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segunda-feira, 26 de março de 2012

Focalizando o Trabalhador Espírita (134) Izabel Regina Rodrigues Vitusso

Izabel Vitusso

Izabel, poderia nos fazer sua autoapresentação?

Eu nasci em São Bernardo, no ABC paulista. Meus pais vieram do interior de São Paulo, Catanduva, assim que se casaram. Aqui tiveram e educaram os cinco filhos, dedicando-se intensamente ao movimento espírita. Eu me casei bem nova, com 21 anos, e fui morar em Minas: primeiramente em Belo Horizonte (por três anos) e depois Uberlândia (14 anos). Sempre digo que foi um período muito gostoso de minha vida, junto aos meus três filhos e marido. O movimento espírita lá é muito peculiar, com pessoas intensamente dedicadas... Foi um tempo de muitos amigos... Mesmo hoje, morando em São Paulo, quando volto para lá, tudo vira festa.

Qual a sua formação acadêmica e atividade profissional?

Tenho formação em comunicação social, em jornalismo, área em que sempre trabalhei. Em Uberlândia, fui docente na Faculdade de Jornalismo, no Centro Universitário do Triângulo, e trabalhei com comunicação corporativa, em grande empresa no ramo atacadista distribuidor. Lá também publiquei meus dois livros, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e da Aliança Municipal Espírita. Atos de Amor (Minas Editora) e Terra Fértil, Semente Lançada – a História do Espiritismo em Uberlândia (AME).

Em São Paulo, estamos há onze anos. Aqui fui trabalhar em editora de livros e revistas científicas, até assumir a responsabilidade pela Editora Espírita Correio Fraterno.

De que maneira conheceu o Espiritismo e desde quando o frequenta?

Meu pai já nasceu em família espírita e desde novo foi bastante atuante, desde a época da Mocidade Espírita, em Catanduva, SP, no C.E Amor e Caridade. Ao vir para São Bernardo, passou a frequentar o único centro espírita que existia, o Centro Espírita Emmanuel, e em pouco tempo já estava engajado no projeto de fundação do Lar da Criança Emmanuel (fundado em 1960), ao qual a editora Correio Fraterno é vinculada, tendo sido fundada também pelo grupo em 1967. O compromisso de meu pai com a casa e a causa espírita permanece até hoje. Fora o Lar, do qual sempre esteve presente, fazendo parte inclusive da diretoria, também no Correio Fraterno ele esteve à frente na maior parte dos 44 anos de sua fundação. Mesmo morando hoje em Campinas, próximo a São Paulo, temos nele nosso conselheiro incondicional, nosso apoio experiente.

Poderia nos fazer uma súmula de sua participação no movimento espírita nesse período?

Desde pequenos, nós em casa acompanhávamos nossos pais nas atividades do Lar da Criança Emmanuel e outras que aconteciam no ABC, pois era um grupo de trabalhadores muito unidos. Vale a pena conhecer a história da instituição (www.laremmanuel.org.br) e seus desafios. Dentre eles, estão os recursos para ela se manter. Mensalmente os fundadores e voluntários do Lar faziam o churrasco beneficente para mais de 400 pessoas. Todos trabalhavam muito. E nós, as crianças, filhos dos diretores e colaboradores, ajudávamos no que podíamos. Com cerca de oito anos eu já tinha muito bem a noção do que significava aquele trabalho, no fundo também desfrutava do bem-estar por doar minha cota de solidariedade às crianças órfãs que lá moravam.

Ainda em São Bernardo, em casa, fomos uns dos primeiros integrantes a formar a evangelização do Grupo Fraternidade João Ramalho, assim que a sede foi fundada pelo casal Ruth e Orlando de Souza Brito. Já na Mocidade, vez por outra, éramos convidados a participar da reunião de efeitos físicos, realizada no centro. São lembranças inesquecíveis: com a comunicação de voz-direta, materializações, a presença ‘divertida’ dos espíritos José Grosso, Palminha – presença marcante no Movimento da Fraternidade –, com quem aprendemos, ainda na juventude, a naturalidade do fenômeno ‘morte’. E que trabalho sério também combinava com alegria e bom humor. Ficávamos dias comentando a respeito. Tudo o que assistimos com certeza serviu para sedimentar a nossa base na doutrina, não só nossa, mas de muitas pessoas que hoje estão à frente de outros trabalhos.

Morando já em Belo Horizonte, e com a mediunidade intensamente eclodida, passei a frequentar a reunião mediúnica e o trabalho da evangelização do Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla. Como cantavam aquelas crianças!!!

Em Uberlândia, trabalhei com a querida equipe do C.E Joana d’Arc, sempre na reunião mediúnica e na equipe de evangelização. Quando cheguei em São Paulo, o projeto do CCDPE – Centro de Cultura Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro começava a ganhar força. Engajei-me nele, fazendo parte até pouco tempo da diretoria. Hoje participo apenas dos Encontros anuais da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, o ENLIHPE. Também participo no Centro Espírita União, no Jabaquara, em grupo de reunião mediúnica e na editora Correio Fraterno e do Lar da Criança Emmanuel, esses em São Bernardo.

Fale-nos da sua atual participação no Correio Fraterno.

O jornal Correio Fraterno sempre foi muito presente em casa. Era lá que no começo eram feitas as expedições. Também nos mobilizávamos. Já contei que minha mãe fazia cola de farinha e nós, crianças, ajudávamos a colar os endereços em cada exemplar. Também ajudava em pequenas tarefas no jornal, quando ainda era estudante de jornalismo. Quando retornei de Minas para São Paulo, a pessoa que geria o jornal, seu Cirso Santiago, não estava mais à frente, o que fez com que, em 2004, eu o assumisse, para logo em seguida dar também continuidade às edições dos livros, sempre com o apoio de meu pai. E a cada ano surgem novos desafios. Mas o retorno que sempre recebemos sobre a qualidade do nosso trabalho, no jornal, nos livros e no nosso site, (www.correiofraterno.com.br), diariamente atualizado, nos enche sempre de alegria e nos faz acreditar que o caminho é esse.

Quais os momentos e as pessoas que mais lhe marcaram nesse trabalho?

São diversos os momentos marcantes. A publicação dos meus dos livros, em Minas, foi uma experiência muito gratificante, que me ajudou a entender a dedicação de muitos pioneiros no movimento espírita, e a conhecer uma porção de histórias instigantes que acabaram levando-os a procurar o espiritismo e a preparar o alicerce do movimento espírita na região. Atos de Amor traz as histórias de vida do casal D. Maria e seu Miguel Domingos de Oliveira (coautor da obra). Além de seu Miguel narrar como ninguém as histórias que se passaram com eles, elas eram muito ricas. Várias delas contam como os sessenta filhos adotivos chegaram até o casal. Além disso, quando criança, ele conheceu Eurípedes Barsanulfo, por quem tinha profunda admiração. Seu Miguel viajava com seu pai na carroça, de Araxá a Sacramento-MG, levando queijos para serem vendidos no comércio do seu Mogico – pai de Eurípedes . Adorava falar sobre tudo isso. Ouvindo-o, viajei com ele e senti saudades de um tempo que não vivi.

Já o livro Terra Fértil Semente plantada, a história do espiritismo em Uberlândia surgiu por sugestão em uma mensagem ditada por Corina Novelino, que dizia da necessidade de se pôr no papel a história dos pioneiros do espiritismo da região, o que ainda não havia sido feito. Foi uma experiência maravilhosa, muitos contatos, boas amizades. Aprendi muito.

Agora, o projeto mais marcante é o Correio Fraterno, claro, porque implica a superação dos desafios do presente. Na editora, somos um grupo muito afetivo, cheio de ideias, e superafinado com o ideal da divulgação. A equipe não é muito grande, mas conta com talentos polivalentes: Eliana Haddad, jornalista, Cristian Fernandes, o editor dos livros, sem contar os talentos administrativos e comerciais.

Nosso trabalho tem uma sinergia muito gostosa com o Lar. Trabalho de parceria mesmo. É tudo muito gratificante. Os desafios são grandes, mas só temos a agradecer!

Como tem enxergado a trajetória da Doutrina Espírita e do Movimento Espírita no Brasil?

O movimento espírita já passou por diversos períodos, desde a sua legitimização, com diversos pioneiros sendo chamados para defender o direito de acreditarem numa nova crença que não fosse a dominante. Só para lembrar, na década de quarenta, se consolida o trabalho de assistência social, com a fundação de importantes instituições pelo Brasil. Nesse período também as obras espíritas se multiplicam, principalmente porque se inicia a bela parceria espiritualidade/ Chico Xavier, que vão contar com o empenho dos trabalhadores espíritas para sua divulgação. Ao se difundir a doutrina, a mensagem imperativa era a de que na base do espiritismo estavam as obras da codificação, que era preciso realmente estudá-las e que tudo o que, pela lógica, dela fugisse, não seria espiritismo.

Vivemos agora o período de interiorização e reflexão, sobre tudo o que temos apreendido com a doutrina, trabalho interior, sem o qual não terá sentido todo esse nosso esforço. Espiritismo é meio e muitos de nós acabamos, pelo apego, por nossas dificuldades que ainda são tantas, fazendo dele um mero fim. Vivemos tempos de intensas mudanças, e as maiores delas no campo bem pessoal.

A literatura espírita está num bom caminho?

O mercado editorial espírita é um assunto bastante debatido hoje. A liberdade assegurada pela descentralização do poder representativo do espiritismo entrega a cada um o direito de seu livre exercício de entendimento. Em decorrência desta liberdade a nós assegurada vivemos hoje o grande desafio em relação às inúmeras publicações que imputam ideias à doutrina espírita que ela não tem. Sem contar a grande quantidade de obras que se intitulam espíritas e que na verdade não o são.

Esse assunto no movimento espírita é bastante delicado, pois que acabam existindo sentimentos não falados no que diz respeito a inúmeras publicações. E nem sei se houvesse um espaço para esse diálogo, se este seria amistoso como aprendemos com a doutrina.

Será que está faltando Kardec?

Se a codificação é a fonte primeira, é dela que temos que partir para nossas análises, mas isso não significa que não devemos nos aprofundar em nossas reflexões, ampliar o nosso entendimento, cotejar ideias, enxergar que a ciência espírita não é algo isolado, mas integrado a todas as áreas do conhecimento humano. Muitos espíritas, sem perceber, acabam se fechando. Por exemplo, só vão ao cinema para assistirem a filmes espíritas, não leem outras publicações que não sejam as da doutrina, perdendo a oportunidade de contextualizarem o conteúdo espírita das obras da codificação com as outras áreas do conhecimento, não correspondendo à proposta de liberdade, tão valorizada no espiritismo. Quem já leu o livro Viagem Espírita em 1862 teve a possibilidade de ver Allan Kardec como um homem liberto, dinâmico, estimulando na sociedade da época a integração de seus saberes. Fé raciocinada é isso!

Pela sua experiência jornalística, como antevê os dias futuros em termos de divulgação?

A meu ver, as mudanças são sempre bem-vindas, fruto do aprimoramento do conhecimento humano. Agora, a nós, cabe avaliar e nos posicionarmos para nos adequar e acompanhar, naquilo que condiz com os nossos objetivos.

Mudar é um exercício para o nosso autoaprimoramento. Nem sempre fácil. A comunicação social espírita é um tema bastante instigante e suscita uma série de debates. Como, por exemplo, a adequação e nosso discurso para os diversos públicos que se interessam pelo espiritismo, e que não se restringe mais à casa espírita. A utilização dos recursos da mídia cinematográfica para a difusão de fundamentos espíritas para público não espírita tem sido um belo exemplo. Porque hoje o mais desafiador não é o acesso à comunicação, facilitada pelos e-mails, redes sociais, sites, blog, aulas virtuais. Pelo contrário, em tempos de comunicação fácil, dobra a nossa responsabilidade sobre o que estamos falando e de que forma o fazemos; com coerência, com ausência de contradições, com encadeamento das ideias, dado que qualquer conteúdo gerado e publicado hoje pode ser acessado por milhões de pessoas em poucos segundos. É inegável o aumento do interesse pela doutrina, como inegável é também o grande interesse que ela desperta por seus aspectos fenomênicos. Espiritismo é muito mais. Tem toda sua filosofia a ser difundida. Poucos compreendem as causas e se prendem ainda aos efeitos. É papel nosso, dos comunicadores, ajudar nesta grande tarefa.

Algo mais que queira acrescentar?

Herminio Miranda cita uma frase em seu último livro O que é Fenômeno Anímico: “Escrevo para saber o que estou pensando”. Agradeço então por essa boa oportunidade de fazer uma retrospecção, lembrar de passagens tão gostosas, e ver que ainda há tanto por se fazer! Espero que essa ‘conversa’ sirva para motivar também os leitores.


00- opção de fotos Izabel com marido Nelson e filhos (1)

Izabel Vitusso, o marido Nelson e os três filhos Tássila, Lorena e Vinícius.

12- equipe Correio Fraterno

Equipe do Correio Fraterno em confraternização no final do ano. (A partir da esquerda Cristian Fernandes, à frente Tânia Teles, Geni Francisco (as duas do Lar Emmanuel), jornalistas Eliana Haddad, Izabel Vitusso, ao lado, Raquel Motta, Magali Marcos (Administrativo) Giovanna Verrone (site), à frente e ao meio a escritora Tatiana Benites, com os filhos do Cristian Pedro e Raiane.


02- Izabel e seus pais Raymundo Espelho e Maria Elena

Izabel Vitusso com seus pais

Raymundo Espelho e Maria Elena Stuginski

00- opção de fotos Izabel com marido Nelson e filhos (5)

Izabel Vitusso e o marido Nelson

11- 1978- Izabel em Campanha do quilo com a Mocidade em S  Bernardo

A jovem Izabel Vitusso na “Campanha do Quilo” da

Mocidade Espírita em São Bernardo do Campo, SP, no

ano de 1978

08- Izabel e Seu Miguel em Uberlândia- despedida para São Paulo

Izabel Vitusso e Sr. Miguel Domingos de

Oliveira, em 2000, em Uberlândia, dois anos

antes de ele desencarnar

Fotos simpósio comunicação social 2011 são paulo (46)

Izabel Vitusso no 7º. Simpósio de Comunicação

Social Espírita. São Paulo, 2011.

Encontro Nacional da Liga dos Pesquisadores deo Espiritismo 2010 SP

Izabel Vitusso ao lado da escritora Tatiana Benites no

Encontro Nacional da Liga dos Pesquisadores de

Espiritismo, no ano de 2010, em São Paulo

03 - fotos antigas Construção do Lar Emmanuel (3)

Lançamento da pedra fundamental do Lar da Criança Emmanuel (30/03/1960), em

São Bernardo do Campo, SP

03- Os próprios fundadores do lar ajudam na contrução dentre eles Raymundo Espelho ( mais para esquerda)

Os próprios fundadores do Lar da Criança Emmanuel trabalhando na mão de obra pesada.

Na extrema esquerda, em primeiro plano, Sr. Raymundo Espelho, pai de Izabel Vitusso.

Ao lado, José Carlos Schiurco, o de chapéu escuro Antonio Carlos de Carvalho, o e chapéu

claro Aurelino Pereira Lima. Ao fundo mais à esquerda é o sr. Manoel Martim Romero,

eleito presidente da instituição ainda no final da década de 60.

03- evento  na década de 60 para arrecadar fundos para o Lar

Evento beneficente na década de 1960, destinado a angariar recursos em prol do

Lar da Criança Emmanuel, em São Bernardo do Campo, SP

03- foto antiga das crianças no Lar Emmanuel

Foto antiga com as crianças do Lar Emmanuel, a primeira instituição a acolher as

crianças órfãs,

03-Foto da fachada do lar da Criança Emmanuel

Foto recente da bela fachada do Lar da Criança Emmanuel, no bairro Assunção,

em São Bernardo do Campo, SP

Facsimile da 1ª. página, da 1ª. edição de “Correio Fraterno” datada de outubro de 1967


OBS: AS FOTOS DESTA ENTREVISTA SÓ PODERÃO SER UTILIZADAS EM OUTRAS PUBLICAÇÕES MEDIANTE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO ENTREVISTADO.


em São Bernardo do Campo, SP.


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