Emiliana Delminda (Poetisa de Araraquara, SP), já desencarnada)
Cobria o solo espesso pedregulho
Ódio, mentira, iniquidade orgulho
Crime e devassidão
E nesse duro e aspérrimo terreno
Do meigo Nazareno
A semente espargiu
A esta que somente o solo amigo
Humildes corações lhe dera abrigo,
Em breve germinou, cresceu floriu
Deu frutos, caridade
Fé , esperança amor fraternidade
E vencendo paixão, inveja , egoísmo
Outro fruto gerou, o cristianismo.
Mas, porque a seara era verdade e luz
O semeador foi condenado à cruz.
O semeador partiu
Foi-se o Divino amor
A Bem Aventurança
A cortina mirífica lhe abriu.
Ao rebanho de ovelhas que o seguira
Na terrena jornada
Na alma desconsolada, resta uma esperança
A promessa que ouvira um dia ao bom pastor:
“Outro virá depois de mim, virá e vos consolará”.
Corria o tempo, calmo, ininterrupto
Da seara, envenenara o doce fruto,
Sacrílega ambição
É que outros tantos Judas Iscariotes
Os príncipes da igreja, os sacerdotes
Lançaram pelo mundo a confusão
Invés da seara primitiva,
Parasita nociva levantou-se do chão
E a pobre humanidade sem luz, sem liberdade,
Do abismo, resvalou na escuridão.
Depois , o ódio, a inquisição, a guerra
O humano sangue enxovalhando a Terra
Onde a fraternidade, a justiça, o amor
Velaram-se de tétrica ignorância
No turvo manto da sinistra cor.
Os anos passaram lentamente
Foram profusamente espalhadas pedras de tropeço
Na estrada luminosa do progresso
E ainda hoje, caminha cega a humanidade
Porque nos olhos traz cerrada venda
Que tolda a luz sublime da verdade
Mas a promessa? Acaso falharia
A promessa do filho de Maria
Do Ungido do Senhor?
Não, aí está combatendo o despotismo do clero
O espiritismo com palavras de amor
Ressurge o verdadeiro cristianismo
Eis o consolador!
Os tempos são chegados
No levante, um clarão fulgurante
Anuncia o raiar de nova aurora
Cai o orvalho do céu, a chuva desce,
A Seara reverdece
E há de florir , como floriu outrora!
(Texto recebido em email de Marisa Cajado, Guarujá, SP)
Divino Pastor. Pintura por Marisa Cajado, Guarujá, SP
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