DRA. SIMONI PRIVATO GOIDANICH
A entrevistada Dra. Simoni Privato Goidanich é diplomata que reside presentemente em Quito, no Equador. Paulistana, casada com o também diplomata Roberto Goidanich, de familia católica, veio a conhecer o Espiritismo aos 17 anos de idade, passando a trabalhar na FEESP- Federação Espírita do Estado de São Paulo. É autora de livros e tem prestado grande folha de trabalho ao movimento espírita internacional pelos países por onde tem transitado em sua bela carreira.
Simoni, poderia nos fazer sua apresentação?
Nasci em 28 de agosto de 1969, na cidade de São Paulo, onde morei até completar 24 anos de idade, quando ingressei na carreira diplomática. Durante o concurso do Ministério das Relações Exteriores, conheci meu marido Roberto Goidanich, também diplomata brasileiro. Temos dois filhos: Rafael, nascido em Brasília, e Juliana, natural de Boston, Estados Unidos.
Qual a sua formação acadêmica e profissional?
Graduei-me em Direito pela Universidade de São Paulo, obtive o Mestrado em Direito Internacional pela mesma Universidade, realizei um curso de extensão universitária, na área de Governo, na Harvard University. Paralelamente, estudei, por vários anos, três idiomas: francês, inglês e espanhol. Trabalhei na área jurídica na Capital paulista até 1994, quando passei a ser diplomata de carreira.
Desde quando é e como se tornou espírita?
Meus pais eram católicos, batizaram-me em Aparecida do Norte e, durante minha infância, recebiam semanalmente para jantar, em nossa casa, o padre da paróquia onde morávamos. Sempre tive grande respeito pelo Catolicismo, assim como por todas as demais religiões. Mas jamais fui católica. Desde pequena, tinha a intuição de que deveria estudar o Espiritismo. Várias vezes, via Espíritos. Antes mesmo de aprender a ler, vinha-me à mente o nome de Allan Kardec. Somente quando comecei a trabalhar na assessoria jurídica da Associação Paulista de Medicina, com a idade de 17 anos, conheci os primeiros espíritas e, assim que me falaram de Espiritismo, pedi-lhes que me levassem ao centro que freqüentavam. Era a Federação Espírita do Estado de São Paulo. Assisti a uma palestra pública e, no dia seguinte, matriculei-me no curso da FEESP. Enquanto morei no Brasil, aproveitei para estudar a Doutrina e iniciar-me em algumas tarefas doutrinárias. Mas tem sido no exterior onde tenho mais trabalhado no campo doutrinário devido às imensas necessidades da seara estrangeira.
Como tem sido sua trajetória pela diplomacia?
Fui aprovada na primeira vez que prestei o concurso para a carreira diplomática, em 1994. Inicialmente, trabalhei na área de direitos humanos do Itamaraty. Posteriormente desempenhei funções na área de imprensa, de cooperação técnica e de serviço consular. A serviço do Governo brasileiro, morei em Buenos Aires, Boston, Washington, Montevidéu e Quito.
Em que país se encontra presentemente, a que casa espírita está vinculada e quais atividades nela desenvolve?
Desde 2007, resido em Quito, Equador. Quando cheguei não havia centro espírita, o que me obrigava a fazer um vôo internacional, ao Peru ou à Colômbia, para poder participar de atividades doutrinárias. Aproveitei o isolamento em Quito para dedicar-me mais aos estudos doutrinários e, no segundo semestre de 2007, concluí nosso primeiro livro espírita, intitulado Pases a la Luz del Espiritismo, escrito com Carlos Campetti, que residia, naquela ocasião, em Seul. O livro foi divulgado no Congresso Espírita Mundial, em Cartagena, Colômbia, e tem tido uma receptividade muito grande nos países de língua espanhola. Em 2008, durante o Encontro Espírita Peruano, lancei o livro Oratoria a la Luz del Espiritismo, cuja primeira edição está praticamente esgotada. Em junho de 2008, fiz uma campanha de divulgação por Internet para localizar interessados em estudar a Doutrina Espírita, o que resultou na formação do Centro de Estudios Espíritas Allan Kardec de Quito, o primeiro centro espírita da Capital equatoriana e o primeiro a ser legalizado em todo o país. O Centro de Estudios Espíritas Allan Kardec de Quito tem realizado atividades pioneiras de estudo e de divulgação doutrinária na região, onde o Espiritismo era totalmente desconhecido e muito mal visto, devido aos preconceitos locais.
O trabalho doutrinário no exterior exige muita dedicação e boa vontade, porque, devido às grandes necessidades, somos convocados a servir em várias frentes, desde a condução de grupos de estudo doutrinário, atendimento fraterno, passes, conferências, assistência e promoção social até atividades administrativas, contábeis e legais.
Sua atuação profissional concorreu positivamente para o trabalho espírita?
A carreira diplomática tem sido muito favorável ao trabalho espírita que realizamos, sobretudo no campo da divulgação doutrinária. Entre outros motivos, permite que eu resida em países estrangeiros, viaje, aprenda a cultura de nossos irmãos no exterior, compreenda melhor a visão deles para poder transmitir-lhes a Doutrina Espírita de uma maneira mais compreensível segundo as peculiaridades locais.
Poderia nos falar da sua atuação no Movimento Espírita por onde passou?
Para atuar no movimento espírita, seja onde for, é fundamental cumprir verdadeiramente o compromisso de estudar, de maneira séria, a Doutrina Espírita e de realizar esforços perseverantes para nossa reforma moral. Tenho procurado cumprir esse compromisso em todos os lugares por onde passo, o que inclui também o mais profundo respeito pelos movimentos espíritas de cada país, especificamente pelo trabalho doutrinário realizado por nossos irmãos no exterior. Assim sendo, jamais procuro assumir uma posição de preponderância ou de superioridade. Estimulo os trabalhadores existentes, bem como procuro auxiliar a formação de novos trabalhadores e, particularmente, de líderes espíritas. Nos Estados Unidos, no Uruguai e no Equador, ajudei a formar novos centros espíritas e, enquanto estou residindo em determinado país, desempenho todas as tarefas doutrinárias necessárias em cada localidade (direção de reuniões de estudo doutrinário e mediúnicas, fluidoterapia, assistência e promoção social espírita, divulgação doutrinária, etc.), sempre com o enfoque de capacitar e formar outros trabalhadores e multiplicadores.
Tem obras escritas?
No campo acadêmico, tenho duas obras escritas: A Amazônia sob o prisma do Direito Internacional e Amazônia: internacionalização e cooperação. Além de artigos publicados em revistas espíritas, escrevi os livros: Pases a la Luz Del Espiritismo (em co-autoria com Carlos Roberto Campetti), Oratoria a La Luz Del Espiritismo, bem como a trilogia Revista Espírita –Periódico de Estudios Psicológicos: Colección de Textos de Allan Kardec (que contém textos, quase todos, inéditos em espanhol, traduzidos diretamente do original em francês, que foram publicados pelo Codificador na Revue Spirite).
Como tem visto a expansão da Doutrina Espírita por onde tem passado?
A Doutrina Espírita tem-se expandido muito em vários países e continentes. O grande desafio é que a expansão seja não apenas quantitativa, mas também qualitativa. A semente é excelente, a terra é necessitada e fértil. Necessitaremos sempre de jardineiros fiéis, verdadeiramente comprometidos com o estudo sério da Doutrina Espírita e com sua própria transformação moral, pois, como sabemos, o principal instrumento de divulgação doutrinária é o exemplo.
Qual a mensagem que gostaria de deixar no encerramento desta entrevista?
O estudo sério e continuado da Doutrina Espírita oferece-nos as respostas para as inquietudes mais profundas da humanidade: é o encontro da verdade, tão procurada em todos os tempos. Entretanto, não basta encontrar e conhecer a verdade: é necessário assumi-la sinceramente, vivenciando seus ensinamentos na vida diária. A Doutrina Espírita não é uma religião formal, segundo a qual seria suficiente o mero cumprimento de formalidades exteriores. É uma proposta de vida, que realmente devemos interiorizar para que sejamos verdadeiros espíritas e contribuamos efetivamente para o progresso espiritual da humanidade.
www.estudiosespiritas.blogspot.com
LEGENDA DAS FOTOS DO ACERVO PARTICULAR DE SIMONI PRIVATO GOIDANICH:
Seminário para trabalhadores espíritas na Colômbia; com Divaldo, durante o 15 aniversário do Centro de Estudios Espíritas Juana de Ángelis, em Cartagena, Colômbia; "Movimento Você e a Paz", em Salvador; autografando o livro "Pases a la Luz del Espiritismo"; capa da primeira edição de "Oratoria a la Luz del Espiritismo"; capa de "Pases a la Luz del Espiritismo"; capa do livro "Revista Espírita - Periódico de Estudios Psicológicos 1858-1861: Colección de Textos de Allan Kardec"; capa do livro "Revista Espírita - Periódico de Estudios Psicológicos 1862-1865: Colección de Textos de Allan Kardec.
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