaixonada pela leitura. Aos seis, tive que entrar na escola, mas fui esquecida no fundo da sala pela professora que me ignorava. Aos sete, a professora me separou da turma, sentava comigo e ia me passando os conteúdos. Em seis meses já tínhamos visto as matérias do 1º e 2º ano e estávamos na metade do 3º, quando a diretora descobriu, entrou na sala gritando, foi até minha carteira e rasgou todo o material. Fiquei no fundo da sala, achando tudo um tédio. Detestava a escola, mas adorava aprender. Mais conflitos ainda viriam nesse ano. Depois de ver o filme A canção de Bernadete, pedi para minha mãe comprar livros com as biografias dela, de Francisco de Assis e de Clara. Essa manifestação foi suficiente para me colocarem no catecismo. Passei por três salas e fui rotulada de rebelde e polêmica. Eu questionava e eles não tinham resposta. Comuniquei para os meus pais que ia fazer a primeira comunhão, mas não ia mais à igreja. Ia ser espírita. Para acalmar os ânimos da família, minha avó encontrou logo uma saída. Como ela admirava o Dr. Bezerra e todos na família conheciam sua história, argumentou que ele era espírita e eles me respeitaram e me deixaram em paz.



Qual a sua formação acadêmica e profissional?

Sou formada em comunicação, com especialização em jornalismo, letras e também em inglês.



A que Casa Espírita está vinculada?

Em Jales, onde estou residindo atualmente, tenho um grupo de estudos espíritas onde nos preocupamos mais em estudar e trocar informações, procurando resgatar um pouco a vivência espírita em comunidade, de uma forma com que todos possam compartilhar conhecimentos para crescer e ao mesmo tempo ter uma convivência mais próxima e solidária.



Quais as atividades que vocês desenvolvem?

Nós formamos um pequeno grupo de estudos onde, apesar de coordenar os trabalhos, procuro incentivar a participação de todos no processo de crescimento espiritual através do conhecimento e da mudança dos nossos hábitos, sempre em busca de posturas éticas e morais com base na literatura espírita de qualidade e principalmente nas obras de Kardec. Assim, o nosso compromisso com a evolução passa a ser em grupo e praticado com amor ao próximo e muita solidariedade, inclusive junto aos que nos procuram através do FloreSer.



Fale um pouco mais do FloreSer.

Como jornalista, fui me especializando em algumas áreas e atualmente meu foco principal está ligado à educação e ao FloreSer. O FloreSer é um projeto que tem me oferecido muitas oportunidades para aumentar meus conhecimentos e transmitir informações para pais e professores que se preocupam em trabalhar com essa meninada que Kardec chamou de nova geração. O projeto surgiu da minha necessidade de ter que conviver com a minha filha mais nova que hoje tem 15 anos, inicialmente diagnosticada como autista, depois como asperger e finalmente como superdotada. Fiz muitas pesquisas nessa área, quando a internet ainda engatinhava e haviam poucos textos sobre o assunto no país. Como sou professora de inglês, não tive dificuldade em me vincular a grupos de estudos no exterior e assim montar um enorme banco de dados. Assim, o que seria apenas para educar e cuidar da Laila acabou se transformando no FloreSer. O FloreSer mantém um blog e um press clipping, único no mundo em português, inglês e espanhol, distribuído no Brasil e exterior em várias redes sociais.



E esse trabalho continua crescendo?

Hoje nosso trabalho é reconhecido pelas maiores autoridades do mundo nessa área, como o professor Russel Barkley, da Universidade de Nova Iorque, que cita o projeto em um de seus livros, como referência no Brasil para quem procura lidar com crianças hiperativas físicas ou mentais. Muito disso procuro levar para as casas espíritas, focando nos vários textos de Kardec sobre essa geração que viria para nos ajudar a promover as mudanças que já estão começando a transformar o nosso planeta de um mundo de provas e expiações em um mundo de regeneração.



Você tem tido participação no Movimento de Unificação?

Tenho, sim, participado do movimento. Acredito que só a união pode promover mudanças, pois sozinhos não somos nada. O relacionamento entre as casas espíritas é fundamental para o crescimento em todos os sentidos. Mas ao mesmo tempo me preocupo com a forma com que procuramos promover essa unificação. Entendo a unificação como união em torno dos mesmos princípios e ideais, sem personalismos, sem grupos e sem disputa de poder. Só assim formaremos a grande família espírita preconizada por Kardec.



Como você tem atuado como palestrante e quais os temas que aborda?

Nas minhas palestras e seminários não tenho um tema definido. Gosto muito de falar de educação, dessa nova geração. Isso me fascina, pois sei da responsabilidade dos espíritas sobre essa questão. Tenho sido muito solicitada para falar sobre esse assunto, mas como pesquiso muito, em várias áreas, também estou sempre envolvida com outros temas que procuro levar para os centros espíritas. Esses temas tanto podem ser o resgate de passagens do Evangelho como podem ser assuntos do dia-a-dia ou de temas que estão preocupando o país ou o mundo, procurando sempre a interpretação espírita ou uma explicação com base espírita. Gosto muito de associar essas questões ao comportamento, pois não vejo forma diferente de falarmos sobre violência, promiscuidade e outros desvios de conduta sem fazer o link com as nossas ações mais simples, do dia-a-dia, que muitas vezes nem percebemos que são formas de comprometimentos negativos das quais precisamos nos livrar para crescer. A essência do espiritismo é essa. Não tem como fugir, procurar justificativas para tapar o sol com a peneira. Temos que assumir cada gesto, cada postura, se quisermos evoluir. Posso falar de desencarnação, de educação, de violência, de evolução, mas tudo tem que fazer a conexão com o comportamento, pois precisamos ter visão suficiente das conseqüências de cada ação, por mais insignificante e ingênua que possa parecer. Não podemos mais ficar inventando desculpas só para nos dar bem. Pelo que conhece, o espírita tem muito mais compromisso com essa postura, pois sabe muito bem o que está fazendo ou o que está falando.



De que tratam os seus livros?

O primeiro, Acordes do Coração, é um livro autobiográfico, onde retrato passagens da minha vida associadas à espiritualidade. O segundo, Diário da Meditação, são narrativas vividas durante um período da minha vida em que companheiros da espiritualidade me levavam para minha comunidade me descortinando flashes de vidas passadas. Com orientação deles, escrevi o livro como testemunho de que não vivemos só uma vez. O terceiro e o quarto livro, Crianças Esquecidas e Pedagogia das Diferenças tratam da educação, das dificuldades de aprendizagem e de como lidar com essa nova geração.



Como você tem enxergado o trabalho de evangelização infantil nos centros espíritas?

Não tenho dúvida de que é o trabalho mais importante dentro do centro espírita. É onde tudo começa. Quando vemos as dificuldades dos pais em educar seus filhos, dos professores em relação aos alunos, vemos também o grande desafio que é encaminhar as crianças para a responsabilidade da vida, com uma formação espírita que orienta para o comportamento adequado, nas mais diferentes situações que a criança irá enfrentar na sua atual reencarnação. Acredito que não existe prazer maior para o evangelizador do que ver os resultados práticos desse seu esforço que exige muito preparo e dedicação.



Numa escala de importâncias dos trabalhos desenvolvidos na Casa Espírita onde situaria os que tratam da evangelização e da mocidade espírita?

Se coloco a evangelização infantil como prioridade número um, também não tenho dúvida em colocar a mocidade como a segunda prioridade, mesmo porque esta é a sequência da primeira. É claro que todo trabalho da casa espírita realizado com o objetivo de promover o nosso irmão é importante, mas essa promoção precisa ter uma base e essa base é a evangelização. A evangelização com foco em Kardec e no comportamento faz toda a diferença.

As palestras e seminários também são muito importantes e devem ser tratadas com muito carinho e critério pelas casas espíritas. Isso também é evangelização.



Como tem analisado a relação pais e filhos?

A relação pais e filhos deve ser sempre de amor e companheirismo, não só na aparência, mas nos gestos e nos propósitos. Ou seja, deve ser sincera para ser recíproca. Deve ser de duas mãos, de dar e receber em troca daquilo que damos. Às vezes essa relação é difícil pelas características da personalidade de cada um dentro de casa, mas não podemos desistir, pois, por mais complicado que possa parecer é sempre melhor mantermos o respeito através da educação e da explicação para cada gesto ou comportamento. E aí, o diálogo passa a ser fundamental.



Os limites são necessários no processo educativo das crianças e dos adolescentes?

Os limites fazem parte da boa educação, mas não podemos entender os limites como castigos ou punições, pois isso só alimenta a revolta e, mais tarde, a violência de muitos que passam por essa situação na infância. Temos que por limites ensinando o que é certo ou errado, o que é bom ou ruim para nós ou para os outros. Quem sofre castigo, mais tarde pode achar que pode castigar e assim vamos perpetuando esse estado de violência que impera dentro das próprias famílias.



Você acha que a legislação tem proporcionado mais segurança para as crianças e adolescentes?

A legislação é a forma de forçar os adultos a respeitarem as crianças e adolescentes. É uma garantia. Ela vai evoluindo, ganhando espaço na medida em que as autoridades vão entendendo essa necessidade, embora no nosso país ainda estejamos seguindo os passos dos outros países, da ONU, da Unesco, do Unicef. O ideal seria avançarmos mais ainda no sentido da educação e formação do caráter das crianças e dos adolescentes para depois não precisarmos punir os adultos. E o espírita pode contribuir muito mais do que imagina para promover esse avanço.



Algo mais que queira acrescentar?

Só para completar, gostaria de lembrar que o espiritismo, com todo o conhecimento que ele nos fornece, é o caminho para formação do caráter das pessoas. Não adianta só conhecer, só se informar. É fundamental praticar. Se não praticamos o que aprendemos, vamos ser cobrados em dobro, mesmo porque não somos mais ignorantes. O espiritismo é a base de tudo e a sua prática é a nossa maior alegria e responsabilidade. Afinal, já bem dizia Kardec: "conhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, pelo grande esforço que faz para combater suas más inclinações".

Quem quiser mais informações sobre o nosso trabalho pode acessar os nossos endereços na internet:

http://projetofloreser.blogspot.com/

eugenia.maria@gmail.com















LEGENDA FOTOS

Pequena comemoração de aniversário de um ano de Eugenia Maria. Já estava com poliomielite. Com os pais Francisco e Mazé, a avó Anita homeopata que dela cuidou e o avô Manuel


A mãe, “Mazé”, que a estimulou a ser espírita

Eugenia Maria com o marido Luiz em Fortaleza


As filhas Carolina e Livia

Laila aos 6 meses. Olhos grandes e observadores


Laila aos 3 anos sutilmente disputando um lugar na sua grande paixão o PC

Laila aos quinze anos


Uma das primeiras palestras no CEFAM para a nova geração que começou a chegar nos anos 70.

Um dos Grupos de Estudos do FloreSer, em Jales


Eugenia Maria com o músico Sibelius Donato

no C.E. Francisco de Assis, em São José do Rio Preto, SP

Sendo entrevistada na Rádio Universitária em Fortaleza


Eugenia Maria na CONEAN 2010 em Penápolis, SP

OBS: AS FOTOS Desta entrevista só PODERÃO SER UTILIZADAS EM OUTRAS PUBLICAÇÕES MEDIANTE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO entrevistadO.


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