Ricardo Orestes Forni
ARTIGO PUBLICADO EM O CLARIM
MARÇO DE 2011
O Natal evoca o Rei Divino descendo à Terra para amar, como uma lição viva e inconfundível de   como se devem conduzir os amados que conseguem amá-Lo.” – Joanna de Ângelis.
 
  Acabou o Natal. Todo ano ele acaba. Nos restos de alimento excessivo que   ganham a lata do lixo, com as garrafas de bebida vazias, o Natal, todo ano,   acaba. Nas sobras de alimento que contêm o sofrimento de milhares de animais   que também temem a morte, da mesma forma como a grande parte dos homens, o   Natal termina. Desses mesmos animais a quem se refere Emmanuel, ensinando que   devemos receber como obrigação sagrada o dever de ampará-los na escala   progressiva de suas posições variadas no planeta. Recomenda-nos o Nobre   Mentor que devemos estender a eles a nossa concepção de solidariedade e o   nosso coração, para compreendermos mais profundamente os grandes segredos da   evolução, entendendo os maravilhosos e doces mistérios da vida (Emmanuel:   dissertação mediúnicas, FEB, 1938, pág. 93).
  Todo ano, também, com o Natal, a partir do dia 26 de dezembro, acaba o   sentimento de solidariedade para com o próximo. Não se vê mais campanha   nenhuma de arrecadação de alimentos, de brinquedos ou tudo o mais que traduza   o Natal, na concepção dos homens. A partir do dia seguinte aos 25 de   dezembro, a dor do outro não alcança mais sintonia com a nossa sensibilidade.   Quando as músicas natalinas se emudecem, quando o comércio deixa de abrir as   portas em horários especiais, quando os pratos de porcelana fina retornam   para o esconderijo do armário, quando os talheres de aço inoxidável ou   pratarias outras jazem esquecidos em estojos de luxo, o Natal acaba. É como   se já tivéssemos cumprido a nossa obrigação diária como bons escoteiros, pelo   restante do ano. Natal? Só no dia vinte e cinco do próximo dezembro. Que tal   os Espíritos a quem recorremos, constantemente, só nos ampararem em cada dia   vinte e cinco do dezembro, de cada ano, como se fossem um bom Papai Noel?   Findo esse dia, os Espíritos lavariam as mãos da necessidade de socorrer-nos.
  Evidentemente que falamos sobre o Natal dos homens. O Natal de Jesus é muito   diferente, como ensina Joanna de Ângelis. O Natal   de Jesus, do Rei Divino, é um convite aos que conseguem amá-Lo,   verdadeiramente, para que vivam as Suas lições. Se ainda não ficou claro,   recordemos um pequeno parágrafo de Joanna de Ângelis:   Refaze, mentalmente, o caminho da esperança cristã, rememora quantas lágrimas   estancaste, quantos companheiros soergueste da queda moral lastimável,   quantos corações vitalizaste com a fé clara e pura, quantas vezes   silenciaste se ultrajado, se perseguido, se instado ao revide, quanto   desculpaste reatando liames de afeto com o ofensor, quanto confiaste embora   aparentemente perdido, quanto pudeste perseverar nos propósitos sadios,   apesar das tentações de toda ordem!... Tens elegido a serenidade como   companheira nas horas difíceis, o amor como sustentáculo das tuas aspirações,   a caridade como normativa fraternal e a fé como lâmpada sempre acesa no curso   das tuas horas?! Esses, os que ensaiam amá-Lo,   experimentam gáudio pelo Seu nascimento, mas não convertem alegria em   estroinice nem a gratidão afetuosa em repasto exagerado, motivando   desequilíbrios e abusos de variada contextura. (Lampadário Espírita, FEB, 3ª   edição, páginas 139 e 140)
  Repitamos: os que ensaiam amá-Lo não convertem a alegria em estroinice nem a   gratidão afetuosa em repasto exagerado, motivando desequilíbrios e abusos de   variada contextura. Teriam as carnes exóticas dos   animais e as bebidas alcoólicas alguma coisa a ver com tais colocações? No   Natal de Jesus, não existe referência à troca de presentes, à roupa nova, ao   calçado da moda. No Natal de Jesus, só existe um aniversariante que é Ele. O   Papai Noel dos lares ricos ou remediados não existe. Jesus acompanha nossos   filhos para sempre, mas Papai Noel se desfaz, quando a realidade da   existência nos conduz às portas estreitas e difíceis de serem ultrapassadas.
  Como comemorar então, o Natal do Cristo? Novamente é Joanna quem ensina:   “Aquieta o turbilhão que te atordoa, e, enquanto se espraiam no ar as sutis   vibrações do Natal de Jesus, escuta a voz dos anjos e alça-te dos sítios   sombrios onde te demoras para as culminâncias do   amor clarificador de rotas em homenagem ao Governador   da Terra, quando da sua visita, no passado, para que, agora novamente Ele te   possa visitar, sendo o conviva invisível e presente na formosa festa de paz   em que se converterão tuas horas de agora em diante.
  O Natal é mensagem perene que desceu do Céu para a Terra e que agora, em ti,   se levanta da Terra na direção do Céu.”
  Enquanto o outro Natal, o dos homens, que retornará no dia 25 de dezembro de   2011 te espera, executa o Natal do dia-a-dia de Jesus para que possamos   transformar o outro, o do dia vinte e cinco de dezembro do ano em curso, em   um dia comum em nossas vidas, voltadas para a vivência do amor perene do   Natal de sempre, o Natal de Jesus...

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